No âmbito da saúde e da farmacologia, frequentemente nos deparamos com uma variedade de termos que podem causar confusão devido à sua semelhança ou sobreposição em significados. Entre esses termos, destacam-se "veneno", "droga", "fármaco", "remédio" e "medicamento". Cada um desses termos tem suas próprias conotações e é aplicado em contextos específicos, o que pode gerar ambiguidade se não for entendido corretamente.
De acordo com o Portal Farmacêutico, mais de 42% da população idosa consome em média mais de cinco medicamentos por dia, tornando-se os principais consumidores de produtos farmacêuticos. Nessa realidade, é frequente ouvir os idosos mencionando o uso de medicamentos para tratar pressão alta, diabetes e colesterol, condições prevalentes nessa fase da vida.
Além disso, uma reportagem veiculada pelo G1 em maio de 2022 revelou que 89% dos brasileiros com mais de 16 anos praticam a automedicação. Essa prática pode acarretar sérios prejuízos à saúde, uma vez que alguns princípios ativos podem ser prejudiciais se consumidos sem orientação médica.
Portanto, é essencial compreender as diferenças entre eles para uma comunicação precisa e eficaz no campo da saúde e da medicina.
Veneno
O termo "veneno" é usado para descrever substâncias que, quando introduzidas no corpo, podem causar danos, doenças ou até mesmo a morte. Estas substâncias são geralmente utilizadas para fins nocivos, como envenenamento de pessoas, animais ou plantas.
Exemplos:
Cianeto: uma substância altamente tóxica que, quando ingerida, pode ser fatal.
Veneno de cobra: uma toxina liberada por algumas espécies de cobras que pode causar danos graves ou a morte se injetada no corpo humano.
2. Droga
“Droga" é um termo geralmente utilizado para se referir a qualquer substância química que cause alterações nas funções do organismo, podendo ser benéficas ou não, e nem sempre totalmente conhecidas.
Exemplos:
A cafeína, presente no café, é uma droga com efeitos estimulantes no sistema nervoso central;
O álcool e a nicotina;
Droga vegetal: é basicamente uma planta medicinal ou partes dela que contêm substâncias responsáveis por suas propriedades terapêuticas. Essas substâncias naturais têm potencial para serem utilizadas no tratamento de várias condições de saúde. Exemplos de drogas vegetais incluem a quinina, derivada da casca da árvore de cinchona e usada no tratamento da malária, e a digoxina, extraída da planta Digitalis purpurea e utilizada no tratamento de condições cardíacas. A maconha ou cannabis sativa é uma planta contendo tetrahidrocanabinol (THC), a droga responsável pelos efeitos psicoativos, ou seja, altera as funções normais do cérebro (altera humor, percepção, estado de consciência e comportamento). Embora seja considerada uma droga devido aos seus efeitos no sistema nervoso central, também possui propriedades medicinais. Os efeitos terapêuticos da maconha são devidos a outra substância, o canabidiol (CBD), que quando isolado da planta, produz analgesia em dores crônicas, antinauseante, redução de movimentos involuntários (parkinson), epilepisia, etc.
3. Fármaco
Já "fármaco" ou princípio ativo é uma substância química com propriedades farmacológicas utilizada para prevenir, diagnosticar, tratar ou aliviar os sintomas de uma doença. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, o fármaco é a principal substância da formulação do medicamento, responsável pelo efeito terapêutico. Os fármacos são desenvolvidos e estudados especificamente para uso medicinal, passando por rigorosos testes de segurança e eficácia antes de serem disponibilizados para uso no mercado.
Exemplos:
Paracetamol: um fármaco comumente usado para aliviar a dor (analgésicoa) e baixar a febre (antipirético);
Amoxicilina e azitromicina: são fármacos com propriedades antibióticas, para tratar infecções bacterianas.
4. Remédio
Por sua vez, "remédio" é um termo mais informal e genérico, que abrange qualquer substância ou tratamento utilizado para curar, aliviar ou prevenir doenças ou sintomas, incluindo medicamentos, terapias naturais e mudanças no estilo de vida.
Exemplos:
Terapia de fisioterapia: um remédio não medicinal frequentemente prescrito para reabilitação após lesões musculoesqueléticas;
Repouso;
Banho quente, uma massagem, uma compressa quente ou fria;
Banho de mar, pode ser um remédio contra o stress;
Psicoterapia, etc.
5. Medicamento
É o produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. Medicamento é a forma finalizada e comercializada do fármaco que inclui não apenas o próprio fármaco ou princípio ativo, mas também outros ingredientes que o auxiliam em sua administração, estabilidade ou absorção pelo organismo.
O medicamento pode ser apresentado em diversas formas, como comprimidos, cápsulas, xaropes, entre outros. Um exemplo de medicamento é o Tylenol, na forma de comprimidos, que contém paracetamol como princípio ativo, além de excipientes para dar forma ao comprimido e facilitar sua ingestão.
Os medicamentos são submetidos a testes rigorosos para garantir sua segurança e eficácia antes de serem disponibilizados para uso no mercado, e são prescritos por profissionais de saúde qualificados.
Exemplos:
Aspirina: um medicamento de venda livre usado para aliviar a dor, reduzir a inflamação e diminuir a febre;
Insulina: um medicamento prescrito para pacientes com diabetes tipo 1 ou tipo 2 para controlar os níveis de açúcar no sangue.
CONCLUSÃO
Em conclusão, os termos "veneno", "droga", "fármaco", "remédio" e "medicamento" são todos utilizados no contexto da saúde e da medicina, porém cada um deles possui um significado específico e é aplicado em diferentes contextos. Se estiver se referindo a uma substância química usada para tratamento médico, "medicamento" ou "fármaco ou princípio ativo" são os termos mais apropriados. Se referir de uma substância tóxica, "veneno" é o termo adequado. Já "droga" é mais geral e pode abranger tanto substâncias medicinais quanto ilícitas. "Remédio" é um termo mais informal e pode ser usado de forma genérica para se referir a qualquer tipo de tratamento para doenças ou sintomas. Compreender as distinções entre esses termos é fundamental para uma comunicação precisa e eficaz no campo da saúde, garantindo o uso adequado e seguro de substâncias para prevenir, diagnosticar, tratar ou aliviar doenças e sintomas.
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