top of page

Medicamentos a base de maconha: quais são autorizados no Brasil até agora ?

siteconscienciaufr


Atualmente, vivenciamos um momento de redescoberta das propriedades terapêuticas da cannabis, assim como o reconhecimento em alguns países do direito ao uso medicinal da planta. No Brasil, experimentamos uma série de reivindicações, especialmente de movimentos sociais, políticos e científicos. Movimentos esses que mostram a necessidade da regulação do uso da maconha para fins medicinais, motivados principalmente pela urgência para tratamentos de patologias pela administração de canabinóides, nos casos de epilepsia, anorexia, esclerose, dores neuropáticas, fibromialgias, entre outras.


A planta canabis sativa contêm mais de 400 compostos químicos dos quais aproximadamente 80 moléculas são biologicamente ativas. Os compostos mais importantes da canabis são os canabinóides (cerca de 60). Dentre estes, o composto psicoativo mais importante é o tetrahidrocanabinol (THC). Outro canabinóide presente é o canabidiol (CDB), que ao contrário do que muita gente pensa, não é a maconha em si, mas o principal componente não psicoativo e antipsicótico da planta, tendo efeitos farmacológicos benéficos como analgésico e anti-inflamatório. Pesquisas indicam potenciais efeitos antioxidantes, ansiolíticos, anti-eméticos, antipsicóticos e neuroprotetores.




Diferentemente deste, o tetrahidrocanabinol (THC) é o canabinóide responsável por desencadear os efeitos psicoativos e alucinógenos. O THC e CBD agem como antagônicos altamente competitivos, ou seja, enquanto o THC gera um estado de euforia, o CBD atua bloqueando e inibindo o senso de humor.



A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou produto à base de cannabis que tenha concentração de THC maior do que 0,2%. Comparado à maconha (droga feita a partir da cannabis) esta quantidade é bem pequena. Então, no uso terapêutico, a concentração utilizada (no máximo 0,3%) não se compara a um cigarro de maconha, que pode ter de 10 a 15% de THC.


No Brasil, a primeira tentativa de produção de medicamentos à base de maconha foi realizada pelo Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (Lafepe). O pedido formal foi elaborado pelo presidente da Lafepe, nos anos de 1995 a 1998. A pesquisa desse medicamento a base da maconha era direcionada a pacientes com Aids, que possuíam vômitos e ânsia de vômito, por ser um excelente antiémetico.


Apesar dos esforços do laboratório, o primeiro medicamento a base de cannabis sativa só foi autorizado pela Anvisa 20 anos depois. Trata-se do medicamento Mevatyl (solução oral spray) indicado para adultos com espasmos prolongados em decorrência de esclerose múltipla, sendo considerado tarja preta e vendido apenas sob prescrição médica. De acordo com a Anvisa, estudos clínicos mostraram que a dependência devido ao uso do Mevatyl é improvável. A Anvisa ressalta que o medicamento não é indicado para tratar epilepsia, uma vez que uma de suas substâncias ativas, o THC, tem o potencial de agravar as crises epiléticas. O Mevatyl também não é recomendado para crianças e adolescentes até os 18 anos, pois não há estudos comprovando segurança e eficácia para esta faixa etária.


Até o momento, existem 15 produtos aprovados pela Anvisa nessa categoria, conforme dispõe a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 327/2019, no qual, entre os quinze produtos, cinco são à base de extratos de Cannabis Sativa e dez do fitofármaco canabidiol. Confira abaixo a lista dos medicamentos à base de maconha comercializados no Brasil:


- Canabidiol Active Pharmaceutical (20 mg/ml); 

- Canabidiol Prati-Donaduzzi (20 mg/ml; 50 mg/ml e 200 mg/ml);   

- Canabidiol NuNature (17,18 mg/ml);   

- Canabidiol NuNature (34,36 mg/ml);   

- Canabidiol Farmanguinhos (200 mg/ml);   

- Canabidiol Verdemed (50 mg/ml);   

- Canabidiol Belcher (150 mg/ml); 

- Canabidiol Aura Pharma (50 mg/ml); 

- Canabidiol Greencare (23,75 mg/ml); 

- Canabidiol Verdemed (23,75 mg/ml);   

- Extrato de Cannabis sativa Promediol (200 mg/ml);   

- Extrato de Cannabis sativa Zion Medpharma (200 mg/ml);    

- Extrato de Cannabis sativa Alafiamed (200 mg/mL);   

- Extrato de Cannabis sativa Greencare (79,14 mg/ml); e 

- Extrato de Cannabis sativa Ease Labs (79,14 mg/ml).


Em um momento histórico, a cannabis sativa foi retirada do rol de substâncias proscritas e apresenta utilidade em diversos distúrbios neuropsiquiátricos, além de apresentar a possibilidade de utilização para vários tratamentos, tal qual o alívio dos sintomas da quimioterapia, até mesmo glaucoma, convulsões e espasmos em pacientes portadores de esclerose múltipla, cuja pesquisa, desenvolvimento e registro precisam ser aprovados pela Anvisa.


Como o canabidiol é administrado?

A forma de apresentação mais comum é o óleo, mas também estão disponíveis cápsulas, sprays e cremes tópicos.



Quais os principais efeitos colaterais do uso do canabidiol?



No início do tratamento, alguns dos efeitos colaterais podem ser sentidos até que seja encontrada a dosagem ideal. Alguns efeitos colaterais do canabidiol são:

  • Sonolência: é o efeito colateral mais comum

  • Dor de cabeça

  • Tontura

  • Alteração do apetite

  • Diarreia

  • Alteração do hábito intestinal

  • Alteração do apetite

  • Alteração da frequência cardíaca

  • Alterações hepáticas: exames de sangue regulares devem ser solicitados pelo médico durante o uso dessa substância.

No entanto, além de serem muito mais brandos do que os efeitos colaterais causados por medicamentos tradicionais usados para o tratamento das mesmas patologias, grande parte desses efeitos pode ser facilmente eliminada com ajustes na dosagem, o que torna crucial o acompanhamento constante de um médico.


REFERÊNCIAS:

GABARGO; MACIEL C.. Authorization for use of medicines with forbidden principles in Brazil, Scielo ,março de 2020. Disponível em: https://doi.org/10.5380/rinc.v7i2.76339 Acesso em: 20 de outubro de 2022.

GOMES, ANTONIO; ARTURO, JOSÉ; LINS, WAGNER. The history of the first attempt to produce marijuana-based medicines: Interview with Antônio José Alves, Scielo, junho de 2020. Disponível em < https://doi.org/10.1590/1413-81232020256.24612018> Acesso em 20 de outubro de 2022.

PRIMEIRO medicamento derivado da maconha. Farmaguinhos, janeiro de 2017. Disponível em: < https://www.far.fiocruz.br/2017/01/primeiro-medicamento-derivado-da-maconha/?print=print> Acesso em 20 de outubro de 2022.

ANVISA aprova novo produto medicinal à base de Cannabis. Gov.br, abril de 2022. Disponível em < https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2022/anvisa-aprova-novo-produto-medicinal-a-base-de-cannabis-1> Acesso em 20 de outubro de 2022.

BITTENCOURT, CLAUDIA. Anvisa tira canabidiol, derivado da maconha, da lista de substâncias proibidas. ANU-SUS, janeiro de 2015. Disponível em: <https://www.unasus.gov.br/noticia/anvisa-tira-canabidiol-derivado-da-maconha-da-lista-de-substancias-proibidas> Acesso em 20 de outubro de 2022.

GUIMARÃES, MARIA. Medicamento que vem da cannabis. Revista pesquisa FAPESP, Edição 290, abril de 2020. Disponível em: < https://revistapesquisa.fapesp.br/medicamento-que-vem-da-cannabis/> Acesso em 20 de outubro de 2022.

EXPOSIÇÃO de motivos da resolução CFM n° 2.113/2014. Portal.cfm.org.br, 2014. Disponível em: < https://portal.cfm.org.br/canabidiol/motivos.php> Acesso em 06 de novembro de 2022

CANABIDIOL: uso e importância no tratamento de doenças. eephcfmusp.org.br, setembro de 2021. Disponível em: < https://eephcfmusp.org.br/portal/online/canabidiol-no-tratamento-de-doencas> Acesso em 06 de novembro de 2022



20 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page