O que é Insulina?
A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas e tem como principal função o controle dos níveis de glicose no sangue (glicemia) após a alimentação. A insulina transporta a glicose presente no sangue até o meio intracelular para que seja utilizada como fonte de energia para nosso organismo.
A insulina também apresenta outras funções:
• a regulação do metabolismo dos carboidratos, gorduras e proteínas;
• o armazenamento da glicose no fígado, na forma de glicogênio, e no tecido adiposo, como triglicerídeos.
Quando o nível de glicose no sangue aumenta (por ex., após uma refeição), insulina é produzida pelo pâncreas, que transporta a glicose para as células e assim os níveis de glicose no sangue retornam ao normal. Se houver diminuição de glicose no sangue (Hipoglicemia), o pâncreas secreta outro hormônio, o glucagon, que age no fígado,
decompondo o glicogênio armazenado, transformando-o em glicose, a qual é liberada no sangue.
FIGURA 2: Produção de insulina (para diminuir a glicose do sangue) e glucagon (para aumentar a glicose no sangue) pelo pâncreas.
O que é o diabetes?
Quando o corpo não consegue produzir insulina de maneira eficiente, ocorre um déficit na metabolização da glicose e por consequência uma síndrome metabólica conhecida como Diabetes Mellitus, que é caracterizada por elevadas taxas de açúcar no sangue (hiperglicemia) de forma permanente. Vários sinais e sintomas da hiperglicemia podem ser observados:
FIGURA 3: Sintomas da hiperglicemia
Tipos de Diabetes Mellitus
Tipo 1 - diagnosticado principalmente em crianças e jovens, neste tipo de diabetes o organismo não é capaz de produzir insulina de maneira repentina. Sabe-se que há disposição genética para ocorrência e fatores ambientais ainda não esclarecidos. Este tipo ocorre em 5% a 10% dos diabéticos.
FIGURA 4: Quando o pâncreas não produz insulina suficiente, a glicose do sangue não consegue penetrar nas células, e assim, ocorre aumento de glicose no sangue (Hiperglicemia), caracterizando o Diabetes Mellitus. Sem energia para manter as células sem glicose, a pessoa emagrece rapidamente.
Tipo 2 - este tipo de diabetes está relacionado à resistência à insulina, diagnosticada frequentemente em adultos obesos ou com sobrepeso e histórico familiar de diabetes ou obesidade. Ocorrência em cerca de 90% dos diabéticos.
FIGURA 5: Na Diabetes tipo 2, o pâncreas produz insulina, mas a glicose não consegue entrar nas células devido à falha nos receptores de insulina nestas, o que é chamado de “resistência insulínica”.
A descoberta da Insulina
No começo do século XX, a falta crítica de insulina era causa frequente da morte de crianças e adolescentes por cetoacidose diabética, que consiste na liberação e acúmulo de cetonas pelo organismo tornando o sangue ácido. Naquela época, qualquer pessoa que desenvolvesse diabetes tipo 1 teria perda de peso de forma gradual, e posterior perda de consciência levando ao coma e morte dentro de poucos dias.
Baseado em pesquisas anteriores, sabia-se a insulina era produzida nas ilhotas de Langerhans, um grupo de células pancreáticas mais atacadas pelo quadro de Diabetes mellitus.
Em 1920, o cirurgião canadense Frederick Banting e seu auxiliar Charles Best, começaram a trabalhar no laboratório de John James Macleod, na Universidade de Toronto para isolar dutos pancreáticos de cães, de
maneira a destruir o resto do pâncreas preservando somente as ilhotas e mantendo o animal vivo para a produção do hormônio. Após a obter pela primeira vez, insulina a partir de células do pâncreas de um cachorro, trataram outro cachorro diabético com sucesso.
Em 1922, os cientistas conseguiram isolar uma insulina que era suficientemente pura para uso humano. A primeira aplicação de insulina bem-sucedida ocorreu em 11 de Janeiro de 1922, no Hospital Geral de Toronto (Canadá) no adolescente Leonard Thompson de 14 anos que saiu do coma e reduziu os altos níveis de glicose em seu sangue. No ano seguinte, laboratórios farmacêuticos já começaram a produzir insulina para pacientes de diabetes na Alemanha, Dinamarca e Áustria.
O feito rendeu o prêmio Nobel de Medicina para os cientistas Frederick Banting e John James Macleod em 1923 e salvou a vida de inúmeras pessoas desde então.
Atualmente, a insulina é produzida em escala industrial através de bactérias de recombinação genética criadas por cientistas no final dos anos 70. Além de evitar a necessidade de grandes quantidades de pâncreas animal para produção, a insulina recombinante é idêntica à humana, o que minimiza o risco de rejeição pelo paciente.
Sistema Único de Saúde (SUS) e Diabetes
Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, 6,9% da população brasileira possui diabetes, ou seja, mais de 13 milhões de pessoas convivem com a doença. Os doentes têm assegurado por meio do SUS, de maneira gratuita, o acesso à insulina humana NPH (ação prolongada) e Regular (ação rápida).
No programa de Atenção Primária a Saúde (APS) através das Unidades Básicas de Saúde (UBS), outros três medicamentos que ajudam a controlar a glicemia são gratuitos: Glibenclamida, Metformida e Gligazida.
O SUS também desenvolve ações informativas que visam a prevenção, detecção, controle e tratamento do Diabetes Mellitus.
CONCLUSÃO
O conhecimento científico adquirido sobre a insulina, trouxe a possibilidade de tratamento para uma doença que anteriormente possuía alta taxa de mortalidade. Desde sua descoberta o tratamento com insulina passou por diversas melhorias. As canetas de insulina já podem ser substituídas pelas bombas de infusão de insulina, que são mais eficazes quanto a precisão da regulação do controle glicêmico, e num futuro próximo poderá ser utilizado o pâncreas artificial. Também é cogitada a possibilidade de terapia com célula-tronco e terapia gênica.
Independentemente de todos os avanços tecnológicos já obtidos, a maior precariedade em relação ao tratamento da diabetes é a falta de informação e conscientização da população.
Referências:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/67diabetes.html#:~:text=A%20insulina%20%C3%A9%20produzida%20pelo,(hiperglicemia)%20de%20forma%20permanente
https://summitsaude.estadao.com.br/saude-humanizada/primeira-aplicacao-de-insulina-da-historia-completa-100-anos/amp/
https://summitsaude.estadao.com.br/saude-humanizada/primeira-aplicacao-de-insulina-da-historia-completa-100-anos/amp/
ESCRITO POR: Michelle Caroline Rosa Freire (aluna de graduação em Farmácia - UFRJ)
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