top of page

Fitoterápicos para Depressão

siteconscienciaufr

DEPRESSÃO



Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas sofram de depressão, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde. O Brasil é o segundo país do continente americano com maior prevalência da depressão e com a maior prevalência na América Latina (Martins, 2022).


A depressão é um grave transtorno do humor que interfere na vida diária do acometido, sendo a principal causa de incapacidade em todo o mundo. Está associada a sentimentos negativos persistentes que afetam a capacidade de cumprir papéis sociais e realizar tarefas básicas no dia a dia, sentimentos associados a sensação de incapacidade, irritabilidade, pessimismo, isolamento social, perda de prazer, déficit cognitivo, baixa autoestima e tristeza (World Health Organization, 2021).

A depressão tem razões ainda não muito esclarecidas, porém, é de conhecimento que o transtorno é resultado de um conjunto de fatores distintos sociais, biológicos e psicológicos, não só eventos adversos podem levar a depressão, também é levado em conta propensões genéticas e estilo de vida. Além disso, a depressão também está relacionada à saúde física, por exemplo, a depressão pode levar a doenças cardiovasculares, e vice e versa (TJDFT, 2020).

De todo modo, da mesma forma que esta doença se manifesta por fatores delicados, seu tratamento também é. Em geral, o tratamento para depressão é feito combinando psiquiatra e psicoterapia, por meio de psicólogos, na maioria das vezes. Medicamentos antidepressivos também estão disponíveis para ajudar a regular a química cerebral e é conforme cada caso, de acordo com cada paciente, sempre levando em consideração os prós e contras de seu uso, uma vez que são medicamentos que apresentam efeitos adversos como: problemas gastrointestinais graves, cefaléia (dor de cabeça), falta de coordenação motora, alterações no sono e nos níveis de energia (TJDFT, 2020).

Por outro lado, por se caracterizar como um transtorno do humor, nos últimos anos o uso de fitoterápicos para seu tratamento tem sido evidenciado, numa tentativa de se utilizar desses produtos naturais como medicamentos responsáveis por controlar o humor.


FITOTERAPIA


A fitoterapia é descrita como um recurso terapêutico, caracterizado pelo uso de plantas medicinais que podem apresentar diferentes formas farmacêuticas, origem vegetal e livre da utilização de substâncias ativas isoladas. O objetivo dos fitoterápicos é a prevenção, cura ou minimização dos sintomas do acometido (Aquino, 2021).

O interesse pela fitoterapia tem crescido nos últimos anos pelo fato de serem produtos naturais, que apresentam eficiência quando comparados a medicamentos produzidos pela síntese química, sem os fortes efeitos colaterais dos medicamentos antidepressivos sintéticos. Ainda, também é importante garantir a preservação da integridade química e farmacológica da planta em seu processo de transformação em um medicamento, para que se tenha sua ação biológica constante e efetiva, a segurança do seu uso e a valorização de seu potencial terapêutico.

A respeito do uso de medicamentos fitoterápicos para pacientes com depressão, temos diferentes tipos de fitoterápicos que podem ajudar no tratamento da depressão com muitos estudos clínicos que comprovam a efetividade desses medicamentos.

Na atualidade tem se empregado o uso de plantas medicinais no tratamento desses transtornos (ansiedade e depressão leve), como a Valeriana officinalis, Passiflora incarnata, Melissa officinalis, Matricaria recutita, Rhodiola rosea, Hypericum perforatum e o Piper methysticum, possuindo grande destaque, uma vez que existem muitos estudos clínicos alegando sua efetividade, diferentemente de outras plantas medicinais que não possuem conclusão consistente sobre a sua eficácia nesses dois transtornos.


Valeriana officinalis

Além de ser utilizada para tratar a ansiedade e o estresse, a valeriana também pode ajudar a aliviar os sintomas da depressão. Ela contém substâncias como ácido valerênico e valepotriatos que atuam no sistema nervoso central, promovendo relaxamento e reduzindo a tensão.

O fitoterápico é extraído a partir das raízes da Valeriana e é comercializado em comprimidos revestidos, a dosagem varia entre 2 a 6 comprimidos ao longo do dia (dosagem entre 400 mg a 1200 mg por dia). A Valeriana é uma espécie tradicional indicada para casos de ansiedade e depressão leve, mas deve ser usada somente sob prescrição médica, uma vez que apresenta maior número de contraindicações e interações medicamentosas (Soldatelli, 2010).


Passiflora incarnata (Flor-da-paixão)

A Passiflora incarnata, também conhecida como flor-da-paixão, é uma planta herbácea que é encontrada no Sul da América do Norte, também conhecido como Maracujá. Tem como princípio ativo Flavonóides, C-glicosídeos e alcalóides abrangendo efeitos sedativos, calmantes e soníferos.

Age provavelmente inibindo a monoamina oxidase (MAO) e a ativando receptores do ácido gama-aminobutírico (GABA) (neurotransmissor que induz a inibição do SNC, causando sedação). Assim, é um fitoterápico frequentemente procurado para controlar sintomas ansiosos e de irritabilidade.

É comercializada na forma de solução oral e geralmente recomenda-se ingestão de 10 a 15 mL da solução contendo 1,4 mg do extrato, 2 a 3 vezes ao dia (Pavanelli, 2021).


Melissa officinalis (Erva-cidreira)

A erva-cidreira é uma planta herbácea capaz de reduzir níveis elevados de estresse, ansiedade, tensão e insônia e está presente em diversos países, incluindo o Brasil. As folhas dessa espécie são ricas em tanino, flavonóides e óleos essenciais, e são utilizadas na medicina popular na forma de infusão (Meira, 2013).






Rhodiola rósea (Coroa Dourada)

A Rhodiola rosea L. é uma planta herbácea e presente na Ásia e Europa. Em relação a sua composição mostra-se eficaz para o tratamento da depressão através do composto 5-HTP que produz serotonina, e estimula a liberação de dopamina, dois hormônios da felicidade. Esse fitoterápico é extraído da raiz da planta e é comercializado em comprimidos que deverão ser tomados 1 vez ao dia (dose de 400mg) (Sequeira, 2013)



Pipermethysticum (Kava-kava)

Essa planta originária das ilhas do Pacífico Sul é usada tradicionalmente como ansiolítico e sedativo natural. Suas folhas apresentam compostos que atuam no sistema nervoso central e apresentam ações farmacológicas ansiolíticas e sedativas eficazes no tratamento da depressão. Tais compostos que agem nos receptores GABA do cérebro, diminuindo a atividade neuronal e promovendo sensação de calma e relaxamento.

O extrato é disponível em cápsulas e sua dosagem diária pode variar bastante de acordo com a prescrição médica (Cordeiro, 2005).


Hypericum perforatum L. (erva de São João)

A erva de São João, também conhecida como hipericão, está presente na Europa, Ásia, África do Norte e América do Norte. É a planta mais estudada e utilizada para o tratamento da depressão leve a moderada. Sua eficácia se deve à presença de compostos como a hipericina e a hiperforina, que apresentam propriedades antidepressivas, encontrados mais especificamente nas flores da planta.

Tais compostos são capazes de provocar inibição da recaptação de serotonina, noradrenalina e dopamina, provocando a sensação de tranquilidade, modulando o humor, e a redução progressiva da depressão. A espécie Hypericum perforatum, demonstra eficácia considerável no tratamento em pacientes com depressão leve a moderada, independentemente da idade ou gênero, todavia, o tratamento deve ser acompanhado sob supervisão médica, pois as possíveis interações com outros fármacos podem comprometer o efeito farmacológico (Mascarenhas & Rodrigues, 2022).


Seu uso se dá por meio de comprimidos administrados por via oral que podem ser tomados de 1 a 3 vezes ao dia, a dose diária deve ser entre 0,9 e 2,7mg. Estudos comprovaram que o extrato obtido através da Hypericum perforatum apresenta resultados mais eficazes contra os sintomas da depressão quando comparados ao cloridrato de fluoxetina, um medicamento antidepressivo da classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (Schiavon, 2022). Dados baseados em estudos feitos em diversos países mostraram que a utilização do extrato para o tratamento da depressão resultou em uma melhora à adesão pelos usuários, uma vez que, os efeitos adversos foram menores em comparação aos medicamentos convencionais (Aquino, 2021).


CONCLUSÃO


Os diferentes medicamentos fitoterápicos têm mostrado eficácia como ansiolíticos e sedativos leves, além de auxiliar no tratamento dos sintomas da ansiedade e insônia leve, controlando também o humor do paciente, o qual é alterado no quadro de depressão. Desse modo, a maioria auxilia nos sintomas que surgem na depressão. Entretanto, o Hypericum perforatum L é o único fitoterápico que atua como antidepressivo natural, e, portanto, o mais utilizado para este fim.

O uso correto dos medicamentos fitoterápicos também é importante para a eficácia e qualidade do tratamento, para que também não haja agravamento no caso do paciente. É recomendada uma avaliação médica precisa do caso do paciente, relacionado seu histórico com sinais e sintomas, para assim ter uma indicação terapêutica adequada, estando sempre em acompanhamento farmacoterapêutico.

É importante lembrar que o uso de fitoterápicos para tratar a depressão deve ser orientado por um profissional de saúde qualificado, que poderá avaliar as condições individuais de cada paciente e indicar a melhor opção terapêutica. Além disso, os fitoterápicos não devem ser utilizados como substitutos dos medicamentos prescritos pelo médico.





REFERÊNCIAS


Aquino, Vitor. O USO DOS FITOTERÁPICOS EM PACIENTES COM DEPRESSÃO. Unilago. 2021.


Martins, Fran. Na América Latina, Brasil é o país com maior prevalência de depressão. Ministério da Saúde. gov.br; 2022.


World Health Organization. Depression: Health Topics. who.int; 2021


Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios – TJDFT. Depressão: causas, sintomas, tratamentos, diagnóstico e prevenção. tjdft.jus.br; 2020


Schiavon, Fabiana. Fluoxetina: o que é, para que serve e como funciona esse antidepressivo. Abril. saude.abril.com.br; 2022.


Soldatelli, Mariana Varaschin. Valeriana officinalis: Uma Alternativa para o controle da Ansiedade. 2010


Meira, Messulan Rodrigues. Plantas Medicinais, Produção e Cultivo da Melissa officinalis no Brasil. 2013.


Sequeira, Eliana Bragada. Plantas com Ação Adaptogénica Usadas no Combate ao Stress: Panax ginseng e Rhodiola rósea. 2013.


Cordeiro, C.H.G., Interações Medicamentosas de Fitoterápicos e Fármacos: Hypericum perforatum e Piper methysticum. 2005.


Pavanelli, André Silveira. Fitoterápicos no Controle da Depressão e Ansiedade. 2021.


Mascarenhas, J. M., & Rodrigues, J. L. G. (2022). HYPERICUM PERFORATUM L.(ERVA-DE-SÃO-JOÃO) NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, 8(4), 330-340.


Escrito por Bianca Pestana, aluna de graduação de Biotecnologia, UFRJ.




19 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

댓글


bottom of page