A doença meningocócica, ou meningite, é um quadro clínico que atinge principalmente as crianças, caracterizado pela inflamação nas três membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, as meninges, membranas do sistema nervoso central.
Estamos vivenciando no momento um aumento dos casos de meningite pelo Brasil, uma doença que há muito tempo já estava controlada no país, mas que aparenta voltar à tona, devido a queda na cobertura vacinal.
Existem diferentes tipos de meningites, que são caracterizadas pelo seu agente etiológico. A doença pode ser causada por vírus, bactérias, fungos e até mesmo parasitas. Vamos conhecer alguns dos principais tipos de meningite incidentes nas populações humanas:
MENINGITES VIRAIS
O sistema nervoso central pode ser infectado por um variado conjunto de vírus, mas em qualquer dos casos, nas meningites virais sempre estão envolvidas aparição súbita de cefaléia, fotofobia, rigidez de nuca, falta de apetite, irritação, náuseas, vômitos e febre. Em indivíduos com imunodeficiências a evolução do quadro apresenta complicações mais preocupantes.
Os principais vírus que podem causar meningite são:
Enterovírus;
Arbovírus;
Vírus do sarampo;
Vírus da caxumba;
Vírus da coriomeningite linfocítica;
HIV-1; adenovírus;
Vírus do grupo Herpes.
As meningites virais costumam ocorrer nessa época do ano, na primavera e verão, com sintomas parecidos a gripe, porém, no caso de meningite por enterovírus, o quadro clínico ainda pode ser acompanhado ou antecedido de manifestações gastrointestinais, respiratórias, mialgia e erupções cutâneas.
MENINGITES BACTERIANAS
As meningites bacterianas são mais comuns no outono e inverno. O modo de transmissão se dá pelo contato direto de pessoas doentes ou portadoras saudáveis, através da via respiratória. Alguma das bactérias causadora de meningite são:
Neisseria meningitidis
A bactéria Neisseria meningitidis é responsável pela meningite meningocócica. Esse tipo de meningite é grave porque é imprevisível, pode matar em 24 horas, atingindo seu estágio grave e, muitas vezes, é letal entre 24 e 48 horas. Por isso, a melhor forma de se prevenir é a vacinação.
Além de ter uma evolução muito rápida seu início apresenta sintomas parecidos com da gripe ou da dengue, como febre, manchas vermelhas na pele, rigidez na nuca, dor de cabeça, mal-estar, náusea e vômito, confusão mental, sensibilidade à luz, dores intensas ou dores nos músculos e articulações, respiração rápida e calafrios.
Haemophilus influenzae
Este quadro caracteriza uma das formas mais graves de infecção pela bactéria gram positiva Haemophilus Influenzae, descrita pela primeira vez em 1892 em uma pandemia de Influenza, o tipo b é o mais frequente, mas também podem ocorrer quadros de meningite por Haemophilus influenzae de outros sorotipos como tipo a, c, d, e, f.
É uma doença endêmica comum na primeira infância, sendo rara em crianças maiores de 5 anos, essa forma de meningite apresenta começo súbito com febre, cefaleia intensa, náuseas, vômitos e rigidez de nuca. Pode ainda causar complicações graves como perda da audição, distúrbio de linguagem, retardo mental, anormalidade motoras e distúrbios visuais.
A vacina contra Haemophilus influenzae tipo b (Hib) está disponível desde 1999 e seu uso diminuiu em 99% a incidência de infecções sérias por Hib em crianças.
O tratamento da meningite bacteriana, por sua vez, se dá pela administração endovenosa de Cloranfenicol ou ceftriaxone, antibióticos amplamente utilizados no tratamento de doenças bacterianas.
MENINGITE TUBERCULOSA
É decorrente de complicações graves da tuberculose. Apesar de alguns quadros clínicos dessa forma de meningite apresentarem início abrupto marcados por convulsões, geralmente, tem início insidioso.
Os sintomas são dos mais diversos e se agravam conforme a doença avança:
Ainda podem ser observadas convulsões em qualquer estágio clínico da meningite tuberculosa, além disso, na maioria dos casos, a doença também acompanha alterações pulmonares.
A vacinação com BCG é a principal medida de prevenção, sendo capaz de reduzir a incidência das formas graves de tuberculose, particularmente, a meningite e a miliar.
VACINAÇÃO
A meningite é uma doença que merece muita atenção, atinge especialmente, as crianças e adolescentes e pode causar inúmeras sequelas e até mesmo a morte. A vacinação é a forma mais eficaz e segura de evitar a infecção. A proteção do público-alvo evita o adoecimento e surtos pela doença, que aumentaram neste ano de 2022.
Como a origem da doença pode ser através de patógenos diferentes são recomendadas 7 vacinas, são elas:
BCG
Pentavalente
Pneumocócica 23-valente (Polissacarídica)
Pneumocócica 10-valente (Conjugada)
Pneumocócica 13-valente (Conjugada)
Meningocócica C (Conjugada)
Meningocócica ACWY (Conjugada)
Todas elas estão disponíveis por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) nas mais de 49 mil salas de vacinação espalhadas por todo o País.
Agora faça a sua parte, Vacine-se!
Também leve crianças e adolescentes para se vacinarem.
Referências:
Varella, Mariana. SURTO DE MENINGITE EM SP: QUEM DEVE SE VACINAR. Drauzio Varella. Uol. 2022
Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – 4. ed. ampl.– Brasília: 2004.
Ministério da Saúde. Saúde amplia vacinação contra meningite e HPV; entenda o que muda. Saúde e Vigilância Sanitária. gov.br. 2022
Puente, Beatriz. Casos de meningite meningocócica no estado do RJ crescem 55,5% entre 2021 e 2022. CNN. 2022
Redação Galileu. Meningite: entenda os motivos para o aumento do número de casos no Brasil. Revista Galileu. globo.com. 2022
Motta, Fabrizio. Doença Meningocócica: Quadro clínico, diagnóstico e tratamento. SBP. Sociedade Brasileira de Pediatria. 2015
Savoy, Margot. Vacina contra Haemophilus influenzae tipo b. MD, MPH, Lewis Katz School of Medicine at Temple University. MSD. 2021
Werth, Bryan. Cloranfenicol. PharmD, University of Washington School of Pharmacy. MSD. 2022
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