A AIDS é uma síndrome que afeta o sistema imunológico, deixando o paciente mais propício a infecções, causadas pelo vírus HIV. A AIDS já foi uma epidemia mundial que matou milhões de pessoas, antes da criação do “Dezembro Vermelho”.
Figura 1: Fita vermelha que representa a conscientização da AIDS. Fonte: Medium. https://medium.com/neworder/o-que-%C3%A9-o-hiv-o-que-ea-aids-e-por-que-n%C3%A3o-ha-cura-c35cae7de019 Acesso: 04/12/2019
HISTÓRIA
Durante anos a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, SIDA em inglês) e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) foram tratadas como tabus, temas que só eram abordados por alguns médicos. No ano de 1981 a doença não era nem tratada com o nome de AIDS, ela era chamada de GRID (Deficiência Imunológica Relacionada aos Gays, em inglês), porque ela foi descoberta depois que um grupo de homens homossexuais nos Estados Unidos terem morrido por infecções muito incomuns.
Figura 2: Noticia de Jornal em inglês. “Reino Unido sob ameaça de vírus gay”. https://lightbeamproductionsofficialblog.wordpress.com/2016/08/19/filming-g-r-i-d/ Acesso: 04/12/2019
No ano de 1983 foram descobertas e publicadas diversas informações sobre a AIDS. Primeiramente, foi descoberto que a doença afetava qualquer ser humano exposto a ela, não apenas homens gays, criando a sigla AIDS. A outra descoberta foi de isolar e classificar o vírus da AIDS, facilitando a sua pesquisa.
Em 1986 dois grupos estavam estudando o tema e cada um colocou um nome diferente para o vírus, mas depois criaram o nome HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana, em inglês), que é a sigla até hoje.
Em 1987, o “Dezembro Vermelho” foi criado nos Estados Unidos para combater o estigma deixado pelo passado da síndrome, para lembrar da importância da luta contra a AIDS e transmitir compreensão, solidariedade e apoio aos portadores do vírus HIV. No Brasil esse movimento já foi adotado no ano seguinte, mas apesar disso, não é muito divulgado atualmente.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da AIDS é dividido em estágios de infecção, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS):
Estágio I: infecção pelo HIV que ainda não é classificada como AIDS.
Estágio II: inclui pequenas infecções do trato respiratório superior.
Estágio III: inclui diarreia crônica, as infecções bacterianas e a tuberculose pulmonar.
Estágio IV: inclui a toxoplasmose cerebral e candidíase do esôfago, traquéia, brônquios e pulmões; essas doenças são indicadores da AIDS no seu estágio mais avançado.
O diagnóstico definitivo é feito em um teste de HIV (Figura 3) através de um exame de sangue usando anticorpos para identificar a presença do vírus. O teste é feito em uma fita que contém uma faixa de anticorpos anti-HIV e outra como controle, para saber se o teste será válido. É observado se há reação, caso haja o teste é positivo e existe uma alta indicação que o paciente está infectado. Porém, para ter uma eficácia maior o exame é feito duas vezes em amostras diferentes de sangue venoso.
Figura 3: Demonstração das possibilidades de resultados em testes de HIV. Fonte: EmTempo. https://d.emtempo.com.br/amazonas/129761/hiv-o-resultado-do-teste-rapido-e-confiavel Acesso: 04/12/2019
MÉTODOS DE PREVENÇÃO
Existem diversos modos possíveis de contaminação pelo vírus HIV, como por exemplo, por fluidos corporais como o sangue, sêmen, fluidos vaginais e leite materno. Logo, os métodos de prevenção variam de acordo com as possibilidades de infecção, que podem ser:
Na relação sexual desprotegida: o uso de preservativos como a camisinha feminina e masculina diminuem exponencialmente a possibilidade de contaminação durante qualquer tipo de relação sexual.
No compartilhamento de agulhas e outros instrumentos médicos: o uso descartáveis é muito importante, já que assim o contato entre fluidos contaminados é diminuído.
Na gravidez: Caso uma paciente portadora do vírus HIV fique grávida é possível que ela tenha o bebê sem contaminá-lo com o vírus, mas o parto deverá ser feito por um médico de plantão e a criança não poderá entrar em contato com o leite materno. Com o tratamento adequado, o risco de contaminação pode ser reduzido a 1%.
VIROLOGIA
O vírus HIV (Figura 4) é um retrovírus, um tipo de vírus que possui fitas de RNA que se replicam por transcrição reversa. Ao infectar o hospedeiro, o vírus ataca células com moléculas CD4 na sua membrana, como células dendríticas, macrófagos e TCH4s (breve definição). Depois desse ataque, uma fita de RNA do vírus HIV é anexado ao núcleo das células atacadas, fazendo a célula produzir outras células virais que vão espalhar pelo corpo. Normalmente essas infecções começam nas mucosas, mas ficam fora de controle quando atingem os linfonodos e o sistema linfático em geral, impactando a resposta imunológica no corpo todo.
Figura 4: Vírus HIV atacando uma célula. Fonte: Catraca Livre. https://catracalivre.com.br/quem-inova/em-teste-vacina-resulta-em-protecao-total-contra-hiv/ Acesso: 04/12/2019
ÚLTIMAS DESCOBERTAS
Em julho de 2019, uma equipe de cientistas da Lewis Katz School of Medicine (LKSOM) e a Universidade de Pittsburgh conseguiram isolar e retirar o DNA viral do genoma da célula animal viva. Também conseguiram suprimir a replicação do HIV, junto de sessões de terapia de edição genética, eliminando o vírus de células e órgãos animais.
Essa descoberta abriu novos horizontes para a pesquisa e desenvolvimento de uma cura para a AIDS, mas em entrevista com a instituição Temple Health os pesquisadores afirmaram que ainda há muito a ser descoberto nesse ramo de pesquisa, porém estão confiantes que um dia haverá uma cura definitiva.
Por Felipe Hack, graduando em Farmácia, UFRJ
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