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Formas Farmacêuticas: Sistemas Transdérmicos

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O que são Formas Farmacêuticas:


De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a forma farmacêutica corresponde à condição final dos princípios ativos farmacêuticos após uma ou mais operações especificas, podendo ou não contar com a adição de excipientes apropriados. Essa manipulação tem como objetivo facilitar a utilização dos medicamentos e obter o efeito terapêutico desejado, adaptando-se adequadamente a uma determinada via de administração.

As formas farmacêuticas desempenham um papel crucial na administração de medicamentos a pacientes de diferentes condições ou faixas etárias. Atualmente existe uma ampla variedade de formas farmacêuticas disponíveis, sendo os principais categorias: sólidas (como comprimido, cápsulas, drágeas, pastilhas e supositórios), semissólidas (como pomadas, géis e cremes), líquidas (como xaropes, gotas, soluções nasais, oftálmicas e injetáveis) e pressurizada (aerossol). À medida que uma grande variedade de formas farmacêuticas foi sendo desenvolvida, o número de vias de administração de fármacos progrediu significativamente. Atualmente, a ANVISA descreve mais de 15 vias de administração distintas.

A via oral é a mais comum para administração de fármacos. Entretanto, apresenta algumas limitações importantes: intervalos frequentes entre as doses e a desativação de fármacos no estômago, intestino ou fígado antes mesmo de alcançarem a corrente sanguínea. Isso leva a menor biodisponibilidade e diminuição do seu efeito no organismo.

Na tentativa de diminuir estas limitações, a busca por novas formas de administração de fármacos tem sido realizada ao longo do tempo. Nesse contexto, surgiram os sistemas transdérmicos como uma promissora alternativa.

Sistemas Transdérmicos:


Os sistemas transdérmicos, constituem uma forma farmacêutica que possibilita a passagem de fármacos através da pele até atingir a circulação sistêmica, sendo este processo dado por difusão a fim de permitir a sua distribuição no organismo.

Neste sistema, o medicamento geralmente se encontra na forma de adesivo transdérmico, conhecido como patches. Os patches/adesivos transdérmicos, são amplamente utilizados, devido a facilidade de aplicação e a possibilidade de serem uma opção não invasiva, favorecendo assim maior adesão dos pacientes.


Fonte: TAMELINI, E.C., et al. Como utilizer corretamente as formas farmacêuticas,2022.


Há vários tipos de sistemas adesivos transdérmicos, mas no geral são constituídos por várias camadas, considerando da superior para a inferior:


- Camada de suporte: é a camada mais externa, caracterizada por ser quimicamente inerte, para proteção do sistema e conferir flexibilidade e oclusividade adequadas;


- Camada reservatório: região onde o fármaco está em solução ou suspensão com os excipientes adequados. Esta camada pode ser também uma matriz de polímeros onde o fármaco está dissolvido ou disperso;


- Membrana polimérica: está presente nos Sistemas tipo Reservatórios. Esta camada é composta por polímeros (etileno vinil de acetato, silicone e poliuretano) os quais controlam a liberação do fármaco, de modo uniforme e por tempo prolongado ;


- Adesivo sensível à pressão: contém substância adesiva cuja função émanter o sistema firmemente aderido à pele, podendo conter uma porção de fármaco, funcionando como reservatório deste;


- Camada ou película destacável: é a camada inferior, responsável por proteger todo o sistema durante o armazenamento. No momento em que o patch é utilizado, esta camada é removida e descartada.



Fonte: DIAS, P.R.A., MOTA, P.J. Sistemas Transdérmicos, 2013.



Classificação dos sistemas transdérmicos:


As camadas que constituem os sistemas transdérmicos podem ser combinadas de diferentes maneiras, resultando em três tipos de modelos, sendo eles:

  • Sistema de fármaco no adesivo: o fármaco se encontra aderido no polímero do adesivo, de forma que, a camada adesiva possui dupla função, ou seja, manter o sistema aderente à pele, e armazenamento do fármaco para a sua liberação imediata.

  • Sistema tipo reservatório: o fármaco encontra-se dissolvido ou disperso em excipientes líquidos viscosos ou até mesmo disperso em uma matriz sólida de polimero. Nesse sistema, pode haver excipientes cuja função é aumentar a permeabilidade do fármaco na pele. A característica deste sistema é a presença de uma membrana polimérica que tem a função de liberar o ativo de modo controlado;

  • Sistema Matricial: o fármaco encontra-se diretamente dissolvido ou disperso em uma matriz polimérica inerte, a qual controla a liberação do fármaco, seguida pela camada adesiva. Neste modelo, não há membrana polimérica de liberação.




Vantagens dos sistemas transdérmicos:


  • Administração simples, indolor e não invasiva;

  • Manutenção do nível plasmático constante dos fármacos por um longo período (liberação controlada);

  • Redução da incidência de efeitos adversos: como a dose do fármaco é menor comparada à via oral, há redução dos efeitos adversos, principalmente aqueles induzidos à nível gastrointestinal.

  • Consequentemente, podem ser utilizados como via alternativa à oral, pois aumentam a biodisponibilidade do fármaco, uma vez que os sistemas transdérmicos não sofrem alterações do pH gastrointestinal e/ou do metabolismo hepático de primeira passagem.


Desvantagens dos sistemas transdérmicos:


  • Dosagem limitada, pois a pele não absorve grandes quantidades de fármacos;

  • Custos elevados de produção;

  • Possível irritação no local de aplicação do patch, causada pelas substâncias ativas ou devido ao próprio adesivo;

  • Não indicados para situações de emergência, pois o fármaco é liberado lentamente do sistema, sendo necessário algumas horas para o início do efeito desejado.



Utilização dos medicamentos transdérmicos:


Os medicamentos transdérmicos podem ser aplicados em qualquer parte do corpo, porém de preferência em áreas com grande vascularização e em superfícies planas como as costas, coxas, braços, barriga, atrás da orelha, etc., lembrando apenas de evitar as regiões de dobra de articulações.





DICAS DE USO:


  • Aplicar o adesivo em local limpo, seco e livre de pêlos para melhor aderência na pele;

  • Não aplicar em regiões com pele irritada, inflamada ou ferida;

  • Não usar loções ou cremes no local de aplicação do adesivo, para não prejudicar a adesão deste na pele;

  • Alternar o local das aplicações para não irritar a pele;

  • Não aplicar o adesivo em locais do corpo que sofrerão atrito com roupas ou acessórios;

  • Consulte sempre a bula do medicamento e instruções de uso.



Os sistemas trasndermicos mais populares são os adesivos de nicotina, de anticoncepcionais e de buprenorfina (efeito analgésico).

Atualmente, novas pesquisas têm sido feitas com o intuito de incorporar outros fármacos a estes sistemas. Entretanto, para que o desenvolvimento desta forma farmacêutica possa ser viabilizado, é necessário que tais fármacos possuam propriedades compatíveis, uma vez que, a via transdérmica é bastante restritiva no que se refere às propriedades físico-químicas dos fármacos.




Cuidados importantes na administração dos adesivos tansdérmicos:


  • Não cortar o adesivo em hipótese alguma pois o ativo poderá “vazar” do sistema, sendo perigoso seu manuseio (intoxicações) e jamais aplique dessa forma, já que o sistema perderá sua característica de liberação controlada;

  • Não aplicar em qualquer outra região do corpo não indicada na bula;

  • Lavar as mãos após a aplicação para evitar que o seu conteúdo tenha contato com mãos e olhos devido a sua manipulação durante a aplicação.




DESCARTE CORRETO DOS ADESIVOS TRANSDERMICOS:


O adesivo transdérmico deve ser descartado de maneira segura e apropriada após o uso:

  • Remoção cuidadosa: Ao remover o adesivo, faça-o com cuidado para evitar danos à pele. Puxe-o suavemente e não o reutilize.

  • Descartar em local apropriado longe do acesso de animais de estimação e crianças, pois se ingerido, inalado, mastigado ou aderido à pele destes pode causar intoxicações graves.

  • O adesivo usado não deve ser jogado no lixo comum ou descartado no vaso sanitário. Isso ocorre porque o adesivo ainda contém resíduos de substancias ativas que podem ser prejudiciais ao meio ambiente e à saúde.

  • Descarte em embalagem apropriada: Verifique com a farmácia ou com as orientações do produto se há algum tipo de embalagem específica para descarte de adesivos transdérmicos. Alguns medicamentos vêm com uma embalagem especial para a devolução dos adesivos usados.

  • Procure postos de coleta: Em alguns locais, existem postos de coleta específicos para descarte de medicamentos e materiais médicos usados, incluindo adesivos transdérmicos. Consulte a sua farmácia local ou órgãos de saúde para obter informações sobre locais de descarte apropriados na sua região.


É importante seguir essas orientações para garantir que os adesivos transdérmicos usados sejam descartados de forma segura, evitando a contaminação do meio ambiente e minimizando potenciais riscos à saúde pública.


Artigo escrito pela aluna de graduação em farmácia: Thayná Cardoso



Referências:


SAWAMURA, A.M.S.;FRANCO,SL.Sistemas terapêuticos transdérmicos.Arq.Apadec,8(1):40-47,2004. Acesso em: 31 jul.2023.

SÃO PAULO (Estado). Resolução n°17, de 02 de março de 2007. Dispõe sobre o registro de Medicamento Similar e dá outras providências. Diário Oficial da União. Acesso em 31 jul.2023.


FARMACÊUTICO DIGITAL- Formas farmacêuticas.Minas Gerais. Disponivel em: https://farmaceuticodigital.com/2014/10/formas-farmaceuticas.html.Acesso em: 31 jul.2023.


SABADINI, LUCAS. Lista completa com todas as formas farmacêuticas, conceitos e abreviações. In: INOVAFARMA. BRASIL. 22 jul.2022.. Acesso em: 01 de ago. 2023.


TAMELINI, E.C., et al. Como utilizer corretamente as formas farmacêuticas. 1.ed. UNIFAL-MG, 2022. 60 p.


DIAS, P.R.A., MOTA, P.J. Sistemas Transdérmicos, 2013. 49 p. Dissertação (Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas) -. Universidade Lusófona de Humanidades e Técnologias, Lisboa, 2013.


SOARES, M.S.C. SISTEMAS DE LIBERTAÇÃO DE FÁRMACOS ATIVADOS POR ESTÍMULOS FÍSICOS E QUÍMICOS ADMINISTRADOS POR VIA TRANSDÉRMICA, 2013. 83 p. Disseratação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) - Universidade Fernando Pessoa – Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2013.

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