Nos dias atuais a tuberculose ainda é um problema sério no mundo. Em 2018, cerca de dez milhões de pessoas contraíram TB, no mundo, e 1,5 milhão de pessoas não sobreviveram. Ela atinge mais homens, jovens adultos e regiões de baixa renda, mas é estimado que essas diferenças não sejam atreladas a características à bactéria Mycobacterium Tuberculosis (Figura 1), mas sim à fatores socioeconômicos.
Figura 1: Bactéria Mycobacterium Tuberculosis em uma recriação 3D. Fonte: Science News. https://www.sciencenews.org/article/new-fda-approved-drug-takes-aim-deadly-form-tuberculosis Acesso: 15/09/2020
No Brasil a TB afeta o país de um jeito diferente, em tese, pelo subdesenvolvimento do país, normalmente o país iria sofrer gravemente com a tuberculose. Porém, com o auxílio de campanhas de conscientização e apoio do Sistema Único de Saúde (SUS), o Brasil conseguiu reduzir seus números as últimas décadas.
História (figura 2)
Figura 2: Linha do tempo demonstrando a história da descoberta da tuberculose e os seus tratamentos.
Até o final do século XIX a Tuberculose e os seus sintomas não haviam sido propriamente descritos e nomeados, devido aos sintomas serem comuns entre outras doenças, a tuberculose, até a sua descrição em 1839 pelo médico alemão J.L. Schöenlein, era confundida com outros distúrbios. A bactéria causadora da tuberculose (Mycobacterium Tuberculosis) só foi descoberta em 1882 por outro médico alemão, chamado Robert Koch, e o trouxe o prêmio nobel de 1905, apesar dessa descoberta, ele não acreditava que havia correlação entre a tuberculose humana e bovina, hoje em dia já se sabe que a origem da TB humana é a bovina.
No ano seguinte da premiação de Robert Koch, foi desenvolvida a vacina para tuberculose no instituto Pasteur pelos Bacteriologistas Albert Calmette e Camille Guérin, mas ela só começou a ser aplicada em 1921, devido a alguns problemas com testes, especialmente durante a primeira guerra.
Somente em 1946, houve o desenvolvimento de um antibiótico, chamado estreptomicina, para ser utilizado como tratamento eficaz, ao invés de apenas haver prevenção, antes disso, só haviam soluções cirúrgicas.
Histórias paralelas
1- O Romantismo e a Tuberculose: Durante a história, a Tuberculose foi uma das doenças mais recorrentes no mundo artístico, desde músicos, escritores, cineastas. Ela foi definitivamente mais recorrente durante o movimento do Romantismo brasileiro, nessa época, era comum que esses escritores morressem antes dos 24 anos por causa da Tuberculose. Os sintomas e a mortalidade dela criaram um estilo dentro do romantismo, conhecido pela tristeza e morbidade dos textos, esse estilo ficou conhecido como a segunda fase do romantismo (Figura 3) e se destaca na história brasileira, por ser extremamente sombrio e depressivo. (Rosemberg et al,. 1999)
Figura 3: Capa do Livro “As Primaveras” de Casimiro de Abreu, autor que morreu por tuberculose aos 21 anos. Fonte: Amazon. https://www.amazon.com.br/primaveras-com-poesias-in%C3%A9ditas-auctor/dp/B06WP7VKQT
2- A AIDS e a Tuberculose (Figura 4): No final do século XX a AIDS virou uma pandemia, atingindo o mundo todo e desabilitando o sistema imunológico de todos que foram contaminados, nessa época a tuberculose cresceu enormemente, devido ao enfraquecimento dos pacientes HIV+, a TB tinha um ambiente mais propício para o seu desenvolvimento. (Daniel et al,. 1994)
Figura 4: Fundação monitora plano de tuberculose e Aids no Rio. Fonte: FioCruz. https://agencia.fiocruz.br/funda%C3%A7%C3%A3o-monitora-plano-de-tuberculose-e-aids-no-rio
Tipos de Tuberculose Dependendo da área de contaminação bacteriana 1- Tuberculose pulmonar: É a Tuberculose mais comum começando pelos alvéolos pulmonares, mas ela ainda é suscetível a contagiar outros órgãos.
2- Tuberculoses extrapulmonares: A infecção bacteriana pode ocorrer em outras partes do corpo, além do interior do pulmão, como: tuberculose pleural, tuberculose gangliona, tuberculose geniturinária, tuberculose óssea, tuberculose laríngea, tuberculose no sistema nervoso central, tuberculose meningoencefálica, tuberculose gastrointestinal, tuberculose linfática, tuberculose pericárdica, tuberculose osteoarticular, tuberculose intestinal, tuberculose ocular, entre outros tipos.
Dependendo da sua sensibilidade ao medicamento (Figura 5) (WHO et al., 2006) 1-Tuberculose: ela é a tuberculose mais comum, que apresenta os maiores casos de recuperação. 2- Tuberculose multirresistente (TB-MDR): ela apresenta um caso mais complicado ao paciente, ao ser mais resistente a medicação. 3- Tuberculose extensivamente resistente (TB-XDR): ela apresenta um dos casos mais graves de TB, sendo altamente resistente a medicação, ela tem o maior índice de mortalidade.
Figura 5: Demonstração de como funciona o tratamento dos diferentes tipos de TB. Fonte: Ministério da saúde. http://www.blog.saude.gov.br/index.php/35329-fiocruz-atua-no-combate-a-tuberculose-no-brasil Acesso: 16/09/2020
Sintomas (figura 6)
Figura 6: Principais sintomas da TB.
Prevenção e Tratamentos
1-Vacinação (Figura 7): No brasil, a vacina do bacilo Calmette–Guérin (BCG), é dada gratuitamente à crianças pelo SUS e ela dá entre 50% a 80% de resistência à doença. (World Health Organization et al., 2020. Acesso: 14/09/2020)
Figura 7: Vacina BCG. Fonte: University Of Michigan News. https://news.umich.edu/pt-br/paises-com-vacina-obrigatoria-para-tuberculose-como-o-brasil-tem-menos-mortes-por-covid-19/ Acesso: 15/09/2020
2- Plano medicamentoso (Figura 8): O tratamento medicamentoso de TB é feito ao decorrer de 6 à 9 meses, dentre eles, se destacam a Isoniazida, a Rifampicina, o Etambutol e a Pirazinamida como medicamentos usados no começo do tratamento. (CDC et al., 2016. Acesso: 14/09/2020)
Porém, a medicação e a quantidade de medicação usada é diferente para cada tipo de tuberculose, em casos de TB-MDR e TB-XDR os medicamentos citados anteriormente não são utilizados, esses tratamentos já começam com uma medicação mais forte e ela persiste por mais tempo. Enquanto que a tuberculose normal tem um tratamento de 6 a 9 meses, a TB-MDR de 10 a 12 meses e a TB-XDR no mínimo 18 meses. (CDC et al., 2016. Acesso: 14/09/2020)
Figura 8: Novo medicamento oferecido pela fiocruz. Fonte: Fiocruz https://portal.fiocruz.br/noticia/fiocruz-oferece-novo-medicamento-contra-tuberculose
-Felipe Heck, Graduando em farmácia
Referências
-Tuberculosis. (1901). Journal of Mental Science, 47(198), 638-638. doi:10.1192/bjp.47.198.638
-DANIEL, Thomas M.; BATES, Joseph H.; DOWNES, Katharine A. (1994) History of tuberculosis. Tuberculosis: pathogenesis, protection, and control, p. 13-24.
-Larson, E. (1991). Tuberculosis Takes a Turn for the Worse. Infection Control & Hospital Epidemiology, 12(8), 506-506. doi:10.1017/S0195941700016969
-NOAH, N. (2012). Tuberculosis in wildlife. Epidemiology and Infection, 140(2), 191-191. doi:10.1017/S095026881100269X
-Rosemberg, J. (1999) Tuberculose – Aspectos históricos, realidades, seu romantismo e transculturação. Bol. Pneumol. Sanit. v.7 n.2 Rio de Janeiro dez. 1999
-Chalke, H. (1962). THE IMPACT OF TUBERCULOSIS ON HISTORY, LITERATURE AND ART. Medical History, 6(4), 301-318. doi:10.1017/S0025727300027642
-World Health Organization (WHO). (2020). Tuberculosis. Fonte: https://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/tuberculosis Acesso: 14/09/2020
-Ministério da Saúde. (2020). Fonte: http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/tuberculose/11942-vacinacao-tuberculose Acesso: 15/09/2020
-Centers for Disease Control and Prevention (CDC). (2016). Treatment for TB Disease Fonte: https://www.cdc.gov/tb/topic/treatment/tbdisease.htm Acesso: 14/09/2020
-WHO. (2006). Frequently asked questions – XDR-TB. World Health Organization 2006
-ARBEX, M. (2015). O desafio do tratamento da tuberculose extensivamente resistente em um hospital de referência no estado de São Paulo: um relato de três casos. J Bras Pneumol. 2015;41(6):554-559 https://doi.org/10.1590/s1806-37562015000000299
-Marmion, T. (1958). National Tuberculosis Association, 1904–1954. Richard Harrison Shryock, William H. Welch, Professor of the History of Medicine and Director of the Institute of History of Medicine, Johns Hopkins University, New York: National Tuberculosis Association, 1957; pp- 342. $3.50. Medical History, 2(1), 75-75. doi:10.1017/S0025727300023450
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