Você sabia que não é a ferrugem que causa o tétano? Acompanha o texto para entender melhor sobre o assunto.
TRANSMISSÃO
A bactéria da espécie Clostridium tetani pode estar presente na terra, poeira, fezes de animais ou de humanos. A contaminação acontece se você estiver com algum ferimento e a bactéria conseguir penetrar. No caso, não é a ferrugem que vai causar o tétano, mas o contato da pele com ferimento com o objeto cortante contaminado com a bactéria Clostridium tetani, independente se o objeto está enferrujado ou não. E não se engane, essa doença é grave, entende-se por ferimento qualquer tipo de ferida, arranhão, corte e até mordida de animais. Ainda vele ressaltar que não é contagiosa, não é transmitida de um indivíduo para o outro.
A toxina da bactéria Clostridium tetani que causa a infecção de Tétano está envolvida em processos de contraturas musculares, os quais se espelham nos sintomas da doença, como:
Dificuldade de deglutição quando os músculos do pescoço são atingidos;
Insuficiência respiratória relacionada aos músculos retro abdominais e os do diafragma;
Dores nas costas e nos membros em geral causadas pela rigidez.
A ocorrência dessa doença tem muito a ver com atividades de trabalho que envolvem possível risco de ferimento relacionadas muitas vezes com condições inadequadas. Caso não seja atendido de maneira rápida, o tétano pode ser até fatal, já que as complicações envolvem:
Parada respiratória e/ou cardíaca;
Disfunção respiratória;
Infecções secundárias;
Crise hipertensiva;
Taquicardia;
Fratura de vértebras;
Hemorragias digestivas;
Edema cerebral e etc (não precisa se assustar muito, você vai ver que tem uma forma simples de prevenir esse pesadelo).
PREVENÇÃO
Você já deve ter ouvido falar da vacina pentavalente, que faz parte do esquema básico de vacinação. Ela representa proteção contra Difteria, Coqueluche, Hepatite B, Haemophilus influenzae B e...sim, Tétano. Aos 2 meses, o bebezinho já recebe essa picadinha especial e depois mais 2 doses com o intervalo de 2 meses entre elas. Vale ressaltar que temos também que tomar uma dose de reforço a cada 10 anos (vai lá conferir se você está em dia). E ainda assim, em caso de ferimentos graves, a cada 5 anos.
Mas, além disso, podemos tomar cuidado com feridas, sempre lavando com água e sabão. Algumas medidas de controle também seriam a educação continuada da população e melhoria das condições culturais e socioeconômicas.
TRATAMENTO
Basicamente consiste em neutralizar a toxina tetânica, eliminar o Clostridium tetani do foco infeccioso e medidas generalizadas de suporte. O soro antitetânico pode ser indicado dependendo de cada caso e tem como objetivo “anular” o efeito da toxina, a imunoglobulina humana antitetânica também pode ser utilizada em casos ainda mais complicados.
MECANISMO DE AÇÃO
O mecanismo está relacionado com a falha na liberação de neurotransmissores para a realização das sinapses, o que impede e/ou dificulta o contato entre os neurônios.
Os neurotransmissores são armazenados em vesículas sinápticas e, quando um sinal é enviado, elas se fundem com a membrana do neurônio pré-sináptico; após isso, o conteúdo na vesícula é liberado na fenda sináptica. A fusão da vesícula à membrana ocorre por proteínas específicas chamadas SNAREs (soluble NSF attachment receptor). É esse mecanismo de ação que é interrompido nos casos de tétano. A toxina dessa doença é uma protease que cliva a SNARE, o que impede a liberação dos neurotransmissores na fenda sináptica. Com isso, é prejudicada a propagação da informação nervosa, o que acarreta nos sintomas da doença, como paralisia espástica.
Por fim, fique em dia com a caderneta de vacinação e sempre tome os devidos cuidados em relação a ferimentos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Secretaria de Vigilância em Saúde. Ministério da Saúde, 2004.
LARRUBIA, Ana Luiza Silveira et al. Tétano acidental: uma revisão dos aspectos clínicos, epidemiológicos e neuroquímicos/Accidental tetanus: a review of clinical, epidemiological and neurochemical aspects. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 3, p. 12392-12401, 2021.
Tétano. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Biblioteca Virtual em Saúde, dez. 2019. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/tetano/. Acesso em: 5 maio 2023.
Tétano. SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES, 31 mar. 2023. Disponível em: https://familia.sbim.org.br/doencas/tetano. Acesso em: 5 maio 2023.
Tétano Acidental. GOVERNO FEDERAL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/t/tetano-acidental#:~:text=O%20T%C3%A9tano%20acidental%20%C3%A9%20uma,baixas%2C%20%C3%A1gua%20suja%2C%20poeira. Acesso em: 5 maio 2023.
Tétano: sintomas, transmissão e prevenção. FIOCRUZ. BIO-MANGUINHOS, 14 jun. 2018. Disponível em: https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/tetano-sintomas-transmissao-e-prevencao. Acesso em: 5 maio 2023.
TAVARES, Walter. O Clostridium tetani e o tétano. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 7, p. 57-68, 1973.
ESCRITO POR: Carolina Rodrigues Monteiro Barros (aluna de graduação em Farmácia - UFRJ)
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