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Prevenção Pré e Pós-Exposição ao HIV

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Fonte: Istock

A prevenção pré e pós-exposição (PrEP e PEP) para o HIV desempenha um papel crucial na redução da transmissão do vírus da imunodeficiência humana. Essas abordagens envolvem o uso de medicamentos antirretrovirais que podem ser utilizados antes e depois da exposição ao vírus, respectivamente, e são fundamentais para diminuir o risco de infecção pelo HIV.


Mecanismos de Ação e Classificação

A PrEP compreende o uso regular de medicamentos antirretrovirais por indivíduos HIV-negativos para evitar a infecção pelo vírus. Por outro lado, a PEP é o uso desses medicamentos por pessoas HIV-negativas após uma possível exposição ao vírus, como após uma relação sexual desprotegida ou uma exposição ocupacional. Ambas as estratégias visam interromper a replicação do vírus e evitar sua disseminação no organismo.

 

PrEP

Fonte: Istock

A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) consiste na tomada regular de comprimidos, permitindo que o corpo esteja preparado para enfrentar um possível contato com o HIV. A pessoa em PrEP deve realizar acompanhamento regular de saúde, incluindo testes para o HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)

É recomendada para qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade para o HIV, incluindo aquelas que têm relações sexuais desprotegidas, histórico de IST, uso repetido de Profilaxia Pós-Exposição (PEP) ou envolvimento em contextos de relações sexuais em troca de dinheiro, drogas, moradia, etc. Para iniciar o uso da PrEP, é necessário procurar um serviço de saúde para avaliação e orientação adequadas.

A PrEP é um medicamento combinado (tenofovir + entricitabina) que funciona bloqueando certos "caminhos" que o HIV utiliza para infectar o organismo. Existem duas modalidades de PrEP: a PrEP diária e a PrEP sob demanda. Ambas as modalidades são eficazes na redução do risco de infecção pelo HIV, desde que utilizadas corretamente.

 

  • PrEP diária: envolve a tomada contínua dos comprimidos

  • PrEP sob demanda: consiste na tomada dos comprimidos apenas quando há uma possível exposição ao HIV, como uma relação sexual programada, seguindo um esquema específico de doses antes e após a relação sexual, como representado abaixo.

Fonte: própria, baseada no esquema do Ministério da Saúde

Fonte: Istock

A profilaxia deve ser considerada para pessoas a partir dos 15 anos, com peso corporal igual ou superior a 35 kg, sexualmente ativas e com risco aumentado de infecção pelo HIV. A eficácia da PrEP já foi confirmada em diversos estudos clínicos e subpopulações.

Estudos indicam que mulheres HIV-negativas, que desejam engravidar de um parceiro soropositivo ou enfrentam situações frequentes de risco de exposição ao HIV, podem usar a PrEP de maneira segura durante a gravidez e amamentação para proteger a si mesmas e ao bebê.

Além disso, a PrEP não interfere na eficácia dos contraceptivos e repositores hormonais, e vice-versa.


Fonte: Istock

A eficácia da PrEP depende da adesão rigorosa ao tratamento e do acompanhamento regular com o profissional da saúde. Além disso, é importante realizar testes regulares para o HIV e outras ISTs, pois a PrEP não oferece proteção completa contra todas as infecções sexualmente transmissíveis. Outras formas de proteção às ISTs devem ser utilizadas conjuntamente.


Em qual período a PrEP começa a ter efeito? 

É recomendado tomar uma dose de pelo menos dois comprimidos de 2 a 24 horas antes da atividade sexual para garantir a presença adequada dos fármacos no organismo, e depois um comprimido a cada 24h para garantir a manutenção dos níveis ideais dos fármacos


PEP

A PEP representa uma medida de prevenção de emergência destinada a ser empregada em circunstâncias de risco de contrair o HIV, além de oferecer proteção específica contra o vírus da hepatite B e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs). É indicada após qualquer evento em que exista a possibilidade de contágio, como:

Fonte: Istock
  • Agressão sexual;

  • Relações sexuais desprotegidas;

  • Acidentes ocupacionais (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com fluidos biológicos).


O protocolo da PEP consiste na administração de dois comprimidos. Um deles contém os fármacos tenofovir e lamivudina, enquanto o outro, dolutegravir. Todos pertencem à categoria de antirretrovirais, uma vez que são destinados ao tratamento de infecções causadas por retrovírus, uma classe à qual o HIV pertence.

Deve ser iniciado o mais rapidamente possível, idealmente dentro das primeiras duas horas após a exposição de risco, e no prazo máximo de até 72 horas. O tratamento preventivo deve ser mantido por 28 dias, enquanto a pessoa deve ser acompanhada pela equipe de saúde, inclusive após o término do período de administração dos medicamentos, para a realização dos exames.

Fonte: Ministério da Saúde

Tanto a PEP como a PrEP são oferecidas pelo SUS.


Desafios e Perspectivas Futuras

Apesar dos benefícios da PrEP e da PEP, ainda existem desafios relacionados ao acesso, à adesão e ao estigma associado ao uso dessas abordagens. É crucial expandir o acesso a essas medidas preventivas, promover a conscientização e combater o estigma relacionado ao HIV para maximizar seu impacto na redução da incidência da infecção.

 

Educação e Conscientização

Fonte: Istock

A educação e a conscientização sobre a importância da PrEP e da PEP são cruciais para aumentar a aceitação e o uso dessas estratégias preventivas. Profissionais de saúde desempenham um papel fundamental na orientação dos pacientes sobre os benefícios e o uso correto dessas medidas, bem como na promoção de práticas de sexo seguro e redução do estigma associado ao HIV.


Conclusão

A prevenção pré e pós-exposição ao HIV são ferramentas essenciais na luta contra a transmissão do vírus. Ao fornecer acesso a essas estratégias, promover a conscientização e combater o estigma, podemos avançar na redução da incidência da infecção pelo HIV e trabalhar em direção a uma geração livre da AIDS.


REFERÊNCIAS

  • BERNARDES, Cristiane Teixeira Vilhena et al. Análise da profilaxia pré-exposição para Hiv. Brazilian Journal of Development, v. 5, n. 10, p. 18310-18316, 2019.

  • Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de Risco à Infecção pelo HIV. 1ª. ed. Brasília - DF: MINISTÉRIO DA SAÚDE, 22 set. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/aids/pt-br/central-de-conteudo/pcdts/2017/hiv-aids/pcdt-prep-versao-eletronica-22_09_2022.pdf/view. Acesso em: 9 ago. 2024.

  • SENNEKER, Tessa. Drug–drug interactions between gender‐affirming hormone therapy and antiretrovirals for treatment/prevention of HIV. British Journal of Clinical Pharmacology, 2024.

  • SPINNER, Christoph D. et al. HIV pre-exposure prophylaxis (PrEP): a review of current knowledge of oral systemic HIV PrEP in humans. Infection, v. 44, p. 151-158, 2016.

  • ZUCCHI, Eliana Miura et al. Da evidência à ação: desafios do Sistema Único de Saúde para ofertar a profilaxia pré-exposição sexual (PrEP) ao HIV às pessoas em maior vulnerabilidade. Cadernos de Saúde Pública, v. 34, p. e00206617, 2018.


ESCRITO POR: Carolina Rodrigues Monteiro Barros (aluna de graduação em Farmácia - UFRJ)

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