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De onde vêm os antibióticos?

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Os antibióticos são compostos responsáveis pela morte ou pela inibição do crescimento de bactérias. Apesar destes microrganismos terem sido identificados pelo cientista Anton van Leeuwenhoek em meados de 1670 com o advento do microscópio, apenas no século XIX foram considerados como possíveis causadores de infecções, tais como tuberculose, cólera e febre tifoide. Logo iniciaram-se as pesquisas e o desenvolvimento de substâncias químicas que pudessem combater esses processos infecciosos.1

O primeiro antibiótico de origem sintética foi a arsfenamina, apresentada em 1910 com o nome comercial de Salvarsan; desenvolvido por Paul Ehrlich, foi utilizado contra sífilis.1–3 Entretanto, o primeiro agente eficaz contra infecções bacterianas sistêmicas foi o prontosil, cuja atividade antibacteriana foi estudada por Gerhard Domagk em 1935 e originou uma classe de antibióticos sintéticos: as sulfonamidas. Em 1938, Domagk recebeu o Prêmio Nobel de Medicina por essa descoberta.1,2

A descoberta do primeiro antibiótico natural deu-se em 1928, quando o médico Alexander Fleming notou o efeito letal do fungo Penicillium notatum sobre uma cultura da bactéria Staphylococcus aureus. Tal descoberta poderia ser uma história de novela: Fleming esqueceu uma placa de Petri contendo uma cultura bacteriana na qual, por acaso, cresceu um fungo. Quando ele retorna de suas férias de verão, ele vê que ao redor do fungo havia um halo sem crescimento da bactéria. Eureka! Seu conhecimento possibilitou entender que aquele fungo produzia uma substância capaz de inibir o crescimento da bactéria: a penicilina.1,2,4,5

Mais tarde, Ernst Boris Chain e Howard Florey foram os responsáveis pelo isolamento da penicilina pura, bem como pela análise mais detalhada das propriedades terapêuticas dessa substância. A penicilina foi introduzida como agente terapêutico nos anos 1940, motivando a pesquisa e o desenvolvimento de novos antibióticos. Esta descoberta rendeu a Fleming, Chain e Florey o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1945 e, em 1950, a quantidade de unidades fabricadas desse antibiótico chegou a mais de 200 trilhões.1,2,46

As penicilinas pertencem à classe de antibióticos β-lactâmicos, assim como as cefalosporinas. Estas foram descobertas em 1948, quando o cientista italiano Giuseppe Brotzu isolou o fungo Cephalosporium acremonium e identificou três antibióticos em seu meio: as cefalosporinas P, N e C. Constatou-se que esses antibióticos eram responsáveis por inibir o crescimento in vitro do S. aureus e curar infecções estafilocócicas e febre tifoide. Além disso, a partir da cefalosporina C, compostos semissintéticos com atividade antibacteriana muito maior foram produzidos.2

Os aminoglicosídeos também são uma classe de antibióticos naturais ou semissintéticos. Dentre os antibióticos naturais desta classe, temos: a estreptomicina, isolada de uma cepa de Streptomyces griseus; a gentamicina, derivada de espécies do gênero Micromonospora; e a tobramicina, derivada de S. tenebrarius. Exemplos de aminoglicosídeos semissintéticos são a amicacina, derivada da canamicina, e a netilmicina, derivada da sisomicina.2

Apesar da descoberta e do desenvolvimento de diversos antibióticos além dos citados acima, tanto a alta mortalidade advinda das infecções bacterianas quanto a problemática da resistência aos antibióticos justificam a urgente necessidade da busca por novos compostos com mecanismos de ação diferentes em relação aos fármacos atualmente em uso.1


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. GUIMARÃES, D. O.; MOMESSO, L. da S.; PUPO, M. T. Antibióticos: importância terapêutica e perspectivas para a descoberta e desenvolvimento de novos agentes. Química Nova, v. 33, n. 3, p. 667–679, 2010. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0100-40422010000300035>. Acesso em: 25 mar. 2023.

  2. BRUNTON, L.L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. As Bases Farmacológicas da Terapêutica de Goodman & Gilman. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2012. p. 1463–1520.

  3. Salvarsan. Museu do Universo da Farmácia, 2021. Disponível em: <https://museudouniversodafarmacia.com.br/acervo/linha-do-tempo/salvarsan/>. Acesso em: 25 mar. 2023.

  4. A penicilina e o primeiro antibiótico. Museu do Universo da Farmácia, 2021. Disponível em: <https://museudouniversodafarmacia.com.br/acervo/linha-do-tempo/a-penicilina-e-o-primeiro-antibiotico/>. Acesso em: 25 mar. 2023.

  5. YANES, J. Fleming and the Difficult Beginnings of Penicillin: Myth and Reality. BBVA OpenMind, 6 ago. 2018. Disponível em: <https://www.bbvaopenmind.com/en/science/bioscience/fleming-and-the-difficult-beginnings-of-penicillin-myth-and-reality/>. Acesso em: 3 abr. 2023.

  6. The Nobel Prize in Physiology or Medicine 1945. Nobel Prize Outreach AB. Disponível em: <https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1945/summary/>. Acesso em: 25 mar. 2023.


ESCRITO POR: Jennifer Asher Barbosa de Carvalho (aluna de graduação em Farmácia - UFRJ)

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