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Transtornos do Neurodesenvolvimento: TDAH

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  • O que é TDAH?

O Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade que interfere no desenvolvimento do indivíduo.

A manifestação deste transtorno, começa na infância e geralmente é identificada durante o período do ensino fundamental, onde, os sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade se tornam mais evidentes, possibilitando assim uma melhor identificação do TDAH.

No que diz respeito às questões relativas ao gênero, sabe-se que o TDAH é mais frequente no sexo masculino do que no feminino, seguindo uma proporção em torno de 2:1 em crianças e de 1:61 nos adultos. Quanto a prevalência do transtorno, viu-se que este, ocorre em cerca de 5% das crianças e 2,5% dos adultos.

Crianças e adultos que possuam o diagnóstico de TDAH geralmente apresentam comorbidades* como representadas na Figura abaixo:



*Comorbidades: condição/estado físico e mental, onde, um indivíduo possui uma determinada doença que coexiste com outra ao mesmo tempo.


  • Tipos de TDAH e seus sintomas:

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estático de Transtornos Mentais (DMS-V), o TDAH pode ser determinado em 3 subtipos, conforme a persistência dos sintomas durante um período de pelo menos 6 meses, a inconsistência do grau destes sintomas e com o impacto negativo que eles possuem tanto na vida pessoal quanto profissional e acadêmica.

Os subtipos são:

-TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade: os sintomas mais frequentes são agitação motora dos pés e mãos, além de se remexer/contorcer na cadeira, incapacidade de se envolver em atividades de lazer calmamente e constantemente agir de modo inquieto, frequentemente falar demais, interromper ou se intrometer em conversas e apresentar dificuldade para esperar a sua vez (por exemplo: aguardar em fila ou esperar o seu momento de falar).

-TDAH com predomínio de sintomas de desatenção: o indivíduo frequentemente possui dificuldade em manter a atenção em atividades prolongadas (por exemplo: manter o foco durante aulas, conversas ou leituras longas) e geralmente parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra diretamente, geralmente é esquecido em relação a atividades cotidianas, possui dificuldade em organizar as tarefas e em prestar a atenção em detalhes, além de frequentemente evitar, ou relutar em se envolver em tarefas que exijam esforço mental por longo tempo e com frequência é facilmente distraído por estímulos externos.

-TDAH com apresentação combinada: nesta classificação, ambos os sintomas dos subtipos acima, se fazem presentes por um período de ao menos seis meses.


  • Graus do Transtorno:

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, quanto ao grau do TDAH, este pode variar entre:

Leve: manifestação de poucos sintomas que não acarretam grandes prejuízos no funcionamento social e/ou profissional.

Moderado: os sintomas e prejuízos funcionais são médios.

Grave: manifestação de muitos sintomas que podem resultar em prejuízo acentuado no funcionamento social e/ou profissional.



  • Causas:

Para a maioria dos estudiosos, o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) não possui uma única causa específica, mas sim alguns fatores que se acreditam estarem envolvidos com o desenvolvimento deste transtorno. Estudos realizados ao longo dos anos, apontam para fatores genéticos e fisiológicos, e fatores ambientais como as principais causas de risco.

Os fatores genéticos relacionados ao desenvolvimento de TDAH se deve ao fato que, indivíduos que possuem parentes biológicos com o transtorno apresentam maior predisposição a desenvolverem o mesmo. Ademais, anormalidades cerebrais são observadas em pessoas com TDAH: em testes realizados com crianças, notou-se que estas apresentam um aumento de ondas lentas na atividade elétrica do cérebro, e atraso na maturação cortical (córtex cerebral), em comparação com crianças que não apresentam o transtorno. Alguns estudos, apontam para desregulações na atividade dos sistemas dopaminérgicos e noradrenérgicos como possíveis causas que contribuem para o desenvolvimento da doença, entretanto, não há um consenso acerca disto.



Com relação aos fatores ambientais, alguns se mostram correlacionados com TDAH, como crianças que nascem com baixo peso (menos de 1.500 gramas), apresentam risco de 2 a 3 vezes maior para desenvolver o transtorno, ainda que a maioria das crianças que nascem com este peso, não o desenvolvam. Em relação ao histórico de abuso infantil, múltiplos lares adotivos, negligência, exposição a neurotoxinas como o chumbo, infecções (por exemplo: encefalite) e exposição ao álcool no útero, são fatores que estão relacionados com o TDAH, apesar de ainda não se saber se tais associações se enquadram diretamente como causas para o desenvolvimento do transtorno. Também o tabagismo durante a gestação, embora esteja relacionado com o TDAH, reflete apenas um risco genético comum, ou seja, não há comprovações que o declaram como uma causa direta para o TDAH.



  • TDAH em crianças e adultos:

Embora o TDAH seja considerado um transtorno com maior prevalência durante a infância, sabe-se que na maioria dos casos, ele tende a persistir durante a vida adulta, de forma que, os sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade geralmente continuam evidentes na idade adulta.



No que diz respeito aos principais sintomas do TDAH em crianças e adolescentes, estes manifestam-se nas formas de divagação em tarefas, dificuldade para manter o foco, desorganização, atividade motora excessiva quando não apropriado, geralmente as crianças menores podem ter dificuldades para permanecerem sentadas calmamente, além de também poderem apresentar comportamentos impulsivos, tais como intromissão social (p. ex., interromper os outros em excesso).

Em relação aos adultos, vemos principalmente os sintomas relacionados a dificuldades de concentração e de comprometimento da função executiva (concluir tarefas), oscilações de humor, impaciência, tomada de decisões sem pensar nas consequências (por ex.: abandonar o trabalho), dificuldade de manter relacionamentos, além de agitação e inquietação.



  • Diagnóstico:

O diagnóstico do TDAH é clínico e realizado por médicos especialistas. Geralmente, nas consultas envolvendo pacientes pediátricos, o profissional especialista informa-se com os parentes mais próximos do paciente, para avaliar se este possui algum familiar que já tenha desenvolvido o transtorno.

Ademais, por meio das informações que o profissional vai obtendo, ele passa a conhecer um pouco melhor sobre como é/foi a infância do paciente (caso atualmente ele já seja adulto) e como os sintomas são/eram demonstrados, sendo estas informações mais seguras quando informadas por terceiros, uma vez que as lembranças dos jovens/adultos sobre os próprios sintomas na infância tendem a não ser confiáveis.

Os critérios utilizados para diagnosticar o transtorno, incluem:

- Manifestações dos sintomas em pelo menos dois ambientes diferentes (por ex., casa e escola, ou trabalho).

- Aparecimento de sinais (característicos do transtorno) antes dos 12 anos de idade.

- Apresentação frequente dos sintomas em um período de no mínimo 6 meses.

- Interferência negativa destas manifestações no cotidiano do indivíduo, de forma que elas atrapalham a capacidade funcional do indivíduo tanto no meio social, quanto acadêmico e profissional.

Outras características associadas que apoiam o diagnóstico do transtorno, estão relacionadas a:

- Baixa tolerância a frustação.

-Irritabilidade ou instabilidade do humor.

-Comportamento desatento.


  • Tratamento:

O tratamento de crianças/jovens e adultos com TDAH é multidisciplinar e varia de acordo com a presença ou não de comorbidades ou de demais doenças associadas. Geralmente, é recomendado que, quando o TDAH coexiste com outras psicopatologias, a condição mais prejudicial deve ser tratada primeiro.

Durante o tratamento, costuma-se ocorrer avaliações com profissionais de diferentes áreas da saúde, como, médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros, a fim de se estabelecer o melhor tratamento para o paciente.

Geralmente, os pacientes fazem uso de medicamentos indicados para o tratamento, sendo os principais metilfenidato e dextroanfetamina, além de participarem de terapia cognitivo comportamental (TCC), que é uma abordagem que visa proporcionar ao paciente uma melhor compreensão do TDAH, de forma a ajudar na desconstrução da crença distorcida de que pessoas com este transtorno são, preguiçosos, incapazes e irresponsáveis, estando esta visão negativa muitas vezes presentes no próprio pensamento dos pacientes. Além disso, a TCC também auxilia na adoção de estratégias que visam melhorar a qualidade de vida destes indivíduos, auxiliando-os a lidarem com os sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, através da adoção de treinos de resoluções de problemas e de habilidades sociais.




Escrito por: Thayná Cardoso (aluna de graduação em Farmácia, UFRJ)


  • Referências Bibliográficas:

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS 5ª EDIÇÃO (DSM-5). 2013. 992 p. Disponível em: http://www.institutopebioetica.com.br/documentos/manual-diagnostico-e-estatistico-de-transtornos-mentais-dsm-5.pdf. Acesso em: 11 mar. 2023.


SULKES , Stephen Brian . Transtorno de deficit de atenção/hiperatividade (TDA, TDAH). MANUAL MSD Versão para Profissionais de Saúde. 2022. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/pediatria/dist%C3%BArbios-de-aprendizagem-e-desenvolvimento/transtorno-de-d%C3%A9ficit-de-aten%C3%A7%C3%A3o-hiperatividade-tda-tdah. Acesso em: 13 mar. 2023.


TARGINO, Susana ; VINOCUR, Evelyn. TDAH: o que é, 27 sintomas e tratamento de déficit de atenção. Minha vida saúde. 2023. Disponível em: https://www.minhavida.com.br/saude/temas/tdah. Acesso em: 15 mar. 2023.


MARTIN A., Katzman; TIMOTHY S., Bilkey. Adult ADHD and comorbid disorders: clinical implications of a dimensional approach. BMC Psiquiatria. 2017. 15 p. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5567978/. Acesso em: 14 mar. 2023.


MARTINS, Eliana. COMO A TCC TRABALHA O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE. CETCC. 2020. Disponível em: https://www.cetcc.com.br/blog/27/Como+a+TCC+trabalha+o+Transtorno+de+D%C3%A9ficit+de+Aten%C3%A7%C3%A3o+e+Hiperatividade%3F. Acesso em: 17 mar. 2023.



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