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CONSEQUÊNCIAS DAS PÍLULAS ANTICONCEPCIONAIS

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Atualizado: 16 de mai. de 2022

O QUE SÃO?

Muito utilizada atualmente no Brasil, a pílula anticoncepcional é indicada para prevenir a gravidez e/ou regular o ciclo menstrual, entre outros fatores, como por exemplo, tratar doenças relacionadas ao hormônio andrógeno. É recomendado consultar um médico para a indicação do melhor contraceptivo para cada caso, devido aos seus efeitos negativos que causam nas mulheres. (SOUZA et al., 2016).

Em 1961 foi aprovada a primeira pílula anticoncepcional chamada Enovid (FREITAS & GIOTTO, 2018) a qual apresentava efeitos colaterais elevados, como uma gravidez indesejada e até óbito (BRANDT, OLIVEIRA & BURCI, 2018).

COMO FUNCIONAM?

Os hormônios presentes nas pílulas atuam inibindo a ovulação e modificam o endométrio e o muco[MBP1] cervical. Entretanto, a maioria das mulheres não sabem sobre as contra-indicações e as reações que o medicamento pode causar. (SOUZA et al., 2016).

Figura 2: Modo de ação dos anticonscepcionais baseados em hormônios. Fonte: Mulheres e especialistas divergem sobre uso da pílula para fins estéticos – Jornal Correio (correio24horas.com.br).

MUDANÇAS NA SOCIEDADE

Depois da descoberta dos contraceptivos, a mulher se tornou capaz de decidir se quer ter filhos, deixando de ser uma questão apenas biológica (MACHADO & SERRANO, 2014).

Os contraceptivos podem atuar antes da fecundação, os chamados de inibidores, ou também após a fecundação, interrompendo a gravidez. (SOUZA et al., 2016).

É necessário ter conhecimento acerca dos anticoncepcionais para decidir qual melhor se enquadra no seu perfil, de acordo com a saúde pessoal, renda familiar, o uso, entre outros fatores. As mulheres tem tanto medo da gravidez que aceitam os riscos das pílulas sem ao menos saber quais são esses riscos e sem a orientação de um ginecologista”. (SOUZA et al., 2016).

Os contraceptivos esteróides, conhecidos vulgarmente como contraceptivos hormonais foram introduzidos no mercado em 1960, contendo em sua formulação os hormônios estrogênio e progesterona, ou apenas este último (SOUZA et al., 2016).

QUAIS SÃO OS TIPOS DE PÍLULAS?

As pílulas são divididas em combinadas (monofásicas, bifásicas e trifásicas) e minipílula (somente progesterona recomenda para/ mulheres amamentando) (MACHADO & SERRANO, 2014).

  1. Monofásica – contêm a mesma quantidade de estrógeno e de progestógeno

  2. Bifásicas e Trifásicas – mudam a quantidade desses hormônios em diferentes momentos do ciclo. As bifásicas mudam a partir da 11ª pílula em diante, e as trifásicas têm uma dosagem diferente de 7 em 7 dosagens.

  3. Minípula – contém progestógeno isolado.

Os comprimidos combinados e monofásicos de baixa dose são os que apresentam uma maior eficácia (ALMEIDA & ASSIS, 2017).

Figura 3: Tipos de pílulas combinadas. Fonte: https://globoplay.globo.com/v/5342898/.

COMO TOMAR OS ANTICONCEPCIONAIS ORAIS?

Figura 4: Como tomar a Pílula Anticoncepcional. Link: http://ginelife.com.br/2017/08/25/como-tomar-a-pilula-anticoncepcional/

No primeiro mês de uso, ingerir o primeiro comprimido preferencialmente no primeiro dia do ciclo menstrual, no máximo até o quinto dia; os próximos comprimidos devem ser ingeridos preferencialmente no mesmo horário, todos os dias. Algumas pílulas tem pausas de 7 dias para a menstruação, enquanto outras não há necessidade de interrupção da medicação.

É comum a mulher se esquecer de tomar a pílula, devendo ser ingerida o mais rápido possível ou ainda ingerir as duas pílulas no mesmo horário. Sendo recomendado utilizar um método de barreira ou interromper a medicação até a próxima menstruação dependendo do caso. O mesmo vale para casos de vômitos e/ou diarreias.

EFICÁCIA / SEGURANÇA DOS ANTICONCEPCIONAIS

Os contraceptivos hormonais orais, principalmente pílulas combinadas, são considerados um dos métodos mais eficazes quando utilizados da maneira correta, porém na prática existem fatores que podem ocasionar a diminuição da eficácia desse medicamento e consequentemente pode aumentar os riscos à saúde. (STECKERT & ALANO, 2016).

Hábitos como a ingestão de bebidas alcoólicas em exagero, o consumo de cigarros, o uso de medicamentos anticonvulsivantes e anti-retrovirais, bem como um peso elevado, o que tende a diminuir os níveis séricos de hormônio, ficando depositados nos tecidos adiposos, são fatores que alteram a segurança e efetividade dos anticoncepcionais orais (STECKERT & ALANO, 2016).

PRÓS E CONTRAS DO ANTICONCEPCIONAL ORAL



O uso de anticoncepcionais muito cedo, caso que ocorrem antes que o trato genital feminino se desenvolva totalmente, pode ser um fator importante para o surgimento do câncer de colo de útero , assim como mulheres que o utilizam por longos períodos (cerca de 12 anos) apresentam tendência a desenvolver adrenocarcinoma (ALMEIDA & ASSIS, 2017) (UCHIMURA, 2005).

Diversos estudos (Berquó, 1993; Morell, 1994; Schor & Morell, 1994; Schor, 1995; Pirotta, 1998) apontam que as mulheres brasileiras que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) tem acesso a poucos métodos para regular sua fecundidade, ficando restritas ao uso da pílula e a esterilização, embora esta última não seja um método anticoncepcional por ser irreversível (SHOR et al., 2000).

O início da atividade sexual tem sido cada vez mais jovem e quanto menor a idade da mulher, menor as chances dela estar utilizando algum tipo de anticoncepcional e portanto, maior a possibilidade de ocorrer uma gravidez logo nas primeiras relações. Isso é devido principalmente ao fato da falta de planejamento com que ocorrem as relações sexuais (SHOR et al., 2000).

Atenção!! Caso a paciente apresente trombose, embolia pulmonar, algum indício de ataque cardíaco anterior ou na família, diabetes mellitus com lesão de vasos sanguíneos, sangramento vaginal, entre outros deve procurar um profissional da saúde antes de utilizar métodos contraceptivos orais.

PÍLULAS ANTICONCEPCIONAIS MAIS UTILIZADAS NO BRASIL

Etinilestradiol + gestodeno – é um contraceptivo oral de baixa dose que contém a combinação de dois hormônios femininos, o gestodeno (progestógeno) e o etinilestradiol (estrógeno). Tem como efeitos a redução do período menstrual, bem como a intensidade do fluxo, diminuindo o risco de anemia, reduz a ocorrência de câncer de ovário e de endométrio. Não é indicado para pessoas com trombose, diabetes mellitus, câncer de mama ou outros órgãos genitais, ocorrência ou suspeita de gravidez, e para mulheres com hipersensibilidade (alergia) a algum dos componentes do medicamento.

entre outros. Tem como reações comuns a dor de cabeça, náuseas, aumento do peso corporal, dor nas mamas, (como dor, secreção, aumento e sensibilidade), alterações de humor, alteração do peso corporal (ganho ou perda), dor de cabeça, vaginite, candidíase, alteração de líbido, depressão.

Etinilestradiol + levonorgestrel – é um contraceptivo oral que previne a gravidez composto por etinilestradiol e levonorgestrel, que juntos inibem a ovulação, sendo considerado um contraceptivo oral de baixa dose, além de também mudar o muco cervical para dificultar a passagem do espermatozóide e mudarem o endométrio para diminuir as chances do óvulo aderir na parede uterina. Pessoas intolerância a glicose ou diabetes mellitus devem ser acompanhadas durante o uso desse medicamento, pois este pode aumentar o nível de triglicerídes, o que pode inflamar o pâncreas.

Mulheres com depressão devem ser observadas durante o uso do medicamento, observando a ocorrência de aumento do grau da depressão por conta do medicamento, seu uso deve ser evitado.

Como principais reações adversas durante o uso deste medicamento está o aumento no risco de trombose e é muito comum a ocorrência de vaginite (inflamação na vagina), incluindo candidíase.

Pessoas com excesso de peso, fumantes, diabéticas, que tem pressão alta, casos na família de trombose, enxaqueca, epilepsia, casos de altos níveis de gordura no sangue, entre outros, devem ter uma supervisão médica para consumir o medicamento.

É comum a ocorrência de reações adversas como dor abdominal, dor de cabeça, náuseas, alterações de humor e dor nas mamas.

Desogestrel – contém pequena quantidade do hormônio feminino progestagênio desogestrel, sendo chamado de minipílula ou progestagênio isolado. A maioria das minipílulas não chegam a impedir a maturação do óvulo como as pílulas combinadas fazem, elas têm como função principal impedir a entrada das células do esperma no útero.

Pode ocorrer sangramento durante o uso de desogestrel, mas seu uso deve ser continuado. Porém, em casos de sangramento abundante ou prolongado o médico deverá ser consultado. Não é indicado pausa para menstruação, então assim que terminar a cartela, outra deve ser imediatamente iniciada.

Desogestrel pode ser usado durante a amamentação pois não influencia no leite materno, porém sempre consultando seu médico.

É comum ter como reações adversas dor nas mamas, espinhas (acne), dor de cabeça, diminuição da líbido, irregularidade ou ausência de menstruação, alterações de humor, aumento de peso e náuseas.

Etinilestradiol + acetato de ciproterona – apesar de também ser usado como contraceptivo oral, este medicamento diferentemente dos outros, só pode ser utilizado para mulheres que precisam de tratamento de doenças relacionadas aos hormônios andrógenos, principalmente casos de acne se forem acompanhadas de seborreia, inflamações ou formações de nódulos, casos leves de hirsutismo (excesso de pêlos) e síndrome de ovários policísticos (SOP), sendo vendido apenas sob prescrição médica.

Há os mesmos benefícios que os outros anticoncepcionais, como diminuição do fluxo e duração do período menstrual e uma diminuição na dor causada pela menstruação.

É comum as pacientes terem dor abdominal, náuseas, dor de cabeça, alterações de humor, dor nas mamas e aumento de peso corporal.

Ciproterona + etinilestradiol – é utilizado para tratamentos de doenças relacionadas aos hormônios andrógenos. Este medicamento deve ser usado apenas se a terapia tópica ou outros tratamentos não forem considerados adequados. Apesar de poder ser utilizado como contraceptivo oral, ele é reservado para tratamento das doenças andrógenos dependentes.

Contém a combinação de dois hormônios diferentes: o acetato de ciproterona (progestógeno com propriedades antiandrogênicas) e o etinilestradiol (estrogênio), sendo considerado um medicamento de baixa dose.

Seu uso deve ser suspenso imediatamente caso apresente trombose venosa profunda, embolia pulmonar, derrame, ataque cardíaco.

É comum apresentar sintomas como dor abdominal, náuseas, aumento de peso, alterações de humor, dor nas mamas e dor de cabeça.

Drospirenona + etinilestradiol – Contém pequenas quantidades dos hormônios drospirenona (progestógeno) e etinilestradiol (estrogênio), sendo considerado um contraceptivo combinado de baixa dose. Utilizado para prevenir a gravidez, porém apresentando melhorias adicionais, como diminuição da retenção de líquido, inchaço ou ganho de peso, melhora da acne e reduz o excesso de oleosidade dos pêlos e cabelos.

É contraindicado para mulheres com doença hepática ou mau funcionamento dos rins.

É comum as mulheres terem alterações de humor, depressão, dor nas mamas, enxaqueca, diminuição ou perda da libido, sangramento entre os períodos menstruais.

Pílulas x Doenças Sexualmente Transmissíveis

Percebe-se atualmente que a população está mais preocupada em evitar uma gravidez indesejada do que se proteger de doenças sexualmente transmissíveis, chamadas de DSTs.

Vale deixar claro que as pílulas anticoncepcionais, assim como a maioria dos métodos contraceptivos, não previnem nenhum tipo de DST, sendo que para esses casos deve-se utilizar métodos de barreira, como os preservativos masculinos e femininos (BASTOS et al., 2009).

OUTRAS OPÇÕES DE CONTRACEPTIVOS

Apesar da pílula anticoncepcional ser muito difundida e utilizada, muitas mulheres não podem utilizar devido a alguma doença prévia onde os efeitos adversos seriam muito perigosos.

Assim, outros métodos contraceptivos podem ser utilizados, com eficacia semelhante à pílula ou menor eficácia, como mostra o desenho abaixo:

Para obter outras informações: procure seu médico ou farmacêutico.

REFERÊNCIAS

Freitas, F. S.; Giotto, A. C. CONHECIMENTO SOBRE AS CONSEQUÊNCIA DO USO DE ANTICONCEPCIONAL HORMONAL. Rev Inic Cient e Ext., 2018.

Brandt, G. P.; Oliveira, A. P. R.; Burci, L. M. ANTICONCEPCIONAIS HORMONAIS NA ATUALIDADE: UM NOVO PARADIGMA PARA O PLANEJAMENTO FAMILIAR. REVISTA GESTÃO & SAÚDE, 2018.

Souza, G. G.; Lima, T. F. A.; Nóbrega, M. M.; Barreto, C. C. M. CONHECIMENTO E USO DE ANTICONCEPCIONAIS HORMONAIS: O QUE É CERTO OU ERRADO? Temas sem Saúde, 2016.

Machado, Ana; Serrano, Fatima. Contracepção hormonal e sexualidade feminina. Acta Obstet Ginecol Port 2, 2014.

Anticoncepcionais Orais Combinados. Portal Saude Direta. Disponível em: http://www.saudedireta.com.br/docsupload/1340374657Portuguese-Chapter1.pdf

Almeida, A. P. F.; Assis, M. M. EFEITOS COLATERAIS E ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS RELACIONADAS AO USO CONTÍNUO DE ANTICONCEPCIONAIS HORMONAIS ORAIS. Rev. Eletrôn. Atualiza Saúde, 2017.

Steckert, A. P. P.; Nunes, S. F.; Alano, G. M. CONTRACEPTIVOS HORMONAIS ORAIS: UTILIZAÇÃO E FATORES DE RISCO EM UNIVERSITÁRIAS. Associação Catarinense de Medicina, 2016.

Schor, Néia; Ferreira, A. F.; Machado, V. L.; França, A. P.; Piratta, K. C. M.; Alvarenga, A. T.; Siqueira, A. A. F. Mulher e anticoncepção: conhecimento e uso de métodos anticoncepcionais. Cad. Saúde Pública, 2000.

ALLESTRA 20. São Paulo: Blisfarma Indústria Farmacêutica Ltda. Bula de remédio.

CICLO 21. Minas Gerais: UNIÃO QUÍMICA FARMACÊUTICA NACIONAL S/A. Bula de remédio.

MICROVLAR. São Paulo: Schering do Brasil, Química e Farmacêutica Ltda. Bula de remédio.

CEZARETTE. São Paulo: Eurofarma Laboratórios S.A. Bula de remédio.

SELENE: São Paulo: EUROFARMA LABORATÓRIOS S.A. Bula de remédio.

DIANE 35: São Paulo: Schering do Brasil, Química e Farmacêutica Ltda. Bula de remédio.

TÂMISA 30 e 20. São Paulo. EUROFARMA LABORATÓRIOS S.A. Bula de remédio.

YASMIN. São Paulo. Schering do Brasil, Química e Farmacêutica Ltda. Bula de remédio.

Ministério da Saúde (BR). PNDS 2006- Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Mulher e da Criança. Brasília: Ministério da Saúde; 2008.

Uchimura, N. S.; Ribalta, J. C. L.; Focchi, José; Baracat, E. C.; Uchimura, T. T. Influência do uso de anticoncepcionais hormonais orais sobre o número de células de Langerhans em mulheres com captura híbrida negativa para papilomavírus humano. Rev Bras Ginecol Obstet, 2005.

Berquó, Elza. BRASIL, UM CASO EXEMPLAR – anticoncepção e parto cirúrgicos – à espera de uma ação exemplar’ Trabalho apresentado no Seminário “A Situação da Mulher e o Desenvolvimento”. Campinas: Núcleo de Estudos Populacionais – NEPO, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, 1993.

MORELL, M. G. G. P. Anticoncepção em São Paulo em 1986: Prevalência e características, 1994.

SCHOR, N. & MORELL, M. G. G. P.. Saúde Reprodutiva: Uma Tentativa de Caracterização das Condições de Reprodução em São Paulo. Relatório de pesquisa. São Paulo: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, 1994.

SCHOR, N. Adolescência e Anticoncepção: Conhecimento e Uso. Tese de Livre Docência, São Paulo: Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, 1995.

PIROTTA, K. M. A Mulher e a Esterilização: Do Mito da Emancipação ao Desvelamento da Subalternidade. Dissertação de Mestrado, São Paulo: Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, 1998

Bastos, Silvia; Bonfim, J. R. A.; Kalckmann, Suzana; Figueiredo, Regina; Fernandes, M. E. L. Prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Procura da Contracepção de Emergência em Farmácias e Drogarias do Município de São Paulo. Saúde Soc. São Paulo, 2009.

Por Letícia Dayane, Graduanda em Farmácia pela UFRJ.

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