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CAFÉ – A DROGA DA PRODUTIVIDADE

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Atualizado: 16 de mai. de 2022

Figura 1: os grãos do café. Fonte: Superinteressante.

INTRODUÇÃO

No Brasil, é consumido cerca de 20 milhões de sacas de café por ano (173 bilhões de xícaras). É um estimulante natural, por possuir a famosa cafeína, a qual é utilizada como componente de outras bebidas também, em alguns alimentos e até medicamentos como Aspirina e Dorflex.

O nosso “café de cada dia” é capaz de manter uma pessoa desperta e produtiva de 3 a 6 horas, sendo a principal fonte de energia para melhorar a produtividade no trabalho, vida universitária e afins. Símbolo do estilo de vida contemporâneo, é considerado uma droga “inofensiva”, psicoativa mais consumida do planeta. Mas até que ponto, vem a ser inofensivo?

HISTÓRIA

Por volta do séc. IX, na África, um pastor de cabras etíope percebeu que o rebanho ficava agitado depois de comer as frutas de um arbusto. Quando ele provou, viu que o efeito era procedente até mesmo nele. Esta descoberta, foi levada ao Norte da África e Oriente Médio por comerciantes árabes. No Oriente Médio, inventaram uma bebida com esses grãos, torrados da fruta. Depois, percorreu a Europa, até chegar ao Brasil.

A QUÍMICA DO CAFÉ

O café é uma bebida produzida a partir dos grãos torrados dos frutos do cafeeiro. Contém vitamina B, lipídios, aminoácidos, açúcares, uma grande variedade de minerais como potássio, cálcio.. Possui ácidos clorogênicos (os quais dão a configuração do sabor amargo ao café) e compostos fenólicos, que juntamente aos ácidos clorogênicos são agentes hepatoprotetores, hipoglicemiantes, e antivirais. Além de seu principal componente: cafeína (trimetilxantina), que impulsiona o sistema de vigília do nosso organismo, aumenta a atenção, a concentração e a memória.

Levando em conta a variação desses efeitos, há alguns fatores como: idade, peso e capacidade do fígado de processar a substância. Contudo, de acordo com o IBGE, o café possui uma maior capacidade antioxidante entre os alimentos mais consumidos no Brasil. Também, combate os radicais livres e melhora a taxa de oxigenação sanguínea.

Figura 2: a molécula da cafeína. Fonte: Aletheia.

Agora, vamos à fisiologia do CAFÉ em nosso corpo, o modo como ele age em nosso organismo, para entender melhor seus dois lados (benéfico e maléfico)

1.Na Digestão 

A cafeína gera 3 metabólitos: teobromina (vasodilatador), teofilina (expande os brônquios) e a paraxantina (acelera o metabolismo das células de gordura).

Figura 3: Funcionamento de sua digestão. Fonte: Superinteressante.

2. No Sistema Nervoso Central

Ao chegar ao cérebro, é confundido com a adenosina, um neurotransmissor que dilata os vasos e inibe a liberação de hormônios relacionados ao bem-estar (grande responsável pela sensação do sono). Então, a cafeína ocupa o lugar da adenosina, impedindo sua ação e reverte todo o processo, ou seja, estimula o cérebro, tirando o sono.

Figura 4: a cafeína no SNC. Fonte: Superinteressante.

3. Resposta Hormonal

Com isso, o corpo entende que há uma situação de alerta, e as glândulas suprarrenais liberam a adrenalina (hormônio do alerta e situações de luta e/ou fuga), fazendo com que o coração e consequentemente todo o metabolismo acelere.

Figura 5: cafeína e a resposta hormonal. Fonte: Superinteressante

MALEFÍCIOS X BENEFÍCIOS

Dentre os malefícios, o café pode causar dependência, se utilizado em doses altas e de forma contínua, e os sintomas são:

  1. Irritabilidade

  2. Ansiedade

  3. Dores de cabeça

Quando em excesso, a dose e o consumo pode desencadear um processo de:

  1. Intoxicação

  2. Incidência de stress

  3. Insônia

  4. Agitação

  5. Taquicardia

  6. Tremedeira

  7. Dilatação das pupilas

  8. Ação diurética compulsiva

  9. Pólipos (primeiro estágio do câncer no aparelho digestivo)

  10. Afecções dermatológicas

  11. Gastrite

  12. Acidificação do sangue

  13. Reduz a taxa de oxigenação dos neurônios

  14. Aumenta a Pressão arterial

  15. Elevação do colesterol

Deve-se ter muito cuidado com a cafeína na gestação, pois na vida intrauterina, pode atrapalhar o desenvolvimento cerebral do feto e representar um fator de risco para doenças como epilepsia, além de reduzir o peso do bebê. Por isso, o excesso de consumo do café pode ser um grande vilão.

Também pode causar uma elevação dos níveis de homocisteína (aminoácido que está associado a problemas no coração e demência).

Porém, dentre os benefícios, nas doses recomendadas, o café previne contra:

  1. Mal de Parkinson

  2. Depressão

  3. Diabetes

  4. Cálculos biliares

  5. Câncer de cólon

  6. Promove atenção

  7. Melhor desempenho

  8. Produtividade

  9. Melhora a memória

  10. Reduz inflamações

  11. Entre outros..

Além de estar presente em alguns medicamentos para dores de cabeça, foi comprovado que compostos fenólicos de subprodutos do café, aliviam e como já dito acima, reduzem inflamações. Estes compostos, são estruturas químicas que exercem efeitos preventivos e/ou curativos em distúrbios fisiológicos no ser humano, devido à sua ação antioxidante não enzimática. Por isso, eles modulam inflamações relacionadas a adipogênese. Além de, modular também, a disfunção mitocondrial e a resistência à insulina nos adipócitos. Em relação a resistência à insulina, esses compostos presentes no café, atuam nas vias de sinalização da insulina/ PI3K/AKT, ajudando o receptor a reconhecer a insulina e diminuir a glicemia sanguínea. Por isso, o café é um aliado também contra a diabetes tipo 2, claro, nas doses recomendadas.

A DOSE IDEAL E VALOR NUTRICIONAL (CADA 100g)

O limite de ingestão é 150 mg por kg de uma pessoa, ou seja, 3 a 4 xícaras por dia. Assim, os efeitos benéficos podem prevalecer.

Além dos efeitos já mencionados, o café possui valor nutricional (Observe a tabela abaixo).

Tabela 1: componentes nutricionais presentes no café.

CONCLUSÃO

O café é um grande aliado para nossa saúde e bem-estar, pela sua importante ação antioxidante e estimulante. Mas, em excesso, a cafeína pode levar a mal estar crônico e doenças que podem levar até mesmo ao óbito do indivíduo. Afinal, “a diferença entre o remédio e o veneno parece estar na dose”.

Por Talita Alves, Graduanda em Farmácia pela UFRJ.

Fontes Bibliográficas:

  1. PRADO, Roberta; EUGÊNIO, Eduardo; FLORÊNCIA, Luciana.. Café e Saúde na Perspectiva dos Jovens Consumidores, cáp. 17, págs. 346 – 366, SCIENCE DIRECT – ELSEVIER

  2. Food and Chemical Toxicology – Extratos de Café Aliviam Inflamação. . SCIENCE NEWS – Universidade de Illinois em Urbana- Champaign, 2019

  3. Pedro Burgos – 38 Horas Acordado à Base de Cafeína – SUPER INTERESSANTE, 2008

  4. Café Ouro Negro – Café Propriedades – 2017

  5. Diário da Saúde – Cafeína: Dose e Idade Definem entre Remédio e Veneno. 2015

  6. Dra Marcia Felipe – Viver Bem – Você sabe o que são Compostos Fenólicos? – Santa Catarina, 2019

  7. FARAH, Adriana and DONANGELO, Carmen Marino. Brazilian Journal of Plant Physiology – Phenolic Compounds in Coffee – SCIELO, Vol. 18, n. 1, pp. 23-36. 2006

  8. Consórcio Pesquisa Café – Estudo da UFRJ -Café: muito além da cafeína, 2014 – Link:http://www.consorciopesquisacafe.com.br/index.php/imprensa/noticias/436-cafe-muito-alem-da-cafeina

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