O suicídio é uma dolorosa realidade de alcance global, acarretando consequências significativas para a sociedade. Conforme o levantamento mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, observa-se um registro que ultrapassa 700 mil ocorrências de suicídio em todo o mundo. No entanto, este número não incorpora os incidentes subnotificados, o que sugere uma estimativa superior a 1 milhão de casos. No Brasil, a estatística se aproxima de 14 mil situações anuais, equivalente a uma média de 38 indivíduos que tomam essa trágica decisão diariamente.
A campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio é uma iniciativa crucial para abordar esse problema de saúde mental complexo que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. O objetivo principal da campanha é aumentar a conscientização sobre o suicídio, reduzir o estigma associado a ele, e fornecer recursos e informações para ajudar as pessoas a identificar sinais de alerta e agir de maneira adequada para prevenir tragédias.
Em 2013, Antônio Geraldo da Silva, presidente da ABP, deu notoriedade e colocou no calendário nacional a campanha internacional Setembro Amarelo. Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM divulgam e conquistam parceiros no Brasil inteiro com essa linda campanha. "Setembro Amarelo" é a maior campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio do mundo, e ocorre anualmente durante o mês de setembro. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a iniciativa acontece durante todo o ano. A escolha da cor amarela está relacionada ao significado simbólico da cor, que remete à luz, à vida e à esperança. Durante o Setembro Amarelo, ocorrem diversas atividades e eventos para promover a conscientização sobre a prevenção do suicídio. Em 2023, o lema é “Se precisar, peça ajuda!” e diversas ações já estão sendo desenvolvidas.
Dados sobre o suicídio
O suicídio representa uma questão significativa de saúde pública, com implicações que reverberam em toda a sociedade. De acordo com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente, mais vidas são perdidas para o suicídio do que para o HIV, malária ou câncer de mama, bem como para conflitos armados e homicídios. Entre os jovens na faixa etária de 15 a 29 anos, o suicídio figura como a quarta principal causa de morte, ficando atrás somente de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Este fenômeno, complexo em sua natureza, transcende origens, gêneros, culturas, estratos sociais e idades. Dados apresentados pela Secretaria de Vigilância em Saúde, divulgados pelo Ministério da Saúde em setembro de 2022, apontam um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade entre adolescentes de 15 a 19 anos no período entre 2016 e 2021, chegando a 6,6 a cada 100 mil. Da mesma forma, entre adolescentes de 10 a 14 anos, houve um incremento de 45%, resultando em 1,33 a cada 100 mil.
Essas taxas divergem entre nações, regiões e entre os sexos. No contexto brasileiro, observa-se que 12,6 a cada 100 mil homens e 5,4 a cada 100 mil mulheres morrem por suicídio. Em países de alta renda, as taxas para homens atingem 16,6 a cada 100 mil, enquanto para mulheres, em países de renda média-baixa, o índice é de 7,1 a cada 100 mil. As taxas de suicídio também variam por região. Enquanto algumas nações europeias testemunharam uma queda nessas taxas, países do Leste Asiático, América Central e América do Sul presenciaram um aumento preocupante. Apesar de alguns países terem priorizado a prevenção do suicídio como pauta principal, muitos ainda não demonstram um compromisso substancial. No momento, somente 38 países possuem uma estratégia nacional reconhecida para prevenção do suicídio.
Campanhas de conscientização sobre a prevenção do suicídio
Aqui estão alguns elementos-chave que podem estar presentes em uma campanha de conscientização sobre prevenção do suicídio:
Informação sobre os sinais de alerta: Uma campanha eficaz aborda os sinais e sintomas que podem indicar que alguém está em risco de cometer suicídio. Isso pode incluir mudanças drásticas no comportamento, isolamento social, expressões de desesperança, desinteresse por atividades anteriormente apreciadas e declarações diretas ou indiretas sobre o desejo de morrer.
Destacar fatores de risco: A campanha deve discutir abertamente os fatores de risco que podem contribuir para o desenvolvimento de pensamentos suicidas, como problemas de saúde mental não tratados, histórico de tentativas de suicídio, histórico de abuso ou trauma, isolamento social e outros.
Promoção da empatia e compreensão: Uma campanha eficaz trabalha para reduzir o estigma associado à saúde mental e ao suicídio. Isso pode ser feito através de histórias pessoais, depoimentos de sobreviventes e da promoção de uma cultura de empatia, onde as pessoas se sintam à vontade para buscar ajuda e falar sobre seus sentimentos.
Recursos de apoio: A campanha deve fornecer informações claras sobre onde as pessoas podem buscar ajuda. Isso pode incluir linhas diretas de prevenção do suicídio, serviços de aconselhamento, grupos de apoio, profissionais de saúde mental e outras fontes de suporte.
Educação sobre a abordagem correta: É importante ensinar as pessoas a abordar com sensibilidade aqueles que possam estar enfrentando dificuldades emocionais. Isso envolve ouvir sem julgamento, expressar preocupação genuína e incentivar a busca de ajuda profissional quando necessário.
Uso de mídia e plataformas digitais: As campanhas modernas de conscientização muitas vezes utilizam plataformas de mídia social, blogs e vídeos online para alcançar um público amplo. Essas mídias podem ser usadas para compartilhar informações, histórias inspiradoras e recursos de suporte.
Parcerias e colaborações: Colaborar com organizações de saúde mental, instituições educacionais, profissionais de saúde e figuras públicas pode aumentar a visibilidade da campanha e aumentar seu impacto.
Eventos e ações locais: Além da presença online, eventos e atividades locais, como palestras, seminários, grupos de apoio presenciais e caminhadas de conscientização, podem envolver a comunidade de maneira mais direta.
Lembrando de que uma campanha de conscientização sobre prevenção do suicídio deve ser sensível, respeitosa e baseada em evidências. Ela deve priorizar a segurança e o bem-estar das pessoas em risco, fornecendo informações corretas e apoio adequado.
Referências bibliográficas
SETEMBRO AMARELO. Setembro Amarelo - Prevenção do Suicídio. Setembro Amarelo. Disponível em: https://www.setembroamarelo.com/. Acesso em: 29 ago. 2023.
CENTRAL DA SAÚDE. Meses coloridos: conheça as campanhas de conscientização na área da saúde. Central da Saúde. Disponível em: https://www.centraldasaude.com.br/blog/meses-coloridos-conheca-as-campanhas-de-conscientizacao-na-area-da-saude/. Acesso em: 29 ago. 2023.
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