Figura 1: Capa e personagem do mais recente filme de Marie Curie. Fonte: Msn Entretenimento.
HISTÓRIA
Marie Curie, primeira mulher a ganhar o prêmio Nobel e a lecionar na Sorbonne (Universidade de Paris), foi uma cientista muito importante para a humanidade, pioneira, nasceu em 1867, em Varsóvia. Sendo sempre a primeira aluna da turma, se destacou, terminou o 2º Grau com 15 anos, mesmo estando deprimida pela morte de sua mãe e irmã, ela não desistiu. Em sua época, os russos não permitiam mulheres no Ensino Superior, por isso, ela trabalhou muito até conseguir ir para Paris, aonde conquistou seu Doutorado em Física e se tornou Mestre em Matemática, isso vivendo em um sótão quase sem ar e com pouco orçamento para as refeições, ou seja, condições precárias.
Um tempo depois, se casou com o físico Pierre Curie, e teve duas filhas. Em 1885, foi descoberto que o Urânio emitia irradiações (raios X). Então, Marie baseou sua pesquisa de doutorado nas descobertas do cientista Becquerel.
Após três anos, com o apoio de seu marido, ela descobriu dois elementos radioativos: o Polônio e o Rádio, assim os nomeou. Isso rendeu ao casal o Nobel da Física. Com isso, ela criou e definiu o termo “radioatividade”. Ou seja, a radiação foi um estudo feito por várias pessoas, mas tem como Marie Curie sua principal voz.
Marie já apresentava problemas na saúde, quando seu marido faleceu, vítima de um atropelamento. Ela teve que assumir as turmas que era de seu marido em uma faculdade que era de domínio masculino e mesmo no pesar da dor se empenhou ainda mais nos estudos em radiação e não falhou. Em 1911, conquista seu segundo Nobel, este em Química. Neste mesmo ano, construiu o Instituto do Rádio em Paris e ajudou muitos jovens os treinando, dando apoio e suporte para novas pesquisas.
Durante a 1ª Guerra Mundial, Madame Curie assim conhecida, implementou um sistema de radiografia móvel, a primeira ambulância radiológica, a qual ajudou no tratamento de milhões de soldados. Também contribuiu para a ciência ao aprisionar o gás que emanava do elemento rádio e enviar os tubos para o tratamento do câncer em hospitais do mundo inteiro. Além dos prêmios, ganhou medalhas, títulos e abriu passagem para as mulheres na ciência.
Em 1934, Marie faleceu, devido a exposição direta e prolongada a radiação, já que ela não chegou a descobrir os perigos de sua descoberta, mesmo tendo em mente o conceito de dosagem.
Mulher, Mãe, Professora e Cientista, superou enormes obstáculos para enriquecer a ciência. Impedida de ingressar na Universidade por ser mulher, foi a 1ª pessoa a receber 2 prêmios Nobel.
Mas é como ela dizia “ Na vida, nada deve ser temido, apenas compreendido”.
Figura 2: Marie Curie já reconhecida no mundo científico. Fonte: Galileu.
DEFINIÇÃO DO TERMO RADIOATIVIDADE
Fenômeno pelo qual o núcleo de um átomo instável emite partículas e ondas para atingir a estabilidade. Para os átomos instáveis é uma busca constante se tornarem mais estáveis. Alfa, beta e gama são os principais tipos de radiação que o átomo emite na busca pela estabilidade.
Radiação é a propagação de energia através de partículas ou ondas, numa determinada velocidade, podendo ser ionizantes ou não ionizantes. Contendo energia (variável), carga elétrica e magnética, podem ser geradas por fontes naturais ou artificiais.
As partículas gama são as mais perigosas, por isso podem causar má formação nas células.
Figura 3: O alcance dos tipos de radiação. Fonte: Radioproteção na Prática.
TIPOS DE RADIAÇÃO
Nós vivemos em um mundo radioativo. Marie em sua genialidade já delimitava o conceito de doses para aqueles pacientes que eram tratados com a radiação. Inclusive, ela veio ao Brasil, participou de uma série de conferências sobre a radioatividade na Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sendo a principal oradora. Madame Curie orientou médicos e deu um curso, em 1926. Mas não chegou a estudar com exatidão os efeitos maléficos do contato prolongado, exposição exacerbada a radiação. Hoje em dia, o conceito dos tipos e doses são bastante conhecidos e levados a cautela.
Vamos aos seus tipos:
Radiação Eletromagnética ou Não Ionizante
A radiação eletromagnética é uma forma de energia que se propaga como combinação de campos elétricos e magnéticos, variáveis no tempo e no espaço, que viajam no vácuo ou no ar à mesma velocidade da luz. Exemplos: luz, microondas, tv, ondas de rádio, radar, laser, raios X e radiação gama. Estes se localizam na faixa de frequência considerada não ionizante, tendo baixa energia.
Radiação Nuclear ou Ionizante
Radiação Nuclear engloba as radiações sob a forma de partículas, tendo uma maior intensidade das forças atuantes dentro do núcleo atômico, por serem altamente energéticas. Por isso, podem alterar o estado físico de um átomo acarretando a perda de elétrons, tornando-os eletricamente carregados, ou seja, ionizados. Exemplos: feixes de elétrons, feixes de prótons, radiação beta, radiação alfa.
TEORIA NA PRÁTICA – APLICAÇÕES DA RADIOATIVIDADE – MODERNIDADE E POSTERIDADE DE MARIE CURIE
Atualmente, a radiação que certos elementos emitem são muito bem aproveitados pelas indústrias e no campo medicinal, entre muitas outras áreas. Técnicas envolvendo radiação vem sendo aplicadas com propriedade. Alguns exemplos são:
Mapeamento com Radiofármacos
Radioterapia
Braquiterapia
Aplicadores
Radioisótopos
Radiografias (raios X)
Tomografia
Mamografia
Indústrias Nucleares
Cintilografias
Destruição de fungos e bactérias nos alimentos
Como dito acima, vivemos em um mundo radioativo. Veja abaixo um gráfico que retrata as doses dos vários tipos de radiação a que estamos expostos.
Figura 4: gráfico com distribuição de fontes naturais e artificiais. Fonte: UFRJ (pdf).
EFEITOS BIOLÓGICOS DA RADIAÇÃO
Sabe-se que a radiação pode produzir efeitos em nível celular, causando sua morte ou modificação, devido aos danos causados nas fitas do ácido desoxirribonucleico(DNA) em um cromossomo. Isso, é claro, quando utilizada de maneira incorreta ou acidental. Quando o número de células afetadas ou até mesmo mortas for grande o suficiente, a radiação poderá resultar na disfunção e morte do órgão. Um dos principais resultados de alta exposição por um longo tempo é o câncer.
Por isso, a radiação pode provocar basicamente dois tipos de danos ao corpo: a destruição das células com o calor e uma ionização e fragmentação(divisão) das células.
As aplicações médicas representam a maior fonte de exposição radiológica ionizante, porém há um cuidado e equipamentos especiais para risco profissional.
O calor emitido pela radiação é tão forte que pode queimar bem mais do que a exposição prolongada ao sol. Portanto, um contato com partículas radioativas pode deixar a pele do indivíduo totalmente danificada, uma vez que as células não resistem ao calor emitido pela reação.
A ionização e fragmentação celular implicam em problemas de mutação genética durante a gestação de fetos, que nascem prematuramente ou, quando dentro do período de nove meses, nascem com graves problemas de má formação. Portanto, os efeitos da radiação podem igualmente depender da porcentagem exposta no corpo. Algumas partes do corpo são mais sensíveis à radiação.
Figura 5: a radiação indo ao alcance das células. Fonte: DicasRadiologia.
CURIOSIDADES
Hoje em dia, há dosímetros e alguns métodos para quantificar a dose de radiação que um trabalhador no ramo de indústrias, hospitais ou até mesmo pacientes, estão submetidos.
Na época, Marie trabalhava muito na purificação dos elementos, conseguindo pequenas gramas de rádio em mais de 20kg de pechblenda (mineral de óxido de urânio).
A Energia emitida por equipamentos como: rádio, tv, celulares, não é suficiente para “arrancar” elétrons de átomos ou moléculas durante a sua passagem pela matéria. Não existe ainda nenhum estudo que comprove que a radiação não ionizante causa efeitos deletérios à saúde. Seu principal efeito biológico é térmico: o aquecimento devido à energia eletromagnética. Este efeito não leva necessariamente a efeitos biológicos.
Atualmente, há um modesto Museu em Varsóvia, contando um pouco da história de Marie. E em Paris, se localiza o maior Museu dela até então visto, com vários objetos, movéis e utensílios do laboratório dos Curie. O site do Museu, ilustra várias imagens dos acervos, vale a pena fazer uma visita virtual. Musée Curie – https://musee.curie.fr/decouvrir/exposition-permanente/visite-virtuelle)
Neste mesmo Museu da pioneira Marie Curie, seus cadernos ainda são altamente radioativos, bem como seus móveis e objetos pessoais também, mesmo tendo mais de 100 anos da sua morte, sendo necessário usar roupas especiais.
Por Talita Alves, Graduanda em Farmácia pela UFRJ.
BIBLIOGRAFIA
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MUSÉE CURIE – Descubra o Museu Curie online – História da Família Curie. Link: https://musee.curie.fr/decouvrir/exposition-permanente/visite-virtuelle
INSTITUTO AMERICANO DE FÍSICA; PASACHOFF, Naomi – Marie Curie and the Science of Radioactivity. Link: https://history.aip.org/history/exhibits/curie/download.htm
DILVA FRAZÃO. Marie Curie, Cientista Polonesa – eBiografia – Link: https://www.ebiografia.com/marie_curie/
FIOCRUZ (IN VIVO) – CAVALIERE, Irene. Marie Curie: Pioneira da Ciência. Link: http://www.invivo.fiocruz.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1158&sid=7
BIOGRAFIAS USP – MARTINS, Roberto de Andrade – Marie Curie e a Radioatividade, São Paulo. Link: http://www.ghtc.usp.br/Biografias/Curie/Curieleit.htm
SANTIAGO, André – Radioproteção na Prática – Radiação: Entenda de uma vez por todas. Link: https://radioprotecaonapratica.com.br/radiacao-entenda-de-uma-vez-por-todas/
CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA – Marie Curie no Brasil – 2011. Link: https://www.crq4.org.br/quimicaviva_mariecurie_brasil
GALILEU – 3 Curiosidades para Você Conhecer o Legado de Marie Curie, 2017. Link: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/11/3-curiosidades-para-voce-conhecer-o-legado-da-cientista-marie-curie.html
UFRJ – Radiações (PDF). Link: https://www.if.ufrj.br/~marta/cederj/radiacoes/fr-unidade2.pdf
FIOCRUZ – Radiação. Link: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/radiacao.html
MANUAL MSD – BUSHBERG, Jerrold T. – Lesões Provocadas pela Radiação, 2017.
13. COLÉGIO TABLEAU TAUBATÉ – Youtube – História da Marie Curie na Radiologia, 2018.
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