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INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (ISTS)

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Atualizado: 1 de jun. de 2022


As infecções sexualmente transmissíveis (IST) são infecções que podem ocorrer principalmente por relações sexuais, por anos elas foram chamadas de doenças sexualmente transmissíveis, mas a mudança foi feita para destacar a possibilidade de transmissão depois da infecção, mesmo sem sintomas. [1]

Apesar de todas as ISTs terem um dos métodos de infecção em comum, elas possuem diversas diferenças, principalmente nas formas de infecção e nos seus tratamentos (Figura 1).

Figura 1: Símbolo da conscientização do combate das ISTs. Fonte: https://ecodiagnostica.com.br/sem-categoria/infeccoes-sexualmente-transmissiveis-ist-estao-em-alta-no-brasil/. Acesso: 14/05/2021

Principais ISTs

  1. Clamídia

A clamídia é resultado de uma infecção bacteriana causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, ela pode ser contraída por qualquer relação sexual, mas também pode ser transmitida de mãe para filho pelo parto. A sua identificação é difícil porque a maior parte das pessoas não manifestam sintomas nas primeiras semanas ou não manifestam nenhum sintoma. [2]

Os sinais e sintomas da clamídia são principalmente, ardor ao urinar, secreção e irritação genital anormal, dor durante a relação sexual, dores abdominais, infertilidade e inchaço dos testículos [2, 4]. Caso a infecção tenha sido feita pela via oral, é possível que a infecção evolua para uma faringite. [4]. Porém, a principal complicação causada pela infecção por clamídia é durante a formação do embrião na gravidez, em alguns casos a clamídia causa uma gravidez ectópica, em que o embrião se forma fora do útero, normalmente nas trompas de Falópio [2].

O principal tratamento para clamídia é administrar para o paciente Azitromicina, Doxiciclina, Eritromicina, Tetraciclina ou Ofloxacina, antibióticos que podem erradicar a bactéria que causa a clamídia [2].


2. Gonorréia

A gonorréia é resultado de uma infecção bacteriana causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. Assim como a clamídia, a gonorréia pode ser contraída por qualquer relação sexual, pode ser transmitida de mãe para filho no parto e também tem casos em que nenhum sintoma é manifestado, o que dificulta a identificação da infecção. [2]

Os sinais e sintomas da gonorréia são principalmente, ardor ao urinar, secreção e irritação genital anormal, dor durante a relação sexual e hemorragia vaginal entre períodos menstruais. [2]. As infecções pela genitália, tem a possibilidade de que a condição evolua para uma doença inflamatória pélvica ou uma inflamação do epidídimo. [2]

Em casos de infecções mais graves, a gonorréia pode espalhar pela corrente sanguínea para articulações causando artrite séptica e, caso ela chegue no coração, uma inflamação nas válvulas cardíacas pode causar endocardite. [2]

Na transmissão entre mãe e filho durante o parto, a infecção pode causar conjuntivite neonatal, que pode levar à cegueira do feto sem tratamento. [3]

O principal tratamento para gonorreia é administrar para o paciente Ciprofloxacina, Ceftriaxona, Cefixima, Espectinomicina ou Ofloxacina, antibióticos que podem erradicar a bactéria que causa a gonorreia. [6]


3. Sífilis

A sífilis é resultado de uma infecção bacteriana causada pela bactéria Treponema pallidum. Assim como a clamídia, a sífilis pode ser contraída por qualquer relação sexual, ela também pode ser transmitida de mãe para filho pelo parto, mas diferentemente da clamídia, a infecção também pode começar na pele. [5]

Depois da infecção pela sífilis ela pode se manifestar em 4 estágios, cada um deles possui sintomas diferentes e que evoluem em gravidade com avanço dos estágios. [4] [5]. O estágio primário começa entre 10 e 90 dias após o primeiro contágio sintoma mais comum nesse estágio é a presença de uma úlcera no local de infecção, essa úlcera é indolor e firme, logo, muita das vezes não é percebida pelo infectado. [5]. O estágio secundário tem como o sintoma mais comum a manifestação de uma erupções cutâneas na palma das mãos e dos pés, as úlceras presentes no primeiro estágio normalmente aparecem em maior número nesse estágio. [5]. O estágio latente é o mais diferente, em alguns casos ele não é manifestado, mas caso o paciente esteja no estágio latente ele não apresenta nenhum sintoma, ele pode durar anos ou décadas, mas apesar de não apresentar nenhum sintoma, a infecção continua no corpo. [5].

No estágio terciário as úlceras voltam a aparecer pelo corpo e a expansão da infecção pelo corpo pode atingir o cérebro, os olhos, o coração, os vasos sanguíneos, o fígado, os ossos e as articulações. A infecção nos órgãos pode causar lesões neurológicas, cardiovasculares, na pele, nos ossos e cegueira, fora que esse é o único estágio que pode levar à morte caso ela não seja tratada. [5]

O principal tratamento para sífilis é administrar para o paciente Penicilina G Benzatina, Doxiciclina ou, em casos de alergia à penicilina, Eritromicina, antibióticos que podem erradicar a bactéria que causa a sífilis. [6]


4. Candidíase

A candidíase é uma infecção fúngica que pode ser causada por qualquer fungo do gênero Candida e pode ser pela via oral, vaginal e anal, cada tipo têm alguns sintomas distintos já que a diferença na área de infecção. [6] [8]

Os sinais e sintomas da candidíase oral são principalmente, uma camada esbranquiçada na boca e língua, aftas na língua e bochecha, sensação de secura na boca, inchaço na garganta e dor ou ardência nas áreas de infecção. Enquanto que na candidíase vaginal são, coceira, corrimento branco e espesso, ardência nas áreas de infecção e inchaço nos grandes lábios. E na candidíase anal apresentam-se coceira e ardência nas áreas de infecção. [6] [8]

O tratamento da candidíase, assim como os seus sintomas, depende de qual tipo de infecção deve ser tratado. Na Candidíase oral o tratamento deve ser feito por um dentista usando cremes para erradicar os fungos nas áreas afetadas. Na Candidíase vaginal o tratamento pode ser feito em casa com cremes farmacológicos, os cremes mais usados no brasil são Miconazol, Clotrimazol e Tioconazol, mas também existem tratamentos medicamentosos com Nistatina, Fluconazol, Itraconazol e Cetoconazol.

Na Candidíase anal o tratamento é muito similar ao tratamento da variante vaginal, pode ser feito em casa com cremes farmacológicos, os cremes mais usados no brasil são Miconazol e Tioconazol, mas também existem tratamentos medicamentosos com Nistatina e Fluconazol. [6] [7] [8]


5.Hepatite B

A Hepatite B é uma doença que afeta o fígado e é resultado de uma infecção viral causado pelo Vírus da Hepatite B (VHB), a infecção pode ser por contato a sangue, saliva, sêmen, secreções vaginais, pelo parto ou leite materno de uma pessoa contaminada, facilitando muito a sua transmissão. A Hepatite B também pode demorar a apresentar sintomas, eles normalmente se manifestam de 30 a 180 dias depois da infecção inicial, porém mesmo sem sintomas, a Hepatite B ainda causa danos ao fígado. [9].

A hepatite B pode ter dois tipos de infecção, na Hepatite B aguda os sintomas são manifestados em poucas semanas, mas depois de um tempo o paciente se recupera gradualmente, já na Hepatite B crônica os sintomas ficam mais tempo sem se manifestar e ela pode durar até a morte do paciente. [9]

Os sinais e sintomas da hepatite B são principalmente, falta de apetite, náusea, vômito, dores no corpo, febre, urina mais escura, peles e olhos mais amarelados (icterícia) [9]

O melhor tratamento é pelo uso de antivirais, mas esse tratamento apenas retarda o progresso da doença, ela ainda persiste no paciente. [9]. A melhor medida seria evitar a Hepatite B, já que ela possui vacinas que podem prevenir o contágio inteiramente [9].


6. Hepatite C

A Hepatite C é uma doença que afeta principalmente o fígado e é resultado de uma infecção viral causado pelo Vírus da Hepatite C (VHC), a infecção pode ser por contato a sangue, pelo parto ou leite materno de uma pessoa contaminada, facilitando muito a sua transmissão. [10]

A infecção do vírus da Hepatite C por relação sexual ainda é muito debatido, não se sabe exatamente ao certo o índice de transmissão por relação sexual, acredita-se que a secreção que pode ser mais transmissível seria a mucosa anogenital, aumentando muito a chance de infecção por sexo anal. [11]

A Hepatite C também pode demorar a apresentar sintomas, eles normalmente se manifestam em 75% a 85% dos casos depois da infecção inicial, porém mesmo sem sintomas, a Hepatite C ainda causa danos ao fígado. [10]

Assim como a Hepatite B, a Hepatite C possui dois tipos, a aguda e a crônica, a principal diferença é que, na infecção aguda, os sintomas são apresentados mais rapidamente, mas o paciente pode se recuperar sem nenhum tratamento. Enquanto que a infecção crônica dura anos e demora a manifestar sintomas, mesmo que ela esteja continuamente atacando o fígado durante a sua progressão. [10]

Os sinais e sintomas da hepatite C são principalmente, fadiga, falta de apetite, náusea, vômito, dores no corpo, febre, perda de peso, urina mais escura, peles e olhos mais amarelados (icterícia) [10]

A Hepatite C não possui vacina, ela apenas possui tratamentos medicamentosos antivirais como: o Ledipasvir, Sofosbuvir, Ombitasvir, Paritaprevir, Ritonavir, Dasabuvir, Velpatasvir e Simeprevir. [12]

A Figura 2 mostra os principais tipos de ISTs, seus agentes infecciosos, formas de contágio e tratamentos.

Figura 2: Principais diferenças entre as ISTs apresentadas. Fonte: Ministério da Saúde. (2006) Coordenação Nacional de DST e Aids. Secretaria de Vigilância em Saúde. DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (DST). MANUAL DE BOLSO.


Prevenção

A principal prevenção para todas as ISTs é o uso de camisinha, sendo ela a camisinha peniana (também conhecido como preservativo masculino) ou o preservativo interno (também conhecido como camisinha vaginal ou preservativo feminino).

Para o uso adequado de uma camisinha (Figura 3) é importante que seja usada apenas uma por relação, o uso de duas ou mais camadas pode gerar fricção entre as camadas de látex, que pode causar uma ruptura nas camisinhas, elas nunca devem ser lavadas ou reutilizadas.

Figura 3: Informações sobre como manusear os preservativos. Fonte: Preservativo. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Infecções Sexualmente Transmissíveis. http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/prevencao-combinada/preservativo Acesso: 14/05/2021

Vacinação

Algumas ISTs possuem vacinas para contribuir para a prevenção como HPV e Hepatite B, mas mesmo com a vacinação o uso de preservativos é recomendado sempre.

-Felipe Heck, Graduando em farmácia


Referências

[1] Ministério da Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Infecções Sexualmente Transmissíveis. http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-sao-ist#:~:text=A%20terminologia%20Infec%C3%A7%C3%B5es%20Sexualmente%20Transmiss%C3%ADveis,mesmo%20sem%20sinais%20e%20sintomas. Acesso: 05/05/2021

[2] Ministério da Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Gonorréia e infecção por clamídia. http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-sao-ist/gonorreia-e-infeccao-por-clamidia Acesso: 06/05/2021

[3] Jalil, E. M., Pinto, V. M., Benzaken, A. S., Ribeiro, D., Oliveira, E. C. D., Garcia, E. G., … & Barbosa, M. J. (2008). Prevalência da infecção por clamídia e gonococo em gestantes de seis cidades brasileiras. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 30(12), 614-619.

[4] Bastos, F. I., Cunha, C. B., & Hacker, M. A. (2008). Sinais e sintomas associados às doenças sexualmente transmissíveis no Brasil, 2005. Revista de Saúde Pública, 42, 98-108.

[5] Ministério da Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Sífilis. http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-sao-ist/sifilis Acesso: 06/05/2021

[6] Ministério da Saúde. (2006) Coordenação Nacional de DST e Aids. Secretaria de Vigilância em Saúde. DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (DST). MANUAL DE BOLSO.

[7] Sena, M. F. D., Gondim, L. A. M., Souza, G. C. D. A., Ferreira, M. Â. F., & Lima, K. C. (2009). Tratamento de candidíase oral em pacientes com câncer de cabeça e pescoço: uma revisão sistemática. Rev. AMRIGS, 241-245.

[8] Shiozawa, P., Cechi, D., Figueiredo, M. A. P., Sekiguchi, L. T., Bagnoli, F., & Lima, S. M. R. R. (2018). Tratamento da candidíase vaginal recorrente: revisão atualizada. Arquivos Médicos dos Hospitais e da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, 52(2), 48-50.

[9] Ministério da Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Hepatite B. http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/hv/o-que-sao-hepatites/hepatite-b Acesso: 10/05/2021

[10] Centers for Disease Control. (2016) Hepatitis C FAQs for Health Professionals. Acesso: 10/05/2021

[11] Tohme RA, Holmberg SD (2010). Is sexual contact a major mode of hepatitis C virus transmission?. Hepatology. 52 (4): 1497–505. PMID 20635398. doi:10.1002/hep.23808

[12] Ministério da Saúde. (2018) Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Ministério da Saúde atualiza PCDT de hepatite C. Modificado em 11/03/2019 http://www.aids.gov.br/pt-br/noticias/ministerio-da-saude-atualiza-pcdt-de-hepatite-cAcesso: 13/05/2021

[13] Ministério da Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/prevencao-combinada/preservativo Acesso: 13/05/2021

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