A candidíase é uma condição de saúde que tem sido alvo de tabus e desinformação por muitos anos. É uma das infecções fúngicas mais comuns no mundo. Ela pode afetar pessoas de todas as idades e ambos os sexos, embora seja mais comum em mulheres. Acompanha o texto que vamos esclarecer os mitos e informações sobre a doença.
É uma infecção causada pelo fungo Cândida, mais comumente pela espécie Candida albicans. Existem outras espécies do fungo que também são associadas a infecções em humanos. É importante notar que a maioria das pessoas abriga esses fungos de forma natural em seu corpo, especialmente o Candida albicans, mas a infecção ocorre quando há um crescimento excessivo e descontrolado dessas espécies em ambientes propícios, como pele, boca, intestinos e genitais. Infecções cutâneas podem ocorrer em áreas úmidas do corpo, como axilas, virilhas e sob os seios.
Curiosidade
O nome "Cândida" deriva do termo que vem do latim "candidus", que significa "branco". Isso porque algumas espécies desse fungo podem produzir colônias brancas em meios de cultura.
Transmissão
Pode ocorrer de diversas maneiras. O contato direto com uma pessoa infectada é uma das principais formas, mas também pode ocorrer através do uso de objetos contaminados, como roupas íntimas ou toalhas. As principais formas de transmissão incluem:
Transmissão sexual: contato íntimo com um parceiro infectado, especialmente durante a relação sexual desprotegida.
Uso de objetos contaminados: compartilhar roupas íntimas, toalhas, escovas de cabelo e objetos pessoais com uma pessoa infectada.
Transmissão mãe-filho: bebês podem adquirir candidíase durante o parto, se a mãe estiver infectada.
Fatores que facilitam a contaminação
Uso de antibióticos: o uso prolongado desses medicamentos pode alterar o equilíbrio da flora bacteriana no corpo, favorecendo o crescimento excessivo do fungo Cândida.
Sistema imunológico enfraquecido: pessoas com imunidade comprometida, como aquelas com HIV/AIDS, câncer ou que passaram por transplante de órgãos, têm maior suscetibilidade à candidíase.
Diabetes não controlada: a alta taxa de glicose no sangue pode criar um ambiente propício para o crescimento do fungo.
Uso de corticoides: o uso prolongado desses medicamentos pode aumentar o risco de candidíase, uma vez que eles podem suprimir o sistema imunológico.
Descuido com a higiene pessoal: a falta de higiene adequada, especialmente em áreas úmidas e quentes do corpo, pode favorecer a proliferação do fungo.
Contato com ambientes úmidos: permanecer por longos períodos em roupas de banho molhadas ou em ambientes quentes e úmidos pode facilitar o crescimento do fungo na pele.
Sintomas
Podem variar dependendo da área afetada. Geralmente, os sinais da doença incluem:
Coceira intensa;
Vermelhidão e inchaço na pele ou mucosas afetadas;
Nas infecções genitais, pode ocorrer um corrimento branco, semelhante a leite coalhado, acompanhado de odor desagradável;
Ardência e dor;
A candidíase oral (sapinho) pode se manifestar através de placas brancas na boca e língua;
Desconforto durante a relação sexual ou ao urinar;
Nas infecções cutâneas, podem surgir rachaduras e descamação na pele afetada;
A candidíase esofágica pode causar dor e dificuldade ao engolir alimentos;
Em infecções sistêmicas, onde o fungo entra na corrente sanguínea, podem ocorrer sintomas mais graves, como fadiga e mal-estar geral;
A coceira intensa pode levar ao aumento das lesões, causando feridas e irritações secundárias.
É importante ressaltar que os sintomas podem variar de pessoa para pessoa, e nem todos os indivíduos infectados com Cândida apresentarão todos esses sinais.
Prevenção
Manter a higiene adequada com água e sabão suave, especialmente nas regiões íntimas e áreas de dobras da pele.
Evitar roupas apertadas, para dificultar o acúmulo de umidade.
Trocar roupas úmidas após nadar ou praticar atividades físicas que causam suor ou se pegar uma chuva daquelas.
Use antibióticos somente quando prescritos adequadamente por um profissional.
Evite o uso excessivo de produtos de higiene, pode perturbar o equilíbrio natural da flora vaginal.
Use preservativo nas relações sexuais.
Tratamento
Pode variar conforme a gravidade da infecção. Para casos leves, medicamentos antifúngicos tópicos podem ser suficientes. Já infecções recorrentes ou mais graves podem exigir o uso de antifúngicos orais. Os principais medicamentos utilizados são:
Fluconazol: antifúngico oral amplamente utilizado para tratar infecções fúngicas, incluindo a candidíase.
Nistatina: disponível em forma de creme, pomada ou solução oral, frequentemente usado para tratar candidíase oral ou infecções cutâneas.
Cetoconazol: encontrado na forma de creme, xampu ou comprimidos, utilizado para tratar a candidíase cutânea ou no couro cabeludo.
Itraconazol: utilizado para tratar casos mais graves de candidíase ou quando outros medicamentos não são eficazes.
É importante ressaltar que o tratamento da candidíase deve ser orientado por um profissional de saúde, que irá avaliar o quadro clínico do paciente e prescrever o medicamento mais adequado, bem como a dosagem e duração do tratamento.
Candidíase no Homem
Embora seja mais comum em mulheres, os homens também podem ser afetados pela candidíase genital. Os sintomas incluem coceira, vermelhidão e irritação na área genital.
Candidíase na Gravidez
Durante a gestação, devido às mudanças hormonais, o pH vaginal pode se tornar menos ácido, criando um ambiente mais propício para o crescimento da Cândida. O tratamento durante a gravidez deve ser conduzido com cuidado, buscando opções seguras para o bebê. Candidíase Recorrente
Nesses casos, é essencial investigar as possíveis causas subjacentes, como problemas de imunidade ou diabetes.
Candidíase e Estresse
O estresse pode afetar negativamente o sistema imunológico, tornando o corpo mais suscetível a infecções fúngicas, incluindo a candidíase.
Diagnóstico da Candidíase
É geralmente diagnosticado com base nos sintomas e exame físico. Em alguns casos, pode ser necessário realizar um exame laboratorial para confirmar a presença do fungo.
Conclusão
A conscientização sobre a prevenção da infecção e a implementação de programas de educação em saúde são cruciais para controlar a propagação da doença e melhorar a saúde pública no contexto da candidíase.
Referências
[1] ALEIXO NETO, Antônio; HAMDAN, Júnia Soares; SOUZA, Ressalla Castro. Prevalência de cândida na flora vaginal de mulheres atendidas num serviço de planejamento familiar. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 21, p. 441-445, 1999.
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[4] NAVES, Plínio Lázaro Faleiro et al. Novas abordagens sobre os fatores de virulência de Candida albicans. Revista de Ciências Médicas e Biológicas, v. 12, n. 2, p. 229-233, 2013.
[5] NICOLODI, Maria Antônia Dutra; DANIELLI, Germano. UM PANORAMA SOBRE OS MECANISMOS DE RESISTÊNCIA DA CÂNDIDA ALBICANS E O TRATAMENTO DA CANDIDÍASE RECORRENTE. RECIMA21-Revista Científica Multidisciplinar-ISSN 2675-6218, v. 4, n. 3, p. e432867-e432867, 2023.
ESCRITO POR: Carolina Rodrigues Monteiro Barros (aluna de graduação em Farmácia - UFRJ)
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