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O QUE É DIABETES?
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a diabetes é uma doença crônica em que o corpo deixa de produzir insulina ou não consegue usá-la de forma eficaz. A insulina é um hormônio fundamental, pois regula os níveis de glicose, mais conhecido como “açúcar”, no sangue. Ela permite que as células absorvam a glicose e a convertam em energia para o funcionamento e manutenção do organismo. Assim, a insulina é essencial para o metabolismo, garantindo o aproveitamento da glicose obtida na alimentação e mantendo o equilíbrio energético do corpo.
Embora as causas exatas da diabetes ainda não sejam totalmente conhecidas e não exista uma cura definitiva, adotar um estilo de vida saudável é a melhor maneira de reduzir os riscos. Isso inclui uma alimentação equilibrada, prática regular de atividades físicas e a redução do consumo de álcool e tabaco. Essas mudanças ajudam a controlar fatores de risco, mesmo sem uma causa específica conhecida para a condição.
De acordo com dados da décima edição do Atlas da Diabetes, publicada pela Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), atualmente, 537 milhões de pessoas em todo o mundo têm diabetes, condição que está frequentemente ligada a fatores evitáveis, como obesidade e sedentarismo. Entre 2019 e 2021, registrou-se um aumento de 74 milhões de novos casos. No Brasil, a SBD estima que mais de 13 milhões de pessoas convivem com a doença, o que representa cerca de 6,9% da população. Esses números mostram a importância de medidas preventivas para reduzir o risco e o impacto da diabetes na saúde global.
Quais são os tipos de diabetes?
Tipo 1: Afeta entre 5-10% das pessoas com diabetes no Brasil e ocorre quando o organismo deixa de produzir insulina. Em algumas pessoas, o sistema imunológico ataca as células beta do pâncreas, resultando em pouca ou nenhuma liberação de insulina. Isso faz com que a glicose permaneça no sangue, sem ser usada como fonte de energia para os tecidos. Embora seja mais comum na infância e adolescência, o tipo 1 também pode ser diagnosticado em adultos.
Tipo 2: Representa cerca de 90% dos casos de diabetes. Acontece quando o corpo não consegue usar a insulina de forma eficiente ou não produz o suficiente para manter o controle dos níveis de glicose. Esse tipo é mais frequente em adultos, mas também pode ocorrer em crianças, especialmente quando há fatores como sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos altos, hipertensão e alimentação inadequada.
Diabetes gestacional: Durante a gravidez, algumas mulheres desenvolvem diabetes temporário devido a alterações hormonais. A placenta pode reduzir a ação da insulina, e, para compensar, o pâncreas aumenta a produção desse hormônio. No entanto, em algumas mulheres, essa adaptação não ocorre adequadamente, resultando em diabetes gestacional. Esse tipo afeta entre 2 e 4% das gestantes e aumenta o risco de diabetes para a mãe e o bebê no futuro.
Pré-diabetes?
O termo pré-diabetes é usado quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas não o suficiente para um diagnóstico de diabetes tipo 1 ou tipo 2. É um sinal de alerta do organismo, geralmente presente em indivíduos obesos, hipertensos e/ou com alterações nos níveis de lipídios.
É importante destacar que 50% dos pacientes nesse estágio ‘pré’ vão desenvolver a doença. O pré-diabetes é especialmente importante por ser a única etapa que ainda pode ser revertida ou mesmo que permite retardar a evolução para a diabetes e suas complicações.
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento da pré-diabetes incluem:
Pressão arterial elevada
Altos níveis de LDL (o "mau" colesterol) e triglicérides e/ou baixos níveis de HDL (o "bom" colesterol)
Excesso de peso, especialmente quando a gordura se acumula na região da cintura
QUAIS SÃO OS SINTOMAS?
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Os principais sintomas da diabetes incluem fome excessiva, sede intensa e vontade frequente de urinar:
Fome excessiva (polifagia): Como o corpo tem dificuldade em usar a glicose devido à baixa eficácia da insulina, ele não consegue aproveitar o açúcar disponível no sangue para gerar energia. Isso gera uma sensação constante de fome, pois o organismo busca mais energia para compensar a glicose não absorvida.
Sede intensa e urina frequente (polidipsia e poliúria): O excesso de glicose no sangue precisa ser eliminado, e os rins ajudam a excretá-la junto com muita água, aumentando a frequência urinária. Como resultado, a pessoa fica desidratada, o que leva a uma sede constante.
Outros sintomas:
A fadiga extrema, cansaço, sono excessivo, falta de energia e tonturas são comuns em pessoas com diabetes, resultando da desidratação e da incapacidade das células em obter glicose suficiente. Já a visão embaçada ocorre devido ao inchaço do cristalino, causado pelo excesso de glicose, que altera sua forma e flexibilidade, dificultando o foco.
Além disso, feridas e lesões – especialmente nos membros inferiores – demoram a cicatrizar. O excesso de glicose afeta a circulação, reduzindo o transporte de oxigênio e nutrientes e comprometendo a função das células responsáveis pela regeneração dos tecidos, o que prejudica a formação de novos vasos sanguíneos e dificulta o processo de cicatrização.
Como reconhecer os sintomas da diabetes gestacional?
A diabetes gestacional pode ocorrer em qualquer gestante e, muitas vezes, seus sintomas passam despercebidos. Por isso, é recomendado que todas as grávidas verifiquem os níveis de glicose em jejum a partir da 24ª semana de gestação (início do 6° mês) e realizem, especialmente, o teste oral de tolerância à glicose (TTGO), que mede a glicemia após a ingestão de glicose.
Além disso, reconhecer os fatores de risco nesse período é fundamental para suspeitar de um possível quadro:
Idade materna avançada;
Ganho de peso excessivo durante a gravidez;
Sobrepeso ou obesidade;
Síndrome dos ovários policísticos;
Histórico de bebês grandes (acima de 4 kg) ou de diabetes gestacional;
Histórico familiar de diabetes em parentes de primeiro grau (como pais e irmãos);
Histórico de diabetes gestacional na mãe da gestante;
Hipertensão durante a gestação;
Gestação múltipla (como gravidez de gêmeos).
COMPLICAÇÕES DA DIABETES
Cetoacidose Diabética:
A cetoacidose diabética ocorre quando os níveis de glicose no sangue estão extremamente elevados e estão acompanhados por um aumento na concentração de cetonas no sangue.
Quando há deficiência de insulina, duas situações acontecem ao mesmo tempo: o nível de açúcar no sangue aumenta, e as células enfrentam uma escassez de energia. Para manter o funcionamento celular, o corpo passa a utilizar suas reservas de gordura como fonte de energia. Esse processo, conhecido como cetogênese, leva à formação de cetonas.
As cetonas são substâncias ácidas que desestabilizam o pH do sangue, causando um desequilíbrio na composição sanguínea. Um dos principais sintomas provocados por elas é um aroma frutado característico no hálito, uma vez que as cetonas exalam pelo ar. Outros sintomas também incluem náuseas, vômitos, dor abdominal e micção excessiva. Se não tratado, esse quadro de cetoacidose pode levar a complicações graves, como desidratação severa, dificuldade respiratória, danos aos órgãos, coma e até risco de morte. Seu tratamento envolve a reposição de líquidos e eletrólitos e insulina por via intravenosa.
Neuropatia Diabética:
A neuropatia periférica diabética (NPD) é uma complicação precoce da diabetes causada pela hiperglicemia crônica. Esse problema afeta os nervos periféricos, responsáveis por transmitir informações entre o cérebro, a medula espinhal e o resto do corpo, mas pode se manter sem sintomas em cerca de metade das pessoas afetadas por vários anos.
Quando esses nervos são danificados, as informações entre o cérebro e o corpo deixam de ser transmitidas corretamente. Esse dano acontece porque a glicemia elevada compromete o metabolismo celular e dificulta a eliminação de radicais livres, prejudicando principalmente os neurônios. Os principais sintomas incluem:
Dor constante e contínua;
Sensação de queimadura e ardência;
Formigamento;
Dor que surge sem motivo aparente;
Sensibilidade exagerada, onde estímulos leves, como uma picada de alfinete, causam dor intensa;
Dor ao toque, mesmo que normalmente não seja doloroso.
Em uma fase mais avançada, a sensibilidade protetora é reduzida. A dor, antes intensa com pouco estímulo, diminui, aumentando o risco de ferimentos que podem passar despercebidos, como queimaduras ou cortes. Essa perda de sensibilidade é um dos fatores que eleva o risco de amputação em pessoas com diabetes.
Outros sinais da NPD incluem redução da produção de suor, levando a pele mais seca e sensível a rachaduras. O diagnóstico pode ser feito com exames simples, geralmente focados nos pés.
Não há medicamentos que revertam os danos da NPD, e, uma vez instalada, ela é geralmente irreversível. O tratamento visa desacelerar o avanço e evitar complicações, como insônia, depressão e úlceras nos pés. Medidas preventivas importantes incluem controle da glicemia, exame diário dos pés e uso de hidratantes para a pele.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de diabetes mellitus (DM) pode ser instigado pelos sinais e sintomas sugestivos de hiperglicemia no paciente, como cansaço, infecções recorrentes, visão turva, noctúria (vontade frequente de urinar à noite), má cicatrização de feridas. Para o diagnóstico podem ser usados a glicemia plasmática de jejum (GJ), o teste de tolerância à glicose por via oral (TTGO) e a hemoglobina glicada (HbA1c). O TTGO consiste em uma glicemia realizada após uma hora (TTGO-1h) ou duas horas (TTGO-2h) de uma sobrecarga de 75 gramas de glicose por via oral.
TRATAMENTO
A diabetes não tem cura, mas pode ser controlada com o uso de medicamentos e mudanças no estilo de vida, variando conforme o tipo:
Pré-diabetes: Para quem está em fase de pré-diabetes, o foco é na mudança de estilo de vida, como perda de peso com dieta saudável e aumento da atividade física. Em alguns casos, como para pessoas obesas, idosos (acima de 60 anos) e mulheres com histórico de diabetes gestacional, o uso da metformina também é recomendado.
Diabetes tipo 1: O tratamento inclui aplicações diárias de insulina, além de medicamentos, planejamento alimentar e prática de atividades físicas para manter a glicose sob controle.
Diabetes tipo 2: Em casos mais leves, a diabetes tipo 2 pode ser gerenciada com dieta e exercícios focados na perda de peso. Para casos mais graves, é necessário o uso de insulina e/ou outros medicamentos para controle glicêmico, como metformina e sulfonilureias (ex.: glicazida e glibenclamida).
Diabetes gestacional: Para a diabetes durante a gravidez, o controle inclui uma orientação nutricional individualizada e atividade física (se não houver contraindicações). A insulina é a primeira escolha de tratamento, pois é segura e eficaz para o controle da glicemia na gestação, além de não atravessar a placenta. A metformina pode ser considerada como opção, embora mais estudos sejam necessários para avaliar a segurança de seu uso a longo prazo para o bebê exposto a ela no útero.
REFERÊNCIAS
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ESCRITO POR: Caroline Menezes do Amaral Macedo (aluna de graduação em Farmácia - UFRJ)
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