Em alta no ano de 2024, a dengue virou assunto pelo aumento alarmante dos casos neste ano, até meados de fevereiro - um aumento de 157% em comparação com o mesmo período em 2023 na Região das Américas, de acordo com a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde).
Mas, afinal, o que é a Dengue?
É uma doença causada pelo vírus DENV, que possui 4 sorotipos: DENV-1, 2, 3 e 4, e gera infecção permanente - então pode ocorrer infecção mais de uma vez. Esse vírus é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti ou Aedes albopictus, em uma transmissão homem-mosquito-homem. Desse modo, não é possível haver contaminação de homem para homem.
Vale destacar que nem todos os mosquitos dessas espécies vão passar DENV para o humano, isso porque o mosquito precisa estar infectado e infectivo para que ocorra transmissão do vírus. Para estar infectado, o mosquito precisa picar alguém doente, com o vírus. A partir daí, o vírus infecta o Aedes, mas apenas após 10 dias esse vírus pode ser transmitido pelo mosquito (infectivo).
O Aedes aegypti é conhecido por se alimentar de sangue humano. As fêmeas são responsáveis pela transmissão da dengue, uma vez que necessitam do sangue para desenvolver seus ovos.
Como identificar o mosquito da dengue?
Conhecer as características do Aedes aegypti, pode ser essencial na prevenção da propagação da doença:
É um mosquito relativamente pequeno, com cerca de 4 a 7 milímetros de comprimento.
Seu corpo é esguio e escuro, com pernas finas e longas, apresentando listras brancas ao longo do corpo e das pernas.
Por que falam tanto sobre água parada?
O mosquito vetor da doença precisa de água parada para depositar ovos e desenvolver novos mosquitos. Desse modo, eliminar focos de água parada reduzem a possibilidade de contato do mosquito infectado e infectivo com o homem, como vasos de plantas, pneus velhos, recipientes de água não cobertos, entre outros locais propícios para a criação de larvas.
A picada da fêmea costuma ocorrer durante o dia e ela não é percebida pela pessoa, uma vez que ao mesmo tempo em que ela suga o sangue, há liberação de substância analgésicas.
Sintomas
A Dengue possui duas formas: clássica e hemorrágica, sendo a segunda mais grave. Os sintomas iniciais são:
Febre (39-40ºC)
Dor de cabeça
Cansaço e mal-estar
Dor atrás dos olhos, no corpo e nas juntas
Manchas vermelhas no corpo (petéquias)
Os sintomas mais graves levam a sangramentos no nariz e na gengiva, além de hematomas na pele.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito através da coleta de sangue enquanto existirem sintomas. A partir da amostra de sangue, faz-se exames específicos como isolamento do vírus e sorologia. Além disso, faz-se exames como hemograma e coagulograma.
Prevenção e tratamento
A prevenção da dengue ocorre pela redução do contato do vetor com o homem. Logo, uso de telas nas janelas, repelentes, remoção de água parada, manutenção de ambientes sem lixo, troca frequente de água de pets, além de piscinas tapadas, são ações que dificultam o contato do mosquito com o homem e previnem a doença.
O tratamento da dengue não é específico. Os fármacos usados são para sintomas (dor, febre, enjoo) e durante o tratamento é necessária muita hidratação.
A vacina Qdenga, já disponível no Brasil, possui 2 doses e pode ser aplicada em pessoas de 4-60 anos, mas até agora o governo disponibilizou, pelo SUS, apenas para adolescentes (10-14 anos). Vale destacar que após contato com o vírus, a vacinação deve ser feita apenas após 6 meses.
Como o tratamento da dengue é sintomático, muitas pessoas vêm utilizando da automedicação como uma prática. No entanto, existem medicamentos contraindicados para suspeitas de dengue por favorecerem sangramentos ou gerar problemas hepáticos. Aqueles medicamentos com ácido acetilsalicílico; anti-inflamatórios não esteroidais (como ibuprofeno, diclofenac, nimesulida); corticoides (como prednisona) e ivermectina não devem ser administrados.
Paracetamol e dipirona são os fármacos mais indicados, sendo o primeiro mais indicado quando há alergia à dipirona por ser um possível causador de intoxicação hepática, uma vez que é metabolizado no fígado.
Perguntas e curiosidades
Cães e gatos podem pegar dengue?
Não, mas o mosquito pode transmitir outras doenças, como “Verme do coração”. Mantenha suas vasilhas lavadas.
Porque as plaquetas são reduzidas em pessoas com dengue grave?
O vírus da dengue libera sinais que reduzem a produção de plaquetas, células atuantes no processo de coagulação. Sua redução favorece hemorragias.
Todos os repelentes são eficientes?
Não. Contra a Dengue recomenda-se aqueles com: IR3535, ou DEET ou Icaridina.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Virologia Humana, 3ª edição, WIGG, SANTOS e ROMANOS;
Organização Mundial da Saúde. Alerta Epidemiológico: Dengue na Região das Américas. 16 de fevereiro de 2024. Washington, D.C. OPAS/OMS. 2024).
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Dengue. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/doenca/dengue. Acesso em: 11 mar. 2024.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Quais repelentes posso usar contra o mosquito da dengue? Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2024/quais-repelentes-posso-usar-contra-o-mosquito-da-dengue>. Acesso em: 13 mar. 2024.
Universidade de São Paulo (USP). Aumento no número de casos de dengue reforça importância da vacinação. Disponível em: <https://jornal.usp.br/radio-usp/aumento-no-numero-de-casos-de-dengue-reforca-importancia-da-vacinacao/>. Acesso em: 11 mar. 2024.
Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP). Dengue: aumento de casos preocupa saúde pública. Disponível em: <https://crmvsp.gov.br/dengue-aumento-de-casos-preocupa-saude-publica/>. Acesso em: 11 mar. 2024.
Instituto Oswaldo Cruz (IOC). Aedes aegypti: vetor da doença. Disponível em: <https://www.ioc.fiocruz.br/dengue/textos/aedesvetoredoenca.html>. Acesso em: 11 mar. 2024.
G1. Cães e gatos podem pegar dengue: veterinário explica importância de manter pets longe do mosquito Aedes aegypti. Disponível em: <https://g1.globo.coml>. Acesso em: 13 mar. 2024.
Alerta Epidemiológico - Aumento de casos de dengue na Região das Américas - 16 de fevereiro de 2024. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/documentos/alerta-epidemiologico-aumento-casos-dengue-na-regiao-das-americas-16-fevereiro-2024>. Acesso em 13 de mar. 2024.
Texto escrito por Maria Eduarda Ferreira Gomes, graduanda de Biomedicina na UFRJ, 7º período.
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