Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs): Sífilis
- siteconscienciaufr
- 11 de mar.
- 4 min de leitura
Atualizado: 12 de mar.
Doença espanhola, prurido napolitano, mal francês, bouba, sarampo da Índia, varíola francesa…
Você reconhece algum desses nomes? Não?
Antigamente, a Sífilis era denominada por todos esses apelidos, até que Girolamo Fracastoro batizou a peste em seu poema latino Syphilis Sive Morbus Gallicus (“A sífilis ou mal gálico”). Ele narra a história de Syphilus, um pastor que amaldiçoou o deus Apolo e foi punido com o que seria a doença sífilis.
Vem comigo conhecer um pouco mais dessa doença!
A sífilis é uma infecção causada pela bactéria Treponema Pallidum, gênero Treponema, da família dos Treponemataceae, não é uma bactéria cultivável por meio de cultura e possui forma espiralada.
Como acontece sua transmissão?
Os contágios mais comuns podem acontecer por via sexual, chamada sífilis adquirida e pela placenta da mãe para o feto, chamada de sífilis congênita. As formas de transmissão mais raras acontecem via objetos contaminados ou tatuagem e transfusão sanguínea.
Sífilis primária, secundária e terciária: como identificar?
Existem três estágios principais da Sífilis: primária, secundária e terciária.
A Sífilis primária é o estágio inicial da doença, onde ocorre o aparecimento de uma pápula cor de rosa que pode evoluir para um vermelho mais intenso. É habitualmente local e pode ser encontrada em regiões genitais, boca, língua e região mamária.

Imagem: Efeito da Sífilis Primária na região bucal
O organismo da bactéria possui crescimento lento, então o tempo entre o contágio e o aparecimento de lesões no sítio local é cerca de 3 semanas. Em geral, as lesões não doem, não coçam, não ardem e não têm pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha; sendo que elas desaparecem sozinhas, independentemente de tratamento.
O estágio secundário é conhecido como síndrome crônica da sífilis, onde há disseminação das manifestações para diversas regiões do corpo. Entre os sintomas incluem: dor, lesões nas palmas das mãos e nos pés, erupções nas mucosas, entre outros.

Imagem: Efeito da Sífilis Secundária na palma da mão
Você sabia?
A reação Jarisch-Herxheimer (JHR) é muito comum no estágio secundário e está associada a reações febris após o primeiro contato com a penicilina e pode piorar o quadro das lesões.
Já o estágio terciário tem como características: lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas. Uma pessoa pode ter sífilis e não saber, isso porque a doença pode aparecer e desaparecer, mas continua latente no organismo.

Imagem: Efeito da Sífilis Terciária no Crânio de um paciente
Então, como funciona o diagnóstico e o esquema terapêutico para Sífilis no Brasil?
O diagnóstico laboratorial da sífilis e a escolha dos exames laboratoriais mais adequados deverão considerar a fase evolutiva da doença.
A classificação entre testes treponêmicos e não-treponêmicos também é importante, posto que ela ajuda a determinar o estágio da infecção, a orientar o tratamento apropriado e a monitorar a resposta ao tratamento, além de distinguir entre infecções atuais e passadas e evitar resultados falso-positivos ou falso-negativos que poderiam impactar o diagnóstico e o manejo clínico da sífilis.
Os testes treponêmicos tem como objetivo detectar anticorpos específicos contra o bacilo patogênico causador da Sífilis. Sua especificidade é alta, pois são menos propensos a resultados falso-positivos causados por outras condições e sua permanência geralmente é longa, mesmo após o tratamento bem-sucedido. Como exemplo: FTA-ABS (Fluorescent Treponemal Antibody Absorption).
Por outro lado, os não treponêmicos detectam anticorpos não específicos que são produzidos em resposta, mas não exclusivos contra o treponema. Sua especificidade é pequena, pois doenças autoimunes, infecções virais ou gravidez podem gerar falso-positivos. Após o tratamento, o título dos anticorpos tende a cair, o que permite o monitoramento da resposta ao tratamento.
Como buscar ajuda?
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente o diagnóstico e tratamento da sífilis. Se você suspeita que possa ter contraído a doença, é fundamental procurar ajuda médica o mais rápido possível.
DIAGNÓSTICO
O Teste Rápido para Sífilis (TRS) é um prodecimento simples e indolor capaz de detectar a presença da bactéria em até 30 minutos.
TRATAMENTO
O medicamento utilizado nas unidades do SUS é a penicilina benzatina (Benzetacil), um antibiótico seguro e específico para combater a bactéria causadora da doença
PREVENÇÃO
Por se tratar de uma infecção sexualmente transmissível, a melhor maneira de se prevenir é fazendo o uso correto e regular de métodos de barreira nas relações sexuais, como camisinha masculina ou feminina.
MOMENTO CINEMA!
Como sugestão, o filme A Vida do Dr. Ehrilch (1940) conta a história do médico e pesquisador alemão que lutou para desenvolver tratamento e cura para a sífilis.
MOMENTO QUIZ!
A partir do artigo Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle selecionamos DUAS perguntas super legais para o nosso Quiz com base no que você aprendeu aqui hoje!
1) Os testes treponêmicos são atualmente são utilizados principalmente:
a) na confirmação dos casos de sífilis
b) no diagnóstico da neurossífilis
c) no controle da cura dos casos de sífilis
d) na triagem de casos de sífilis.
2) A escolha da penicilina benzatina como droga padrão do tratamento da sífilis deve-se principalmente a:
a) baixo custo de produção
b) pequena incidência de efeitos colaterais
c) capacidade de atravessar a barreira hematotoencefálica
d) manter níveis terapêuticos por longo período
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde e Meio Ambiente. Boletim epidemiológico. Sífilis 2023. Brasília, DF, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/especiais/2023/boletim-epidemiologico-de-sifilis-numero-especial-out.2023 Acesso em: 01 setembro 2024
[2] Hook, E. W. 3rd. Syphilis. The Lancet, v. 389, n. 10078, p. 1550-1557, 15-21 abr. 2017.
[3] BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
[4] UPTODATE. Syphilis: treatment and monitoring. UpToDate, 2025. Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/syphilis-treatment-and-monitoring#. Acesso em: 12 mar. 2025.
[5] SILVA, Maria. História da sífilis: os deuses e a cura pela penicilina. Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis, 2022. Disponível em: https://dstbrasil.org.br/historia-da-sifilis-os-deuses-e-cura-pela-penicilina/. Acesso em: 28 ago. 2024.
[6] SÍFILIS. Manuais MSD edição para profissionais. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doenças-infecciosas/infecções-sexualmente-transmissíveis/sífilis?ruleredirectid=762. Acesso em: 12 mar. 2025.
[7] Regazzi Avelleira JC, Bottino G. Sífilis: diagnóstico, tratamento e controle. An Bras Dermatol. 2006 Mar;81(2):81-93. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0365-05962006000200002
Acesso em: 15 set. 2024
MDSAÚDE. Sífilis: fotos e imagens. MDSaúde, 2025. Disponível em: https://www.mdsaude.com/doencas-infecciosas/dst/sifilis-fotos/. Acesso em: 12 mar. 2025.
[9] MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sífilis: Estratégias para Diagnóstico no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, Coordenação de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, 2010. 100 p
Comments