top of page

Medicamentos para Emagrecer

siteconscienciaufr

Atualizado: 1 de jun. de 2022

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, no Brasil, mais da metade da população se encontra acima do peso e aproximadamente 20% são obesos. Com isso, vem a busca acelerada para vencer a balança, o que é preocupante, principalmente com a chegada de vários medicamentos e pílulas dietéticas, alguns deles prometendo efeito de cirurgia bariátrica, mas que pode comprometer a saúde e trazer efeitos indesejados, ainda mais quando não consultado a um especialista (LISBOA; RUAS, 2016).

Obesidade

A obesidade pode ser considerada uma doença crônica bastante prevalente, na qual o paciente apresenta depósito exagerado de tecido adiposo e possui índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m2 (Figura 2). Ela foi definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um problema de saúde pública devido a diversos fatores, como comodismo, aumento do consumo alimentar, sedentarismo, fatores genéticos,  entre outros. Mas apesar de ser considerada uma doença, muitas pessoas buscam emagrecer apenas pelo padrão estético (CONTE; CAMPOS, 2015).

Figura 2: Classificação da obesidade segundo cálculos baseados em IMC. Fonte: https://www.salutemplus.com.br/blog/post/207/obesidade-saiba-como-a-doenca-afeta-sua-saude

Uma pessoa obesa tem maiores chances de desenvolver Diabetes mellitus, doenças cardiovasculares (HALPERN, et al., 2000), hipertensão, problemas respiratórios, entre outras doenças (CONTE; CAMPOS, 2015), além de maior risco de morbidade e mortalidade (HALPERN, et al., 2000). Porém, como em alguns casos apenas a dieta, mudanças de hábito e exercícios físicos não são eficazes, muitas pessoas recorrem a medicamentos para emagrecer (HALPERN, et al., 2000). Claro que, em muitos casos a medicação é necessária, o problema maior é a automedicação, que pode trazer muitos riscos.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a obesidade pode contribuir até mesmo para o desenvolvimento de câncer. A cada 100 casos de câncer no país, cerca de 13 são atribuídos ao sobrepeso e à obesidade, sugerindo influência do excesso de gordura corporal no desenvolvimento da doença.

Dados Estatísticos – Obesidade no Brasil

  1. 82 milhões de brasileiros estão acima do peso, aponta o último levantamento do Ministério da Saúde.

  2. 30 milhões de pessoas no país têm índice de massa corporal (IMC) acima de 30, ou seja, já são obesas. 270 milhões de reais foram gastos pelos brasileiros no último ano com drogas antiobesidade, segundo a Interfarma (LISBOA; RUAS, 2016).

Três Principais Medicamentos para Emagrecer

  1. SIBUTRAMINA

Inicialmente foi desenvolvida como antidepressivo, mas, obteve sucesso mesmo como anorexígeno (CAMPOS; et al., 2014). É considerado um fármaco efetivo na perda de peso devido a estudos feitos utilizando placebo (FRANCO; COMINATO; DAMIANI, 2014). É o medicamento mais indicado para pessoas com excesso de peso que necessitam de medicação, como indivíduos com IMC acima de 27 ou portadores de doenças associadas a obesidade, na qual apenas as atividades físicas e mudanças nos hábitos comportamentais não são suficientes (CAMPOS; et al., 2014).

Pertence a uma classe de drogas conhecida como inibidores da recaptação de serotonina. Age reduzindo a ingestação de alimentos e aumentando o gasto energético (FRANCO, 2012).

– Efeitos adversos:

  1. Cefaléia;

  2. Diarréia;

  3. Constipação (FRANCO; COMINATO; DAMIANI, 2014).

Mecanismo de ação:

A Sibutramina age no sistema nervoso central (SNC), fazendo com que ocorra uma sensação de saciedade prolongada e diminuição do apetite, devido a inibição da recaptação de serotonina (5HT) ou 5-hidroxitriptamina e noradrenalina, que acabam por estimular os neurônios por mais tempo (Figura 4) (FRANCO, 2012).

Figura 4: mecanismo de ação da Sibutramina. Fonte: https://farmaceuticodigital.com/2013/01/uso-sibutramina-brasi.html

A 5HT desempenha um importante papel no SNC, regulando a liberação de diversos hormônios como do sono, da temperatura corporal, humor, atividade motora, funções cognitivas e fome. A manutenção do nível de 5HT dentro de um nível normal facilita a resposta à saciedade e o controle mais rigoroso da ingesta de açúcares, através de sua ligação a diversos receptores (FRANCO, 2012). E a sibutramina, potencializa os efeitos da noradrenalina também, o que aumenta o gasto energético pelo organismo. (CAMPOS; et al., 2014).

Quando a serotonina age no receptor 5-HT2C ativa a clivagem da pró-ópio-melanocortina (POMC) que tem função anorexígena (inibe o apetite), ou se liga ao receptor 5-HT1B, que inibe os neurônios neuropeptídeos Y (NPY) e peptídeo relacionado ao gene agouti (AGRP) que tem função orexígena (estimula o apetite). Estes mecanismos, associados, produzem saciedade e estímulo da termogênese (FRANCO, 2012).

– Efeitos colaterais:

  1. Aumento do apetite;

  2. Boca seca;

  3. Insônia;

  4. Sudorese;

  5. Irritabilidade;

  6. Tontura;

  7. Aumento da pressão;

  8. Náuseas;

  9. Anorexia (HALPERN, et al., 2000);

  10. Complicações cardiovasculares;

  11. Alteração de humor;

  12. Palpitação (CAMPOS; et al., 2014).

Um fator preocupante é que com a parada do tratamento medicamentoso, há riscos de ganho de peso novamente (FRANCO, 2012).


  1. LIRAGLUTIDA (SAXENDA)

É análogo ao hormônio GLP-1, liberado pelo trato gastrintestinal aumentando a secreção de insulina dependente de glicose, pelas células beta pancreáticas. O GLP-1, diminui a secreção de glucagon, faz com que o esvaziamento gástrico aconteça de forma mais lenta e diminui o apetite (CONTE; CAMPOS, 2015). É uma excelente alternativa terapêutica.

É utilizado em pacientes com diabetes mellitus, mas como foi comprovado que promove a perda de peso, passou a ser utilizado como emagrecedor em pessoas acima do peso também (CONTE; CAMPOS, 2015).

– Efeitos adversos/colaterais:

  1. Inflamação do intestino;

  2. Náusea;

  3. Vômito

  4. Cefaleia;

  5. Fadiga;

  6. Dispepsia;

  7. Tontura;

  8. Dores abdominais;

  9. Aumento da concentração de lipase;

  10. Problemas na vesícula biliar;

  11. Diarreia;

  12. Câncer de mama;

  13. Complicações de tireoide.

  14. Risco de pancreatite, entre outros (CONTE; CAMPOS, 2015).

– Mecanismo de ação:

O mecanismo consiste em uma combinação de efeitos sobre o SNC e o TGI (tratogastrointestinal). O receptor de GLP-1 se encontra em variadas áreas do cérebro que regulam o apetite, incluindo o hipotálamo. O apetite pode ser reduzido através dos nervos aferentes sensoriais, sinalizando o cérebro a sensação de saciedade (NUFFER; TRUJILLO, 2015).

A grelina, é estimulador do apetite e hormônio precursor da fome. A fome ocorre no hipotálamo lateral, já a saciedade, no hipotálamo ventromedial (MORANTE; GALENDE, 2016). E a saciedade é alcançada por meio de vários estímulos, e o medicamento ajuda a acelerar o processo.

Figura 6: Mecanismos responsáveis pela sensação de saciedade. Fonte: https://facunicamps.edu.br/repositorio/58_A%20LIRAGLUTIDA%20NO%20TRATAMENTO%20DA%20OBESIDADE.pdf

Um fator que dificulta o tratamento com este medicamento é o custo, sendo que uma caixa custa entre R$ 750,00 a 1000,00 e o tratamento requer duas caixas por mês — um investimento anual de até 24 mil reais (LISBOA, RUAS, 2016).

  1. LORCASERINA

É um medicamento que age sobre o receptor serotoninérgico 5-HT2c (FARIA; et al., 2010). Age suprimindo a sensação de fome, levando a pessoa a comer menos nas refeições e consequentemente auxiliando no emagrecimento. Não é autorizado no Brasil (LISBOA; RUAS, 2016).

– Mecanismo de ação:

Lorcasserina é acreditado para diminuir o consumo de alimentos e promover a saciedade, ativando seletivamente os receptores 5-HT2C em neurônios pró-opiomelanocortina anorexígenos localizados no hipotálamo. O mecanismo de ação exato não é conhecido (IDEAL FARMA, 2020).

– Efeitos adversos/ colaterais:

  1. Cefaleia;

  2. Infecção do trato respiratório superior;

  3. Nasofaringite;

  4. Sinusite;

  5. Náuseas (FARIA; et al., 2010);

  6. Depressão;

  7. Ansiedade.

Este medicamento, não é indicado para gestantes, lactantes, crianças e idosos ou para pessoas que estejam utilizando medicamentos que aumentem a taxa de serotonina no cérebro (IDEAL FARMA, 2020). Contudo, é muito importante que só se utilize algum destes medicamentos descritos acima, mediante prescrição de um médico especialista.

Bibliografia

  1. HALPERN, Alfredo; MONEGAGLIA, Ana Paola; OLIVA, Anna Beatriz G.; BEYRUTI, Monica; HALPERN, Zuleika S. C.; MANCINI, Marcio C. Experiência Clínica com o Uso Conjunto de Sibutramina e Orlistat em Pacientes Obesos. Arq. Bras. Endocrinol. Metab. Vol. 44, N. 1, SP, 2000. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302000000100016

  2. CAMPOS, Larissa Soares; OLIVEIRA, Lorena Amaral de; SILVA, Paula Karolinne Pires da; PAIVA, Andres Marlo Raimundo. Estudos dos Efeitos da Sibutramina. Rev. UNINGÁ, Vol. 20, N. 3, pp. 50-53, 2014. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20141130_221647.pdf

  3. CONTE, Suélyn Carolina; CAMPOS, Simone Bolonheis de. Perspectivas de Perda De Peso com o Uso de Liraglutida: Revisão da Literatura. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research – BJSCR. Vol.9, N.1, pp. 84-90. 2015. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20141130_215615.pdf

  4. FRANCO, Ruth Rocha; COMINATO, Louise; DAMIANI, Durval. O Efeito da Sibutramina na Perda de Peso de Adolescentes Obesos. Arq Bras Endocrinol Metab., São Paulo, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/abem/v58n3/0004-2730-abem-58-3-0243.pdf

  5. LISBOA, Sílvia; RUAS, Carla. A Nova Geração dos Remédios para Emagrecer. 2016. Disponível em: https://super.abril.com.br/saude/a-nova-geracao-dos-remedios-para-emagrecer/

  6. FRANCO, Ruth Rocha. O Efeito da Sibutramina na Perda de Peso de Adolescentes Obesos. São Paulo, 2012. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5141/tde-12042013-102419/publico/RuthRochaFranco.pdf

  7. FARIA, André M.; MANCINI, Marcio C.; MELO, Maria Edna de; CERCATO, Cintia; HALPERN, Alfredo. Progressos Recentes e Novas Perspectivas em Farmacoterapia da Obesidade. Arq Bras Endocrinol Metab., 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/abem/v54n6/03.pdf

  8. IDEAL FARMA. Informativo Técnico: Lorcasserina HCL. 2020. Disponível em: https://essentia.com.br/images/artigos/ativos-nov-2016/Locaserina.pdf

  9. NERES, Milena Santana; NETTO, Pedro Antônio; GUSMÃO, Rodolfo Vitor. A Liraglutida no Tratamento da Obesidade. Goiânia, 2019. Disponível em: https://facunicamps.edu.br/repositorio/58_A%20LIRAGLUTIDA%20NO%20TRATAMENTO%20DA%20OBESIDADE.pdf

Por Letícia Dayane, Graduanda em Farmácia pela UFRJ.

3 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page