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COMO DESCARTAR SEUS MEDICAMENTOS?

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Atualizado: 16 de mai. de 2022

O que são medicamentos?

Os medicamentos são produtos especiais elaborados com a finalidade de diagnosticar, prevenir, curar doenças ou aliviar os seus sintomas. Portanto, é uma forma farmacêutica que contém o fármaco, que é responsável pela ação farmacológica, em associação com adjuvantes farmacotécnicos, e são elaborados por farmácias ou indústrias, e devem seguir determinações legais de segurança, eficácia e qualidade (ANVISA, 2010).

Descarte de Medicamentos Incorreto

O Brasil é o sétimo país que mais consome medicamento no mundo, portanto o seu descarte representa um desafio, uma vez que ele apresenta riscos de contaminação à água, ao solo, aos animais e a saúde pública. Assim, ao descartar medicamentos de forma inadequada, como por exemplo: lixo comum, vaso sanitário, aterros, lixões, solo, estações de tratamento de água/esgoto, os consumidores contribuem com a contaminação ambiental (ALENCAR et al., 2014).

Além disso, ao administrar um medicamento uma parte do fármaco é utilizada para o efeito terapêutico, outra parte é metabolizada, e outra pode ser eliminada inalterada pela urina ou pelas fezes. A partir daí, duas coisas distintas podem ocorrer: se a residência estiver conectada à rede de esgoto, esse fármaco passará por uma estação de tratamento, na qual pode ser total ou parcialmente eliminado, a depender da substância, antes de desembocar em alguma fonte de água; ou será despejado integralmente no manancial mais próximo (UEDA et al., 2009).

Os problemas causados pela presença dos fármacos e excipientes no ambiente ainda não são bem conhecidos. Porém alguns estudos relatam que fármacos, como hormônios femininos (estrogênio, progesterona), encontrados em pílulas anticoncepcionais, quando diluídos em água podem causar feminização de peixes e a formação de óvulos em animais machos, e interferir no metabolismo e comportamento de organismos aquáticos. Os antibióticos também são preocupantes, pois quando expostos ao meio ambiente, tornam as bactérias resistentes ao antibiótico em questão e as doenças causadas por elas. Outro problema são as pessoas que manejam os resíduos de medicamentos sem proteção, como catadores de lixo, os quais são susceptíveis a eventos adversos e intoxicações (SOUZA & FALQUETO, 2015). Em longo prazo também pode ocorrer à bioacumulação, seja por contato direto, que é através da contaminação por via oral, subcutânea ou respiratória com o meio ambiente, ou por contato indireto, que é através da cadeia alimentar (PINTO et al., 2014).

Apesar de existirem técnicas de remoção de fármacos nas estações de tratamento de água, como a ultrafiltração, oxidação avançada, ozonização, estas ainda não foram projetadas para tal, pois os elevados custos inviabilizam sua implantação. Os medicamentos que são descartados no lixo comum e chegam aos aterros sanitários que, muitas vezes não possuem impermeabilização adequada, podem atravessar diversos meios e contaminar o solo e o lençol freático, como mostra a Figura 1 (LIMA et al., 2014).

Figura 1: Descarte não ecológico de medicamentos. Fonte: Salles, Wladimir. Canal Reverso para Medicamentos, 2016. http://wmtc.com.br/2016/09/27/canal-reverso-para-medicamentos/. Acesso em 05/11/2019.

Logística Reversa

É importante colocar em prática a logística reversa de medicamentos domiciliares vencidos ou em desuso, que constitui um conjunto de ações, procedimentos e meios de viabilizar a coleta de produtos usados e entregá-los aos seus fabricantes. A intenção é reaproveitá-los num novo ciclo de produção ou providenciar uma destinação final adequada em termos ambientais. Ou seja, a pessoa que comprou o medicamento em uma farmácia deve devolvê-lo, quando vencido, à farmácia e essa deverá ser responsável por encaminhá-lo à indústria que produziu, a qual irá dar um destino final mais apropriado, como mostra a Figura 2 (AURÉLIO, PIMENTA & UENO, 2015).

Figura 2: Logística Reversa descarte de medicamento. Fonte: http://www.pharmainnovation.com.br/setor-de-medicamentos-aprofunda-discussoes-sobre-logistica-reversa/. Acesso: 06/11/2019.

Mas afinal, o que fazer?

  1. Uso racional de medicamentos

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), entende-se o uso racional de medicamentos é quando o paciente recebe o medicamento apropriado para a sua condição clínica, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade (OMS, 1985). Isso significa utilizar o medicamento de forma racional, sem a automedicação e não interromper o tratamento por conta própria. Além disso, é importante não comprar medicamento em grandes quantidades para deixar armazenado em casa, pois é provável que parte expire seu prazo de validade sem uso e precise ser descartado (RIBEIRO & BINSFELD, 2013).

  1. Informação

Muitas pessoas descartam o medicamento de forma incorreta, nos lixos e esgotos, por falta de informação. Portanto, é imprescindível informar a população sobre esse tema e que existem postos de coletas, em farmácias e drogarias, espalhados pelo Rio de Janeiro, que fazem o descarte ambientalmente correto dos medicamentos vencidos (RIBEIRO & BINSFELD, 2013).

  1. Descartar corretamente

Levar todos os medicamentos vencidos, incluindo caixas, bulas, que tiveram contato com o medicamento, frascos, bisnagas e cartelas metálicas até o posto de coleta mais próximo da sua casa. As bulas e embalagens que não tiveram contato direto com o medicamento podem ser descartadas nos pontos de reciclagem comum (SOUZA & FALQUETO, 2015). A Figura 3 mostra o endereço de alguns postos de coleta na cidade do Rio de Janeiro. Além disso, existe a ferramenta de busca https://www.ecycle.com.br/ que ajuda a identificar os postos de coleta de medicamentos para descarte mais próximos de você e o aplicativo MediList.

Figura 3: Postos de coletas de medicamentos. Fonte: Quartim, Elisa. Ecomed, estação coletora de medicamentos, 2011. http://embalagemsustentavel.com.br/2011/05/25/ecomed/ Acesso em 05/11/2019

O descarte de medicamentos injetáveis, como a insulina, é diferente. As seringas e agulhas devem ser guardadas em um pote com paredes rígidas e levadas até uma unidade de saúde (SOUZA & FALQUETO, 2015).

Como são tratados esses resíduos?

A primeira etapa é segregar os resíduos na fonte geradora, pois possibilita que sejam classificados conforme normas técnicas e o preconizado pela legislação, dando um tratamento diferenciado para cada um deles. Para os medicamentos injetáveis, as seringas e agulhas são descontaminados em uma usina de tratamento e depois destinados a aterros sanitários, como resíduos sólidos. Os medicamentos são tratados por processos térmicos, geralmente queimados em usinas de incineração, diminuindo o volume dos resíduos e sua periculosidade (FALQUETO, KLIGERMAN & ASSUMPÇÃO, 2010).

É importante lembrar que a incineração também apresenta riscos para o meio ambiente e para a saúde, já que os gases emitidos pela queima e as cinzas produzidas pode conter substâncias tóxicas. Isso exige um controle e equipamentos com alta eficiência de filtração e lavagem de gases para diminuir os riscos. Por enquanto, é a melhor opção para destinação final dos resíduos de serviço de saúde (RSS) (FALQUETO, KLIGERMAN & ASSUMPÇÃO, 2010).

Dicas para um descarte correto!

O que fazer com os medicamentos vencidos em sua residência?



  1. Não jogar na pia ou no vaso sanitário

  2. Não jogar no lixo seco

  3. Não jogar no lixo orgânico

  4. Não guardar juntos com os outros medicamentos da casa

  5. Guardar em local separado e seguro, fora do alcance das crianças;

  6. Procurar informações sobre pontos de recolhimentos na sua cidade.

Por Letícia Dayane Figuerêdo de Siqueira, Graduanda em Farmácia da UFRJ

Referências:

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia Brasileira, volume 1, 5ª Ed. Brasilia. 2010.

Alencar, T. O. S.; Machado, C. S. R.; Costa, S. C. C.; Alencar, B. R. Descarte de Medicamentos: uma análise da prática no Programa de Saúde da Família. Ciência Saúde Coletiva, 19 (7): 2157 – 2166. 2014.

Ueda, J.; Tavernaro, R.; Marostega, V.; Pavan, W. Impacto Ambiental do descarte de fármacos e estudo da conscientização da população a respeito do problema. Revista Ciências do Ambiente, 5 (1). 2009.

Lima, D. R. S.; Afonso, R. J. C. F.; Libâno, M.; Aquino, S. F. Avaliação da remoção de fármacos e de desreguladores endócrinos em águas de abastecimento por clarificação em escala de bancada. Química Nova, 37 (5): 783- 788. 2014.

Souza, C. P. F. A.; Falqueto, Elda. Descarte de Medicamentos no Meio Ambiente no Brasil. Revista Brasileira de Farmácia, 96 (2): 1142-1158. 2015.

Pinto, G. M. F.; Silva, K. R.; Pereira, R. F. A. B.; Sampaio, S. I. Estudo do descarte residencial de medicamentos vencidos na região de Paulínia (SP). Engenharia Sanitária e Ambiental. 19 (3): 219-224. 2013.

Vaz, K.V.; Freitas, M.M.; Cirqueira, J.Z. Investigação sobre a forma de descarte de medicamentos vencidos. Cenarium Pharmacêutico, 4, 4, 2011.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Conferência Mundial sobre Uso Racional de Medicamentos. Nairobi, 1985.

Ribeiro, M. A.; Binsfeld, P. C. Descarte de medicamentos vencidos ou não utilizados: riscos e avanços recentes, 2013. Link: http://www.cpgls.pucgoias.edu.br/8mostra/Artigos/SAUDE%20E%20BIOLOGICAS/DESCARTE%20DE%20MEDICAMENTOS%20VENCIDOS%20OU%20N%C3%83O%20UTILIZADOS%20RISCOS%20E%20AVAN%C3%87OS%20RECENTES.pdf.

Falqueto, E.; Kligerman, D. C.; Assumpção, R. F. Como realizar o correto descarte de resíduos de medicamentos? Ciência e Saúde Coletiva, 15 (2): 3283- 3293. 2010.

Aurélio, C. J.; Pimenta, R. F.; Ueno, H. M. Logística reversa de medicamentos: estrutura no varejo farmacêutico. Gestão da Produção, Operações e Sistemas, 10 (3): 1-15. 2015.

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