Introdução:
A nanotecnologia, é uma área da ciência que consiste na manipulação e uso de materiais em nível atômico, molecular e supramolecular como blocos de construção fundamentais para o desenvolvimento de novos produtos e para o aperfeiçoamento de produtos já existentes no mercado.
A dimensão de nanomateriais segue a escala nanométrica, onde, geralmente possuem tamanho em torno de 100 nm, podendo haver também partículas de 60-70nm ou mesmo inferiores a 50nm. Dentre as diversas aplicações destas matérias, encontramos o seu uso tanto na área eletrônica, quanto têxtil, alimentícia e inclusive no âmbito de cosméticos, constituindo assim os nanocosméticos.
Figura 1: Escala nanométrica (abaixo de 100nm) comparada ao tamanho de seres vivos (cm a metros) e estruturas biológicas (vírus, DNA, proteínas). O fio de cabelo humano (10 5nm ou 100.000 nm) é 1000 vezes maior que uma estrutura nanométrica de 100nm (nanopartículas).
Nanocosméticos:
Por definição, os nanocosmeticos são cosméticos cuja formulação contém partículas nanométricas que encapsulam o ativo de interesse (por ex, vitaminas, óleos, etc) e possuem variadas funções que vão desde servir como reservatórios para os ativos, protegendo-os da degradação do meio ambiente, controlar a profundidade de penetração do cosmético na pele e até a velocidade com que o ativo será liberado.
Seu grande diferencial está na capacidade de potencializar as propriedades físico-químicas de ativos cosméticos, seja favorecendo melhor penetração cutânea ou transportar estes até as camadas mais profundas da pele. Assim, estes produtos acabam possuindo propriedades superiores quanto ao seu desempenho quando comparados com cosméticos convencionais.
Fonte: blog.lacutanee.com.br/nanocosmeticos
Além dos benefícios citados acima, os nanocosméticos são capazes de se adaptar as variações fisiológicas da pele e modificar a solubilidade de ingredientes ativos, permitindo maior absorção, quando produzidos na forma de nanoemulsões, lipossomas e nanopartículas lipídicas e poliméricas. Tais estruturas são comumente utilizadas para cuidados com os cabelos, perfumes, maquiagens e produtos de higiene como cosméticos orais (cremes dentais e enxaguantes bucais) e desodorantes.
Devido aos benefícios, o uso e a produção de nanocosmeticos vem aumentando, fomentando ainda mais o mercado nacional de nanotecnologia voltada para a cosmética. O Brasil é um dos países, onde, os estudos com nanotecnologia tem crescido cada vez mais, principalmente em produtos destinados à aplicação na pele do rosto e do corpo, com ação antienvelhecimento e de fotoproteção.
QUAIS AS VANTAGENS DOS NANOCOSMÉTICOS?
· Cosméticos mais estáveis:
As nanopartículas podem melhorar a estabilidade de ingredientes ativos, principalmente os mais sensíveis. Assim, elas colaboram com a melhora do prazo de validade dos cosméticos. Por exemplo, a vitamina C, usada como antioxidante em cremes anti-idade, fica mais estável e mais protegida de oxidação na forma de nanopartículas ou lipossomos, o que aumenta sua estabilidade do produto.
· Protetores solares mais agradáveis:
Um protetor solar comum geralmente é feito com óxido de zinco e dióxido de titânio, os quais protegem as células da pele da radiação ultravioleta do sol. As nanopartículas ainda conseguem melhorar a solubilidade dos ativos protetores em meio aquoso, e melhoram o sensorial do produto, tornando- o mais agradável ao toque com melhor espalhamento na pele.
· Cremes Anti-Idade mais eficazes:
Os cremes antienvelhecimento convencionais não alcançam as camadas mais profundas da pele, atuando somente na superfície da epiderme. Por outro lado, cremes contendo nanopartículas são mais eficazes no preenchimento de rugas e linhas de expressão, pois eles conseguem penetrar mais profundamente na pele, colaborando com o rejuvenescimento. Geralmente, os cremes que combatem o envelhecimento usam nanopartículas ou lipossomos de vitaminas C, A, E.
· Cremes hidratantes:
A ação destes se intensifica com as nanopartículas, porque elas criam uma camada de proteção nos locais em que são aplicadas, diminuindo a perda de água na área. Assim, evita ou diminui a desidratação da pele. Dependendo da nanopartícula utilizada na formulação, os cremes hidratantes também podem ajudar a reduzir a flacidez da pele.
· Maquiagem:
Nanopigmentos são empregados para melhorar a performance dos cosméticos usados em maquiagens. Os mais comuns entre eles são o dióxido de titânio, o óxido de zinco e o óxido de alumínio. Este último, por exemplo, é empregado em corretivos e bases minerais, com o efeito de difundir a luminosidade que atinge o rosto. Assim, promove um efeito de foco suave capaz de camuflar rugas e imperfeições de relevo que só seriam corrigidas com preenchimentos ou peelings.
QUAIS SÃO OS NANOCOSMÉTICOS NO MERCADO?
São inúmeras as empresas que utilizam a nanotecnologia aplicada aos cosméticos, sendo alguns, encontrados em produtos como o Antioxidante Hidrante e Sérum Uniformizador da marca Sallve e o Anthelios Helioblock XL® da La Roche Posay, além da O’Boticário, que apresenta uma linha antienvelhecimento que possui ativos nanoencapsulados em sua composição. Outros exemplos são as nanopartículas como o Dióxido de titânio, Óxido de zinco, preto de carbono e sílica em alguns dos produtos produzidos pela Loreal.
OS NANOCOSMÉTICOS SÃO SEGUROS?
Embora os nanocosméticos apresentem muitas vantagens devidos as suas propriedades, há controvérsias sobre a utilização dos sistemas nanoestruturados, que compõem estes produtos. O motivo da preocupação, se deve à minúscula estrutura dos componentes presentes nos nanocosméticos. Isso porque, devido ao seu tamanho reduzido em relação as barreiras celulares dos seres humanos, estas estruturas são capazes de alcançar não apenas as estruturas profundas do corpo, mas também, acredita-se que alguns cheguem à corrente sanguínea, o que por sua vez, poderia levar a possíveis riscos de saúde.
Apesar das incertezas quanto as possíveis reações adversas que possam ocorrer em decorrência do uso destes produtos, sabe-se que a sua regulação bem como comercialização seguem e empregam recursos técnicos e científicos conforme estabelecidos nas RDC nº 07/2015, RDC 288/2019 e Portaria 295/98 e suas atualizações, além de seguirem as Boas Práticas de Fabricação e Controle estabelecidos por demais normas, juntamente com a execução de diferentes estudos e testes tanto in vivo quanto in vitro. Através destas metodologias empregadas, como formas de análise da segurança destes produtos, os nanocosméticos são considerados produtos confiáveis, embora ainda esteja em debate a sua total segurança, por ser uma área relativamente recente, ainda há alguns pontos para serem esclarecidos e mais bem compreendidos.
Escrito por: Thayná Cardoso (aluna de graduação em Farmácia, UFRJ)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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